19 de out. de 2014 | By: Fabrício

Privatizações: a Distopia do Capital (2014)


O novo filme de Silvio Tendler ilumina e esclarece a lógica da política em tempos marcados pelo crescente desmonte do Estado brasileiro. A visão do Estado mínimo; a venda de ativos públicos ao setor privado; o ônus decorrente das políticas de desestatização traduzidos em fatos e imagens que emocionam e se constituem em uma verdadeira aula sobre a história recente do Brasil. Assim é Privatizações: a Distopia do Capital. Realização do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), com o apoio da CUT Nacional, o filme traz a assinatura da produtora Caliban e a força da filmografia de um dos mais respeitados nomes do cinema brasileiro.

Em 56 minutos de projeção, intelectuais, políticos, técnicos e educadores traçam, desde a era Vargas, o percurso de sentimentos e momentos dramáticos da vida nacional. A perspectiva da produtora e dos realizadores é promover o debate em todas as regiões do país como forma de avançar “na construção da consciência política e denunciar as verdades que se escondem por trás dos discursos hegemônicos”, afirma Silvio Tendler.

Vale registrar, ainda, o fato dos patrocinadores deste trabalho, fruto de ampla pesquisa, serem as entidades de classe dos engenheiros. Movido pelo permanente combate à perda da soberania em espaços estratégicos da economia, o movimento sindical tem a clareza de que “o processo de privatizações da década de 90 é a negação das premissas do projeto de desenvolvimento que sempre defendemos”.


7 de set. de 2014 | By: Fabrício

Banda paulistana faz heavy metal baseado na história do Brasil

“Este álbum é sobre nossa cultura, lendas e capítulos verdadeiros de nossa história. Episódios que não devem ser esquecidos.”

Essa é a mensagem, só que escrita em inglês, na contracapa do primeiro disco da banda paulistana de metal independente Armahda, lançado em dezembro de 2013.

O grupo faz rock inspirado no passado do Brasil. Nas 13 faixas, a voz de Maurício Guimarães, 31, acompanha a guitarra de Renato Domingos, 36, em versos bate-cabeça sobre a rainha Maria 1ª (“Queen Mary Insane”), Guerra Guaranítica (“Echoes from the River”), lendas (“Matinta” e “Uiara”) e mais.


“A gente sempre gostou do tema e quer que as pessoas se interessem”, explica o vocalista e engenheiro ambiental. “Tem banda que já faz músicas sobre o folclore e tal, mas sobre conflitos não tem muita”, completa o publicitário e guitarrista.
A maioria das faixas é cantada em inglês. “Quem curte metal escuta muita coisa gringa, é costume”, diz Renato.

A exceção é “Paiol em Chamas”, que trata, em português, das explosões, em 1958, de armazéns do depósito central de armamento do Exército, localizado no bairro Deodoro, no Rio. “Soou bem e foi bem recebida. Nos próximos trabalhos vamos apostar mais nisso”, promete Maurício, neto de um militar envolvido no episódio.

Há ainda um trecho em idioma pátrio na música que dá nome à banda, e ao disco, e fala sobre a Revolta Armada, em 1893. Representando a fala do marechal Floriano Peixoto, a voz é do santista Sílvio Navas. “O cara que dublou o Mumm-Ra!”, empolga-se o vocalista, referindo-se ao personagem do desenho animado “Thundercats”.

Idealizadores do Armahda, Mauríco e Renato se conheceram no começo dos anos 2000. Desde então, contam, têm a ideia do projeto de metal histórico. “De uns anos para cá, começamos a compor e a colocar em prática”,diz Renato. O resultado foi a gravação do CD, que contou com ajuda de outros músicos.

O grupo já veiculava, em seu canal no YouTube, filmetes com as letras das canções. Cada vídeo é acompanhado de um resumo do contexto histórico do tema da música em questão – eles até debatem com internautas nos comentários.

A pesquisa envolve livros de Laurentino Gomes (“1808″, “1822” e “1889”), teses e documentos no acervo da Biblioteca Nacional. “A gente toma cuidado com a bibliografia, para não falar besteira”, conta Maurício.

Outras preocupações são não politizar muito (“é uma linha tênue, o importante é levantar a discussão”); não serem taxados de “monarquistas”, como já aconteceu; nem virarem ídolos de nacionalistas radicais –”é perigoso, nunca foi nem é a ideia”.

Nos últimos meses, os dois amigos reativaram contatos para completar a banda, que faz sua primeira apresentação oficial às 19h deste domingo (7) no Carioca Club (zona oeste de SP).

Com Ale Dantas, 40, na segunda guitarra, Paulo Chopps, 32, no baixo e João Guilherme Pires, 29, na bateria, o Armahda abre o show do grupo sueco Sabaton, que segue a linha temática histórica – sua música “Smoking Snakes” homenageia soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira).

“Um fã brasileiro do Sabaton mandou nosso som pra eles, que nos indicaram para a produção aqui no Brasil”, relata Renato. “Por uma ironia a gente vai tocar no dia da Independência”, ressalva Maurício. “Estamos aí para cutucar as feridas da República.”

Para o bem de todos e a felicidade geral da nação, diga ao povo que grite. Alto.


Música: Armahda.

A música trata da Revolta da Armada, que foi um movimento de rebelião ocorrido em 1893 liderado por algumas unidades da Marinha Brasileira contra o governo do presidente Floriano Peixoto.


Fonte: UOL.

4 de set. de 2014 | By: Fabrício

Grécia antiga online


O site do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca) disponibiliza uma grande variedade de materiais sobre as antigas pólis e a sociedade grega da Antiguidade. Vinculado ao Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, o laboratório reúne diversos estudiosos do tema.

No site, é possível encontrar imagens, vídeos, mapas, textos e outros materiais sobre o mundo grego antigo. As imagens são especialmente interessantes por alargarem as visões comuns que temos desse espaço urbano. Já os textos tratam de diversos aspectos da sociedade grega.

Em sala de aula, pode-se explorar a visualidade do material para discutir o espaço urbano entre os gregos. Isso possibilita que o aluno tenha uma visão mais clara das especificidades do mundo urbano que os gregos construíram na Antiguidade.

