27 de set. de 2013 | By: Fabrício

Holocausto

Vítimas do holocausto nazista.

Um dos acontecimentos mais chocantes revelados ao mundo ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi o genocídio cometido pelos nazistas contra judeus, negros, deficientes, ciganos, homossexuais e demais minorias consideradas "inferiores". O extermínio dos judeus, conhecido popularmente como holocausto e chamado de shoah, em hebraico, representou o ápice da intolerância, do preconceito e do racismo.

Antes mesmo da ascensão do Partido Nazista ao poder, já havia grande preconceito contra os judeus.


Mesmo durante a República de Weimar, salas de aula e livrarias estavam repletas de libelos, slogans e símbolos antissemitas. Entre 1918 e 1924, ataques isolados a grupos judeus foram registrados nos relatórios policiais. Em 1920, dois terços dos estudantes presentes na assembleia estudantil da Universidade Técnica de Hannover votaram a favor da exclusão dos estudantes de (origem) judaica da União dos Estudantes Alemães.

Em meio à crise das democracias, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães conquistava adeptos bradando inflamados discursos contra o "perigo" judaico, prometendo estabilidade da vida social alemã e restauração da Alemanha como grande potência mundial. Nessa época, o Grupo de Munique da União Central de Cidadãos Alemães do Credo Judaico se pronunciou contra o movimento, que os culpava de tudo: dos males do capitalismo, da guerra, dos sofrimentos, da revolução etc. Num brado consciente de revolta, a comunidade judaica alemã deixou seus protestos registrados em um pôster: "Recusamo-nos a ser bodes expiatórios para todas as maldades do mundo". No entanto, suas vozes foram abafadas pelos brados dos nazistas uniformizados que, no final dos anos de 1920, desfilavam pelas ruas de Berlim numa verdadeira demonstração de força.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Racismo Nazista: A era nazi e o antissemitismo. In: Jaime Pinsky; Carla Bassanezi Pinsky. (Orgs). Faces do fanatismo. São Paulo: Contexto, 2004. p. 104-5.


Ao assumirem o poder em 1933, os nazistas encontraram uma situação propícia para a disseminação do antissemitismo. Assim, a segregação de judeus e outras minorias se tornou uma política de Estado. Em 1935, as Leis de Nuremberg definiram a "pureza racial" dos alemães utilizando como critério o exame da ascendência genealógica dos indivíduos. Inicialmente os judeus foram segregados em áreas específicas, os guetos, tiveram grande parte de seus bens confiscados e foram obrigados a usar uma identificação, a estrela de Davi, para que fossem facilmente distinguidos dos alemães.

Com o início da guerra, em 1939, os judeus passaram a ser enviados para os campos de concentração e extermínio, onde aqueles que não tinham condições para o trabalho eram executados. Por volta do final de 1942, quando os alemães começaram a ser derrotados, delineou-se mais claramente uma política nazista de extermínio massivo dos judeus, quando milhares deles, de toda a Europa, foram mortos em câmaras de gás. Ao final da guerra, o número de judeus mortos foi estipulado em cerca de seis milhões.

No campo de concentração, os prisioneiros passavam por uma triagem e, depois, eram despidos e tinham os cabelos raspados. Nada de valor poderia ficar com os prisioneiros, até mesmo as próteses e equipamentos mecânicos usados pelos deficientes físicos eram confiscados. Os homens mais fortes eram mandados para campos de trabalho forçado, enquanto crianças, mulheres, idosos e doentes eram executados.

Os prisioneiros também eram submetidos a experiências médicas "científicas", servindo como cobaias humanas. Nessas experiências, eram obrigados a ingerir substâncias tóxicas e soluções contaminadas com bactérias; passavam por transplantes de órgãos; eram expostos a altas e baixas temperaturas com o objetivo de testar sua resistência; além de sofrer esterilizações, amputações e outras atrocidades.