Para acessar o site, visite: http://labeca.mae.usp.br/pt-br/
22 de jul. de 2014 | By: Fabrício

SOBRENOMES: Primeiros documentos com nome completo datam do século XIV


Os chineses adotaram nomes familiares por volta de 2800 a.C. para facilitar a realização de um censo, mas foi só após a Idade Média que os sobrenomes começaram a ser utilizados no Ocidente. Até então, eram privilégios dos nobres e dos mais ricos. Na Turquia, por exemplo, só foram oficialmente adotados em 1933. Na Europa, a palavra sobrenome começou a aparecer em documentos oficiais a partir de 1370. Antes, as pessoas forneciam apenas o primeiro nome e o local de nascimento para os registros.

A prática existia desde a Antiguidade, em Roma. Os cognomina surgiram para diferenciar indivíduos dentro de um mesmo clã ou família maior, derivados, originalmente, de apelidos que faziam referência a alguma característica marcante. César, por exemplo, significava “cabeludo”. Os apelidos começaram a ser transmitidos entre gerações, como sobrenomes, mas a prática caiu em desuso com a queda do império.

O uso dos sobrenomes se tornou necessário quando a população mundial começou a aumentar. Em 1100, a aristocracia veneziana já tinha adotado o segundo nome e o costume foi difundido por outros países europeus. Os nomes faziam referência às profissões, origens, ou características. No fim do século XII, ter apenas um nome era considerado vulgar.

Mas até cerca de 1450, os nomes não eram fixos nem hereditários. O costume de relacionar o sobrenome com o pai fazia com que mudassem a cada geração: o filho de Peter era Petersson, mas seu filho podia ser Johansson. Das mulheres, era esperado que adotassem a linhagem do marido. No Brasil, foi assim até 1976, quando a lei do divórcio tornou o costume opcional.

FONTE: Revista Aventura na História.
9 de jul. de 2014 | By: Fabrício

Quem paga a conta?


É inegável que a Copa do Mundo é um dos maiores eventos esportivos do planeta, milhões de pessoas acompanham espalhadas por todo mundo.  Através do futebol podemos nos confraternizar com outras pessoas de países diferentes e de cultura distinta da nossa.

Mas observando o sentido do mundial futebolístico no Brasil, é difícil para o senso comum, apresentar uma leitura crítica sobre os reais impactos que esse megaevento trouxe para o país. A Cultura simbólica de que o Brasil é o país do futebol, é uma imagem afirmativa que tenta aliviar as expressões das desigualdades. Em nosso país, faz parte do cotidiano viver o futebol, seja nos campinhos dos bairros, nas ruas da periferia, nas quadras  ou na opção por torcer por um time estadual.

Entretanto, nada mais significativo para o imaginário do brasileiro do que a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. E neste sentido é importante deixar claro que não sou e nunca fui contrário a Copa do Mundo. Seria hipocrisia, porque somos parte deste imaginário cultural. Porém, sempre fui contra ao modelo de cidade corporativa, estruturado em função dos megaeventos como a Copa e as Olimpíadas de 2016, sobretudo com o uso de direito público e isenção total de impostos concedido à FIFA pelo governo federal. Além disso, o Brasil nunca esteve preparado para receber eventos dessa magnitude, apesar da grande mídia afirmar que esta Copa está sendo a “Copa das Copas”.

Fico me perguntando, onde está o então legado que era para ser deixado a toda sociedade brasileira em termos de infraestrutura? Pois o que vi foram arenas sendo construídas e/ou reformadas às pressas com um volume enorme de dinheiro público para receber tal evento. Mas afinal, passada a Copa o que vamos fazer com os estádios de Manaus (Arena da Amazônia), de Brasília (Mané Garrincha) e de Cuiabá (Arena Pantanal)? A resposta é obvia, irão se tornar verdadeiros “elefantes brancos”. Com relação as demais arenas, foram construídas e reformadas com o dinheiro do contribuinte e entregue a administração privada. Só no Brasil mesmo...


Como se não bastassem os gastos vultosos (na ordem de R$ 28 bilhões, mais do que as duas últimas Copas somadas), a corrupção como sempre, perpetuou em nosso país; e como todos nós brasileiros estamos acostumados, ninguém é punido por cometer tal crime. A sensação que sinto como cidadão brasileiro é de que ser corrupto no Brasil compensa e que já se tornou um crime banal. É em virtude dessa conjuntura que se configurou que desde o início da Copa resolvi não torcer pelo Brasil.

Torço sim pelo meu país, mas para que ele tenha uma Educação, Segurança e Saúde de qualidade e que não se invista apenas no futebol, mas sim em outros esportes, como o vôlei, o atletismo, a natação entre outros, para assim nos tornarmos grandes potências em outras modalidade e não ficarmos restritos apenas ao futebol. Não dá para aceitarmos que perdure por mais tempo a política do “pão e circo” de nosso governo federal. Foi o que os protestos de junho de 2013 nos mostrou, pois mais uma vez como sempre é sabido, no final, é o povo brasileiro que vai pagar os gastos exorbitantes que foram “investidos” no evento.


A Copa está acontecendo, e ninguém precisa se sentir culpado em aproveitar os jogos. Ainda assim, a concentração de grandes eventos num curto espaço de tempo e a forte reação de manifestantes contra seus excessivos gastos fizeram com que o Brasil perdesse a inocência. No final disso tudo, mesmo se a nossa seleção tivesse levantado a taça, seria difícil disfarçar o sorriso amarelo da consciência de que todos perdemos alguma coisa. Afinal, se o Brasil tivesse se consagrado campeão dessa Copa, todos os nossos problemas teriam sido camuflados pela sensação de vitória.

É hora de reflexão, e sabermos discernir o que é prioridade em nosso país, sobretudo em ano de eleição. Não dá para sermos complacentes com a política que vem sendo imposta à nós brasileiros, temos que nos conscientizar e percebermos que existem outros assuntos mais importantes dentro da esfera pública que merecem ser discutidos. Deixemos nosso estado de letargia e saibamos que um país não se constrói com investimento apenas em futebol. Se quisermos de fato fazer com que o Brasil se torne melhor e menos desigual é necessário que se invista em EDUCAÇÃO para que possamos constituir uma nação crítica e consciente. Isso é mais do que óbvio, entretanto, convém aos nossos legisladores que grande parte de nossa população continue sem uma boa formação de qualidade porque os convém. 

Até que esse sonho de um país mais igualitário e melhor não se concretize, paguemos os rombos de nossos cofres públicos investido nos estádios para a Copa e que possamos colocar nas urnas nossa indignação e cobrarmos (como fizemos em junho/2013) os nossos governantes que se dizem "representantes do povo". 


ACESSE:

  • Reportagem do jornal Folha de S. Paulo comparando os gastos da Copa com o que é investido em Educação no país: 
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/05/1458720-custo-da-copa-equivale-a-um-mes-de-gastos-com-educacao.shtml


  • O Mundial e as despesas do governo: 
http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2014/05/82605-o-mundial-e-as-despesas-do-governo.shtml


1 de jul. de 2014 | By: Fabrício

Lei Áurea e o fim da escravidão no Brasil

Como poderia ter sido um jornal do dia 14 maio de 1888?


O site do “Jornal do Senado” tem um encarte especial sobre a Lei Áurea e o fim da escravidão no Brasil. O material tem oito páginas e foi elaborado como se fosse um jornal publicado no dia seguinte ao da assinatura da lei. Os textos e as imagens fornecem muitas informações sobre o processo de abolição da escravidão no Brasil. 
Para saber mais, visite o site: http://goo.gl/IypOju.

Livraria abre espaço para aficionados em guerra

Os aficionados e estudiosos da Segunda Guerra Mundial e do universo militar, agora têm um espaço para discussão e troca de ideias. O Centro de História Overlord (CHO), aberto em maio na Vila Romana, zona oeste São Paulo, é formado por uma livraria especializada no tema, acervo com objetos da Segunda Guerra e de outros conflitos militares, e espaço para exposição e cursos, todos voltados ao universo do militarismo.

Objetos da Segunda Guerra Mundial e de outros conflitos estão expostos no Centro Histórico Overlord.

A proposta do Centro Histórico Overlord - nome da operação conhecida como o Dia D - é ser uma livraria especializada em literatura militar. Atualmente possuí 600 títulos entre livros e revistas. Nela se encontra vasta literatura, nacional e importada, a respeito das duas grandes guerra mundiais, da Força Expedicionária Brasileira (FEB), aviação, política externa, e de outros conflitos da história contemporânea, além de outros objetos. O acervo é composta por uniformes e outros objetos militares, alguns deles originais.
Ao entrar no CHO as paredes possuem cor que remetem ao ambiente militar e ao subir as escadas que levam a sala principal, estão expostos quadros, imagens de época, adereços e bandeiras, emblemas militares, tudo embalado com uma seleção musical composta por clássicos da década de 40 e trilha sonora de filmes de guerra. Segundo o idealizador do centro, o historiador Cesar Campiani Maximiano, o objetivo é criar um ambiente que transmita a sensação de se estar em um local em que combatentes de guerra frequentavam. 

O criador do centro, Cesar Maximiano, largou a vida acadêmica para se dedicar ao CHO.

Maximiniano cresceu nos anos 1970 onde o assunto segunda guerra ainda era um tema fresco e teve interesse em entender esse momento tão drástico nos conflitos internacionais. Acabou se envolvendo e optando pelo estudo da história como profissão. Doutor em história, escreveu três livros, um deles sobre a FEB. Seguiu carreira acadêmica, mas abriu mão para dedicar-se exclusivamente ao CHO.
Detalhes de objetos da 2ª Guerra.

As atividades do CHO estão se expandindo. Em 19 de julho será realizado o primeiro encontro de reencenadores, quando os aficionados se encontrarão vestidos com os uniformes militares idênticos aos usados na Segunda Guerra Militar. O evento contará também com um almoço temático onde será servido uma refeição consumida pelos soldados em dias de folga.

FONTE: Estadão.
24 de jun. de 2014 | By: Fabrício

Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições das mulheres negras no Brasil


A publicação debate questões relevantes sobre as condições de vida das negras brasileiras, como: a situação educacional, a inserção no mercado de trabalho, o acesso a bens duráveis e às tecnologias digitais, a condição de pobreza e a vivência de situações de violência.

Download disponível em: http://goo.gl/cteuhq
20 de jun. de 2014 | By: Fabrício

Sabaton – Smoking Snakes


A banda sueca de heavy metal Sabaton, criada em 1999 e comandada pelo vocalista Joakim Brodén, acabou de lançar seu sétimo álbum, "Heroes". E a terceira faixa chama-se "Smoking Snakes", música cuja letra homenageia os soldados brasileiros que combateram na Segunda Guerra Mundial - com direito a refrão em português! A banda tradicionalmente explora temas baseados em guerras e batalhas históricas, com bastante conteúdo referente às duas guerras mundiais. Com "Heroes", a banda revelou dez composições baseadas exclusivamente na Segunda Guerra.

Capa do álbum "Heroes", da banda sueca Sabaton. 

A faixa intitulada "Smoking Snakes", ou "os cobras fumantes", faz alusão ao símbolo da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que era o de uma cobra fumando um cachimbo (ver ilustração abaixo).


A música refere-se a três soldados do 11º Regimento de Infantaria que se desgarraram e se viram dentro das linhas inimigas, tendo combatido até a morte, recusando-se a se renderem: Geraldo Baeta da Cruz, Arlindo Lúcio da Silva e Geraldo Rodrigues de Souza.