Os campos de trabalho forçado e os campos de extermínio eram interligados por estradas de ferro. Nas proximidades dos campos, eram instaladas indústrias para aproveitar a mão de obra dos prisioneiros, que eram obrigados a trabalhar até a exaustão, sob sol ou frio intenso. Mal alimentados e doentes, tinham que suportar maus-tratos e humilhações, além de testemunhar o fuzilamento de colegas, entre outras atrocidades. As mulheres muitas vezes sofriam violência sexual antes de serem executadas.

No entanto, nem todos os alemães compactuavam com a política do Estado nazista. Embora grande parte da nação alemã aprovasse o governo nazista e a perseguição aos judeus, tendo Hitler como um verdadeiro guia e herói, a maioria desconhecia o que se passava nos campos de concentração e extermínio. Quando o regime caiu e essas práticas foram reveladas ao mundo, o povo alemão sofreu um grande trauma decorrente do sentimento de culpa.

O relato de um sobrevivente

Veja, no texto a seguir, o relato do judeu polonês Solomon Radasky, um sobrevivente do genocídio nazista que pôde reconstruir sua vida, mudando-se para os Estados Unidos em 1950, onde morreu aos 92 anos de idade.


Nasci em Varsóvia, na Polônia. Dos 78 membros de minha família, só eu sobrevivi. Meus pais e meus cinco irmãos foram mortos. minha mãe e minha irmã mais velha morreram no gueto de Varsóvia, em janeiro de 1941, quando disseram aos guardas alemães não possuírem nem peles nem joias, conforme eles haviam solicitado. [...]

Eu trabalhava em uma loja que fazia casacos de lã para o exército alemão. Depois do levante judeu no gueto de Varsóvia, em 19 de abril de 1943, fui enviado ao campo de concentração de Majdanek, perto de Lublin. Ao chegar lá, tivemos de entregar nossas roupas e nos deram camisas e calças listradas e sapatos de madeira. [...]

Quando nos chamavam para o pátio, íamos com nossos sapatos de madeira. Mas, depois que atravessávamos o portão, tínhamos que tirá-los e seguir descalços. Havia pedrinhas no caminho que cortavam nossos pés. Trabalhávamos limpando terrenos. Depois de alguns dias, muitos não aguentavam e caíam na estrada. Se não se levantassem, eram assassinados a tiros ali mesmo. nós tínhamos que carregar os corpos de volta. Se mil tinham saído para trabalhar, mil tinham que voltar.

Solomon Radasky. Fui o único da minha família a sobreviver. Almanaque Abril: II Guerra Mundial: 60 anos. São Paulo: Abril, v. 2, 2005. p. 44. Edição especial: O mundo sob Hitler.

O Revisionismo

Logo após a condenação dos chefes nazistas, surgiram várias versões sobre o holocausto que, se não negavam, pelo menos procuravam reduzir a amplitude do crime cometido contra os judeus. Os autores dessas versões são chamados de revisionistas e, em alguns casos, de negacionistas. Eles costumam ser acusados, principalmente pela comunidade judaica, de serem antissemitas e simpatizantes do neonazismo.

Atualmente, em alguns países, é crime negar ou colocar a realidade histórica do holocausto em dúvida. Na Alemanha, a pena é de cinco anos de prisão, enquanto na Áustria a pena pode chegar a vinte anos. Assim, criou-se um polêmica que está longe de ser resolvida: de uma lado, os revisionistas pedem liberdade de expressão; do outro, agrupam-se os que defendem a criminalização do revisionismo sobre o holocausto como forma de evitar o ressurgimento dos ideais neonazistas.

Na Europa, em países como Alemanha e Áustria, o ressurgimento de admiradores de Hitler, conhecidos como neonazistas, vem assustando a comunidade judaica internacional. 

ASSISTA AO DOCUMENTÁRIO:

Holocausto - A Execução do Mal, 2011.

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