Exposição virtual sobre a Segunda Guerra Mundial

O Arquivo Público do Estado de São Paulo lançou a exposição virtual “Segunda Guerra Mundial em Revista”. Utilizando artigos de revistas, jornais e alguns documentos do período, a exposição aborda o conflito, traça um panorama da participação brasileira nos combates, bem como o impacto que a guerra teve na sociedade.
Composta de cinco ambientes, a exposição utiliza artigos de revistas da época, como a “Hoje”, “Economia”, “Em Guarda" e “A Guerra Ilustrada”. Também conta com discursos de Getúlio Vargas, prontuários do Deops de judeus perseguidos. Traz ainda atividades pedagógicas, links sobre o tema e bibliografia para expandir a consulta.
Em sala de aula, a exposição fornece uma análise da guerra a partir de documentos do período, o que possibilita uma abordagem que não se limita apenas a destacar os fatos principais que envolveram o Brasil no conflito, mas que abre caminho para reflexões mais aprofundadas e detalhadas. Além disso, é um meio de propor atividades de leitura e reflexão sobre o tema.
12 de jun. de 2014 | By: Fabrício

Veja 10 presentes e histórias de amor ao longo da História

Conheça dez casais que acreditaram no sentimento e construíram enredos que marcaram a civilização; seja por sacrifícios, homenagens, obras ou presentes, esses namorados mostraram que o amor pode, sim, fazer história.

Óleo sobre tela de 1870 de Ford Madox Brown, retratando a famosa cena do terraço de Romeu e Julieta.

ROMEU E JULIETA - Provavelmente a história de amor mais famosa de todos os tempos, a tragédia escrita pelo inglês William Shakespeare conta a história de jovens que se apaixonaram perdidamente, mas tiveram a infelicidade de fazer parte de dois clãs inimigos, os Capuletos e os Montéquios, na comuna italiana de Verona. Para não viverem separados, o casal preferiu a morte. Em Verona, existe o muro do amor, onde teria morado Julieta. Lá, os apaixonados deixam cartas e bilhetes com declarações.


TAJ MAHAL - Conta-se que Shah Jahan, imperador do Império Mongol, apaixonou-se por Mumtaz Mahal na primeira vez em que se encontraram. Casaram e tiveram 14 filhos. Ela, porém, morreu após o parto do último filho. Shah Jahan ficou absolutamente inconsolável e ordenou a construção de um mausoléu em forma de palácio, onde sua amada pudesse descansar eternamente. Estava criado o lendário Taj Mahal, que é considerada a maior prova de amor do mundo.


PÁRIS E HELENA DE TROIA - Helena, filha de Zeus, e esposa do Rei Menelau de Esparta, era considerada pelos deuses a mortal mais bela do mundo. O príncipe troiano Páris encantou-se por ela e convenceu-a a fugir com ele. Menelau preparou uma expedição para recuperar sua esposa, também com interesses econômicos, eclodindo a tão famosa Guerra de Troia, que durou 10 anos. (pintura de Jacques-Louis David, 1788).


CLEÓPATRA E MARCO ANTÔNIO - A romântica, violenta e trágica história de amor de Cleópatra e Marco Antônio sempre fascinou os apaixonados, e atrai visitantes ao Egito em busca de detalhes de sua trajetória: do início da fulminante paixão dos dois logo após o assassinato de César, amante de Cleópatra à interferência do ambicioso Otávio (que queria destronar Marco Antônio e acabar com o romance), até a fatídica morte de Cleópatra, ao deixar-se picar por uma cobra venenosa, seguido pelo suicídio de Marco Antônio.


PETIT TRIANON - O 'Petit Trianon' é um pequeno castelo que se encontra dentro do Palácio de Versailles, perto de Paris. Em 1760, o Rei Luís XV mandou construir o palácio em homenagem à sua amante favorita, Madame de Pompadour. Infelizmente, ela morreu antes do castelo estar completo e por isso quem ocupou o castelo foi a Madame de Barry, a segunda companheira do Rei.


BONNIE E CLYDE - O jovem casal de amantes eram verdadeiros parceiros no crime. Viajaram pelo interior dos Estados Unidos durante no início da década de 1930, cometendo assaltos e deixando policiais e civis mortos. Bonnie era garçonete quando conheceu Clyde, um homem procurado pela polícia norte-americana. Decidiu largar tudo e acompanhá-lo nos crimes. Quando detidos, foram mortos. Eles queriam ser enterrados juntos, mas a família de Bonnie não permitiu. Em 1967, Hollywood lançou um filme em homenagem ao casal.


RAQUEL E JACÓ - A Igreja Católica não fala sobre o amor entre casais até narrar a história de Raquel e Jacó. Jacó, apaixonado por Raquel, a filha mais nova de Labão, prometeu a este os seus serviços por sete anos. Labão aceitou a proposta e prometeu dar a Jacó a mão de sua filha após o tempo acordado. No entanto, depois de sete anos, Labão deu a mão de Lea, sua filha mais velha. Ao ser contestado, o pai avisou que a mais velha deveria se casar primeiro. Logo, Jacó trabalhou por mais sete anos e casou-se, enfim, com sua amada. Camões fez um poema em homenagem ao casal que possui um verso famoso: "Para tão longo amor tão curta a vida!"


NAPOLEÃO E JOSEFINA - No campo de batalhas, Napoleão Bonaparte enviava cartas apaixonadas para Josefina de Beauharnais, sua primeira mulher. As cartas de Napoleão são consideradas parte da literatura mundial. No entanto, ele suspeitou que estava sendo traído e passou a se envolver com outras mulheres. Mesmo assim, seguiram unidos. Entretanto, quando ele soube que ela não poderia lhe dar herdeiros, o casal achou melhor encarar a separação, para que o rei pudesse ter um herdeiro. Mesmo apesar do relacionamento conturbado, as últimas palavras do líder foram "França, exército, Josefina".


D. PEDRO I E INÊS DE CASTRO - A formosa Inês de Castro, amor de D. Pedro, foi executada em 1355, por ordens do até então rei de Portugal, D. Afonso IV. Quando assumiu o trono, D. Pedro mandou que fossem construídos dois imensos túmulos de mármore e que eles fossem colocados de frente um para o outro. Em um dos túmulos, jazia o corpo de Inês de Castro. No outro, D. Pedro foi enterrado quando morreu. Os túmulos podem ser vistos até hoje no Mosteiro de Alcobaça. Para Pedro, quando ele e Inês acordarem do 'sono da morte', vão se levantar dos túmulos e encarar um ao outro.


CASTELO DE BOLDT - Em 1900, o milionário George C. Boldt começou a construir para a sua esposa, Louise, um castelo na beira da Ilha do Amor, em Nova Iorque. Em 1904, Loiuse morreu repentinamente e George abandonou a obra. Somente em 1977 o castelo foi reabilitado e restaurado. Hoje, é um ponto turístico e serve como destino para os mais românticos casais.
27 de mai. de 2014 | By: Fabrício

25 curiosidades sobre a escravidão que você não sabia

"Fuga de escravos", óleo sobre tela de François August Biard (1859).

- Os primeiros navios negreiros foram trazidos pelo português Martim Afonso de Sousa, em 1532. A contabilidade oficial estima que, entre essa data e 1850, algo como 5 milhões de escravos negros entraram no Brasil. Porém, alguns historiadores calculam que pode ter sido o dobro.
- Os navios negreiros que traziam os escravos da África até o Brasil eram chamados de tumbeiros, devido à morte de milhares de africanos durante a travessia. Estas mortes ocorriam devido aos maus-tratos sofridos pelos escravos, pelas más condições de higiene e por doenças causas pela falta de vitaminas, como no caso do escorbuto.
- É possível traçar a origem dos escravos em três grandes grupos: os da região do atual Sudão, em que os iorubás, também chamados nagôs, predominam; os3 que vieram das tribos do norte da Nigéria, a maioria muçulmanos, chamados de malês ou alufás; e o grupo dos bantos, capturados nas colônias portuguesas de Angola e Moçambique.
- Quando chegava ao Brasil, o africano era chamado de “peça” e vendido em leilões públicos, como uma boa mercadoria: lustravam seus dentes, raspavam os seus cabelos, aplicavam óleos para esconder doenças do corpo e fazer a pele brilhar, assim como eram engordados para garantir um bom preço.
- Um escravo valia mais quando era homem e adulto. Um escravo era considerado adulto quando tinha entre 12 e 30 anos. Eles trabalhavam em média das 6 horas da manhã às 10 da noite, quase sem descanso, e amadureciam muito rápido. Com 35 anos, já tinham cabelos brancos e bocas desdentadas.
- Os cativos recebiam, uma vez por dia, apenas um caldo ralo de feijão. Para enriquecer um pouco a mistura, eles aproveitavam as partes do porco que os senhores desprezavam: língua, rabo, pés e orelhas. Foi assim que, de acordo com a tradição, surgiu a feijoada.
- A Festa de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira dos escravos do Brasil colonial, foi realizada pela primeira vez em Olinda (PE), no ano de 1645. A santa já era cultuada na África, levada pelos portugueses como forma de cristianizar os negros. Eles eram batizados quando saíam da África ou quando chegavam ao Brasil.
- Na cidade de Serro (MG), acontece a maior de todas as festas em homenagem a santa, em julho, desde 1720. De acordo com a lenda, um dia Nossa Senhora do Rosário saiu do mar. Ao ser chamada por índios, não se mexeu. O mesmo aconteceu com marinheiros brancos. A santa só atendeu aos escravos, que tocaram bem forte os seus tambores.
- Crianças brancas e negras andavam nuas e brincavam até os 5 ou 6 anos anos de idade. Tinham os mesmos jogos, baseados em personagens fantásticos do folclore africano. Mas aos 7 anos, a criança negra enfrentava sua condição e precisava começar a trabalhar.
- Cada senhor de engenho tinha autorização para importar 120 escravos por ano da África. E havia uma lei que estipulava em 50 o número máximo de chibatadas que um escravo podia levar por dia.
- A cozinha era muito valorizada na casa-grande. Conquistaram o gosto dos europeus e brasileiros os pratos de origem africana, como vatapá e caruru, comuns na mesa patriarcal nordestina. A cozinha ficava num anexo da casa, separada dos cômodos principais por depósitos ou áreas internas.
- Normalmente, divisões internas da senzala separavam homens e mulheres. Mas, algumas vezes, era permitido aos poucos casais aceitos pelo senhor morarem em barracos separados, de pau-a-pique, cobertos com folhas de bananeira.
- Aos domingos, os escravos tinham direito de cultivar mandioca e hortaliças para consumo próprio. Podiam, inclusive, vender o excedente na cidade. A medida combatia a fome do campo, pois a monocultura de exportação não dava espaço a produtos de subsistência.
- Quando a noite caia, o som dos batuques e dos passos de dança dominava a senzala. As festas e outras manifestações culturais eram admitidas, pois a maioria dos senhores acreditava que isso diminuia as chances de revolta.
- Com a expansão das cidades, multiplicam-se escravos urbanos em ofícios especializados, como pedreiros, vendedores de galinhas, barbeiros e rendeiras. Os carregadores zanzam de um lado a outro, levando baús, barris, móveis e, claro, brancos.
- Escravos de Ganho eram escravos que tinha permissão de vender ou prestar serviços na rua. Em troca, ele deveria dar uma porcentagem dos ganhos a seu dono.
- Em algumas regiões, os escravos africanos eram divididos em três categorias: o “boçal”, que recusava falar o português, resistindo à cultura europeia; o “ladino”, que falava o português; e o “crioulo”, o escravo que nascia no Brasil. Geralmente, ladinos e crioulos recebiam melhor tratamento, trabalhos mais brandos e perspectiva de ascenção social.
- Os negros nunca tiveram uma atitude passiva diante da escravidão. Muitos quebravam ferramentas de trabalho e colocavam fogo nas senzalas. Outros cometiam suicídio, muitas vezes comendo terra. Outros, ainda, entregavam-se ao banzo, grande tristeza que podia levar à morte por inanição. A forma comum de rebeldia, no entanto, era a fuga.
- Segundo alguns historiadores, a capoeira nasceu de um ritual angolano chamado n’golo (dança da zebra), uma competição que os rapazes das aldeias faziam para ver quem ficaria com a moça que atingisse a idade para casar. Com o tempo, a prática se transformou em exibição de habilidade e destreza.
- A palavra capoeira não é de origem africana. Ela vem do tupi (kapu’era). Trazida para o Brasil por intermédio dos navios negreiros, a capoeira foi desenvolvida nos quilombos pernambucanos do século XVI. As características de luta e dança adquiridas no país podem classificá-la como uma manifestação cultural genuinamente brasileira.
- O berimbau é um instrumento de percussão trazido da África (mbirimbau). Ele só entrou na história da capoeira no século XX. Antes, o instrumento era usado pelos vendedores ambulantes para atrair os clientes. O arco vem do caule de um arbusto chamado biriba, comum no Nordeste, que é fácil de envergar.

- Até a abolição da escravatura, a lei punia os praticantes de capoeira com penas de até 300 açoites e o calabouço. De 1889 a 1937, a capoeira era crime previsto pelo Código Penal. Uma simples demonstração dava seis meses de cadeia. Em 1937, o presidente Getúlio Vargas foi ver uma exibição, gostou e acabou com a proibição.

- Após a independência de Portugal, em 1822, uma das primeiras medidas do governo foi proibir que alunos negros frequentassem as mesmas escolas que os brancos. Um dos motivos apontados é que temiam eles pudessem transmitir doenças contagiosas.

- O movimento abolicionista tinha mais de 60 anos quando a Lei Áurea foi assinada, em 1888. Mobilizava muitos intelectuais da época, como escritores, políticos, juristas, e também a população de uma forma geral.

- Em 1823, D. Pedro I chegou a redigir um documento defendendo o fim da escravidão no Brasil, mas a libertação só ocorreu 65 anos depois.
18 de mai. de 2014 | By: Fabrício

Jongos, Calangos e Folias. Música Negra, Memória e Poesia

O filme Jongos, Calangos e Folias: Música Negra, memória e poesia é um documentário historiográfico constituído a partir do acervo UFF Petrobrás Cultural Memória e Música Negra. Destina-se também a finalidades didáticas, no âmbito das Diretrizas Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, publicadas em 2004. A historia dos jongos, calangos e folias, como patrimônios culturais, é apresentada de forma associada à historia social dos grupos que lhe dão suporte. O filme coloca em destaque o papel da poesia negra em todas as três manifestações culturais e seu papel na legitimação política das comunidades remanescentes de quilombo do estado do Rio de Janeiro.

A primeira parte do filme refere-se ao litoral do estado, sul e norte, ponto de desembarque do últimos africanos chegados como escravos no Brasil, e apresenta as comunidades quilombolas do Bracuí, em Angra dos Reis, e Rasa, em Búzios. A segunda parte sobe a Serra do Mar, chega ao Vale do Paraíba, o velho vale do café no século XIX, para onde se dirigiu a maioria dos recém chegados. Alí são entrevistados representantes das comunidades de Barra do Piraí, Quilombo São José da Serra e Duas Barras. A terceira e última parte, desce a serra, e atinge a Baixada Fluminense, especialmente Nova Iguaçu, Mesquita, Duque de Caxias e São João do Meriti, para onde muitos dos descendentes dos últimos escravos se dirigiram, em diferentes momentos do século XX, na busca por melhores oportunidades de trabalho. Em todas as regiões apresentam-se as relações entre os jongos, calangos e folias de reis, como patrimônios familiares, com destaque para a poesia e os desafios presentes nestas manifestações.

O resultado é o DVD "Jongos, Calangos e Folias: música negra, memória e poesia". Dirigido por Martha Abreu e Hebe Mattos, o filme tem edição de Isabel Castro e fotografia de Guilherme Fernandez. A pesquisa para o filme, com mais de 180 horas de gravação, foi desenvolvida ao longo de 2006 e 2007, e contou com uma equipe grande formada por mestrandos, doutores e muitos alunos de iniciação científica, que entrevistaram diversos grupos do Estado do Rio de Janeiro, descendentes da última geração de africanos e escravos.

Memórias do Cativeiro

Com direção acadêmica de Hebe Mattos e Martha Abreu, professoras da Universidade Federal Fluminense (UFF), o documentário “Memórias do Cativeiro”, de 2005, foi produzido a partir do livro homônimo, cujas autoras são Hebe Mattos e Ana Lugão Rios. Simples e eficaz no que se propõe a fazer, o filme é formado por depoimentos de descendentes de escravos que fazem parte do acervo do Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da UFF. São relatos de pessoas que conviveram com parentes que sofreram os horrores de um tempo no qual a liberdade inexistia: o tempo da escravidão. Simples e eficaz no que se propõe a fazer, o filme é formado por depoimentos de descendentes de escravos que fazem parte do acervo do Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da UFF. São relatos de pessoas que conviveram com parentes que sofreram os horrores de um tempo no qual a liberdade inexistia: o tempo da escravidão. 

A obra começa com a fala de Manoel Seabra, 85 anos, morador de São José da Serra, Rio de Janeiro. Ele, assim como os outros depoentes, conta a história de seus antepassados africanos, escravizados em terras brasileiras. São narrativas contadas com um misto de indignação e orgulho, com destaque para as informações que estamos acostumados a encontrar somente nos livros: os castigos que os negros sofriam; a função dos mercadores de escravos; a influência dos aspectos físicos nos valor de cada um deles; a revolta que eles promoviam contra a opressão senhorial etc. As lembranças, registradas em entrevistas filmadas ou só em áudio, são combinadas com imagens pertinentes ao tema que cumprem a função de fornecer um reconhecimento maior da época e do contexto tratado. 

Além de discorrerem sobre os difíceis tempos de seus parentes escravos, os descendentes tratam também de um tempo vivido por eles mesmos. Ressaltam que as dificuldades não terminaram com a promulgação da Lei Áurea, em 1888, visto que os negros continuaram vivendo à margem, sendo desprezados pela sociedade, em especial pelos patrões. Segundo eles, a situação só começa a melhorar em 1930, data em que Getúlio Vargas se torna presidente do Brasil. E aqui um ponto digno de nota: Getúlio é venerado de uma forma impressionante pelos que proferem os depoimentos. Na visão deles, foi Vargas quem de fato libertou os que tinham pele negra. 

O documentário chega aos tempos atuais explicitando a importância da preservação das práticas culturais para a afirmação política dos descendentes de escravos. Destaque para o jongo, dança tradicional de origem africana. A mensagem é a de que a luta dos negros contra os sofrimentos passados, de uma forma ou de outra, ainda não terminou. 

“Memórias do Cativeiro”, obra emocionante e mais do que necessária, se configura como um exemplar “projeto de memória”, visto que nos aproxima, nos lembra, nos apresenta, graças a uma rica tradição oral, uma temática de importância imensurável para o Brasil.


10 de mai. de 2014 | By: Fabrício

Como foram erguidas as pirâmides do Egito?

A construção das pirâmides botou milhares de egípcios para suar, exigiu conhecimentos avançados de matemática e muitas pedras. Das cem pirâmides conhecidas no Egito, a maior (e mais famosa) é a de Quéops, única das sete maravilhas antigas que resiste ao tempo. Datada de 2 550 a.C., ela foi a cereja do bolo de uma geração de faraós com aspirações arquitetônicas. Khufu (ou Quéops, seu nome em grego), que encomendou a grande pirâmide, era filho de Snefru, que já tinha feito sua "piramidezinha". O conhecimento passou de geração em geração, e Quéfren, filho de Quéops, e Miquerinos, o neto, completaram o trio das pirâmides de Gizé. Para botar de pé os monumentos, que nada mais eram que tumbas luxuosas para os faraós, estima-se que 30 mil egípcios trabalharam durante 20 anos. Esses trabalhadores eram trocados a cada três meses. A maioria trabalhava no corte e transporte dos blocos. Além do pessoal que pegava pesado, havia arquitetos, médicos, padeiros e cervejeiros. Tudo indica que esses caras eram livres (e não escravos), pagos com cerveja e alimentos. Mas há controvérsias. Alguns apostam em 100 mil trabalhadores, além de teses que atribuem a obra a ETs!

Quer saber mais? Então assista ao vídeo a seguir!!!
21 de abr. de 2014 | By: Fabrício

Dez Mandamentos do Professor

DEZ MANDAMENTOS DO PROFESSOR
Prof. Dr. Leandro Karnal

Graduado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos/RS (1985) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo/USP (1994). Atualmente é professor da Universidade de Campinas (UNICAMP) na área de História da América.

A sabedoria do mais influente legislador do Ocidente, Moisés, sintetizou uma concepção de mundo em Dez Mandamentos. Como bom educador, o ex-príncipe do Egito sabia que longos códigos são de difícil acesso. Curioso notar que constituições muito breves, como a norte-americana, passam dos dois séculos e constituições prolixas, como todas as brasileiras, caducam em prazos muito curtos. 

Inspirados neste exemplo, elaboramos os Dez Mandamentos do Professor. Estes dez mandamentos são fruto de uma experiência particular e não se pretendem eternos ou válidos em qualquer ocasião. Gostaria apenas de fornecer a colegas, como você leitor, uma reflexão particular, que possa ser aprofundada, reinterpretada ou rejeitada de acordo com a sua experiência. 

O que me levou a pensar nestes princípios é a mesma angústia que assola qualquer educador: como ser um bom profissional, ensinar, transformar meu aluno e fazer parte desta transformação? Como superar o tédio dos meus alunos, a indisciplina, a irrelevância de algumas coisas que faço e meu próprio cansaço? Como não considerar a sala um fardo e o relógio um inimigo? Como parar de achar que só vivo a partir do fim de semana? A partir destes questionamentos, você está permanentemente convidado a adensar ou criticar, fazer seus outros dez ou sintetizar a dois ou três, pois, quem acha que pode melhorar a aula que dá , já começou a viver educação. E quem não acha que pode? Bem, deixa para lá! Ensinar não é a única profissão do mundo… 

- PRIMEIRO MANDAMENTO: CORTAR O PROGRAMA! 
Quase todas as disciplinas foram perdendo aulas ao longo das décadas anteriores. Não obstante, os programas nem sempre acompanharam estes cortes. Pergunte-se: isto é realmente importante? Este conteúdo é essencial? Não seria melhor aprofundar mais tais tópicos e menos outros? Se a justificativa é a pressão do vestibular, ela não pode ocupar 11 anos de Ensino Médio e Fundamental. Se a justificativa é uma regra da escola ou um coordenador obsessivo, lembre-se: o Diário de Classe sempre foi o documento por excelência do estelionato. A coragem da grande tesoura é essencial. Dar tudo equivale a dar nada. Ensinar a pensar não implica esgotar o conhecimento humano. 

- SEGUNDO MANDAMENTO: SEMPRE PARTIR DO ALUNO! 
Chega de lamentar o aluno que não temos! Chega de lamentar que eles não leem, a partir de uma nebulosa memória do aluno perfeito que teríamos sido (nebulosa e duvidosa). Este é o meu aluno real. Se, para ele, Paulo Coelho é superior a Machado de Assis e baile Funk é superior a Mozart, eu preciso saber desta realidade para transformá-la. Se ele é analfabeto devo começar a alfabetizá-lo. Se ele está no Ensino Médio e ainda não domina soma de frações de denominadores diferentes devo estar atento: esta é minha realidade. A partir do zero eu posso sonhar com o cinco ou seis. A partir do imaginário da perfeição é difícil produzir algo. A Utopia, desde Platão e Thomas Morus, tem a finalidade de transformar o real, nunca de impossibilitá-lo.

-TERCEIRO MANDAMENTO: PERDER O FETICHE DO TEXTO! 
Em todas as áreas, em especial nas humanas, os alunos são instigados quase que exclusivamente ao texto. Num mundo imerso na imagem e dominado por sons e cores, tornamos o texto central na sala de aula. Devemos estar atentos ao uso de imagens, música, sensorialidades variadas. O texto é muito importante, nunca deve ser abandonado. Porém, se o objetivo é fazer pensar, o texto é apenas um instrumento deste objetivo maior. Há pessoas que pensam e nunca leram Camões e há quem saiba "Os Lusíadas" de cor e não pense… Lembre-se de que há outros instrumentos. A sedução das imagens deve ser uma alavanca a nosso favor, nunca contra. Usar filmes, propagandas, caricaturas, desenhos, mapas: tudo pode servir ao único grande objetivo da escola: ajudar a ler o mundo, não apenas a ler letras. 

- QUARTO MANDAMENTO: POSSIBILITAR O CAOS CRIATIVO. 
Fomos educados a um ideal de ordem com carteiras emparelhadas e, mesmo no fundo do nosso inconsciente, este ideal persiste. Qual professor já não teve o pesadelo de perder o controle total de uma sala, especialmente na noite mal dormida que antecede o primeiro dia de aula? Devemos estar preparados para o caos criador e para o lúdico. Alunos andando pela sala, trocando fragmentos de textos ou imagens dados pelo professor, discussões, encenações, o professor recitando uma poesia ou mandando realizar um desenho: tudo pode ser canal deste lúdico que detona o caos criativo. Surpreenda seus alunos com uma encenação, com um silêncio, com um grito, com uma máscara. Uma sala pode estar em ordem e ninguém aprendendo e pode estar com muitas vozes e criando ambiente de aprendizado. Lembre-se o silêncio absoluto é mais importante para nós do que para os alunos. É difícil vencer a resistência dos colegas e da própria escola a isto. Lógico que o silêncio também deve ser um espaço de reflexão, mas é possível pensar que há valor num solo gentil de flauta, numa pausa ou num toque retumbante de 200 instrumentos. 

- QUINTO MANDAMENTO: INTERDISCIPLINAR! 
Assim mesmo, entendido o princípio como um verbo, como uma ação deliberada. É fundamental fazer trabalhos com todas as áreas. Elaborar temas transversais como o MEC pede e, ao mesmo tempo, libertar o aluno da ideia didática das gavetas de conhecimento. Não apenas áreas afins (como História e Geografia) mas também Literatura e Educação Física, Matemática e Artes, Química e Filosofia. É preciso restaurar o sentido original de conhecimento, que nasceu único e foi sendo fragmentado até perder a noção de todo. O profissional do futuro é muito mais holístico do que nós temos sido até hoje. 

- SEXTO MANDAMENTO: PROBLEMATIZAR O CONHECIMENTO. 
Oferecer ao aluno o cerne da ciência e da arte: o problema. Não o problema artificial clássico na área de exatas, mas os problemas que geraram a inquietude que produziu este mesmo conhecimento. A chama que vivou os cientistas e artistas é transmitida como um monumento inerte e petrificado. Mostrem as incoerências, as dúvidas, as questões estruturais de cada matéria. Mostrem textos opostos, visões distintas, críticas de um autor ao outro. Nunca fazer um trabalho como: “O Feudalismo” ou “O Relevo do Amapá”; mas problemas para serem resolvidos. Todo animal (e, por extensão, o aluno) é curioso. Porém, é difícil ser curioso com o que está pronto. Sejamos francos: se é tedioso ler um trabalho destes, qual terá sido o tédio em fazê-lo? 

- SÉTIMO MANDAMENTO: VARIAR AVALIAÇÕES. 
Provas escritas são válidas, como a vitamina A é válida para o corpo humano. Porém, avaliações variadas ampliam a chance de explorar outros tipos de inteligência na sala. As outras avaliações não devem ser vistas como um trabalhinho para dar nota e ajudar na prova, mas como um processo orgânico de diminuir um pouco a eterna subjetividade da avaliação. 

- OITAVO MANDAMENTO: USAR O MUNDO NA SALA DE AULA! 
O mundo está permeado pela televisão, pela Internet, pelos jornais, pelas revistas, pelas músicas de sucesso. A escola e a sala de aula precisam dialogar com este mundo. Os alunos em geral não gostam do espaço da sala porque ele tem muito de artificial, de deslocado, de fora do seu interesse. Usar o mundo da comunicação contemporânea não significa repetir o mundo da comunicação contemporânea; mas estabelecer um gancho com a percepção do meu aluno. 

- NONO MANDAMENTO: ANALISAR-SE PESSOALMENTE! 
A primeira pessoa que deve responder aos questionamentos da educação é o professor. Somos nós que devemos saber qual o motivo de dar tal coisa, qual a relevância, qual a utilidade de tal leitura. O professor é o primeiro que deve saber como tal ciência transformou a sua vida. Isto implica fazer toda espécie de questão, mesmo as incômodas. Se eu não fico lendo tal autor por prazer e nem o levo aos meus passeios como posso exigir que um jovem ou uma criança o façam? Qual a coerência do meu trabalho? Minha irritação com a turma indisciplinada é uma espécie de raiva por saber que eles estão certos? Minha formação permanente me indica novos caminhos? Estou repetindo fórmulas que deram certo quando eu era aluno há 20 ou mais anos? É necessário um exercício analítico-crítico muito denso para que eu enfrente o mais duro olhar do planeta: o do meu aluno. 

- DÉCIMO MANDAMENTO: SER PACIENTE! 
Hoje eu acho que ser paciente é a maior virtude do professor. Não a clássica paciência de não esganar um adolescente numa última aula de sexta-feira, mas a paciência de saber que, como dizia Rubem Alves, plantamos carvalhos e não eucaliptos. Nossa tarefa é constante, difícil, com resultados pouco visíveis a médio prazo. Porém, se você está lendo este texto, lembre-se: houve uma professora ou um professor que o alfabetizou, que pegou na sua mão e ensinou, dezenas de vezes, a fazer a simples curva da letra O. Graças a estas paciências, somos o que somos. O modelo da paciência pedagógica é a recomendação materna para escovar os dentes: foi repetida quatro vezes ao dia, durante mais de uma década, com erros diários e recaídas diárias. As mães poderiam dizer: já que vocês não querem nada com o que é melhor para vocês, permaneçam do jeito que estão que eu não vou mais gritar sobre isto (típica frase de sala de aula…). Sem estas paciências, seríamos analfabetos e banguelas. Não devamos oferecer menos ao nosso aluno, especialmente ao aluno que não merece nem quer esta paciência, este é o que necessita urgentemente dela. O doente precisa do médico, não o sadio. O aluno-problema precisa de nós, não o brilhante e limpo discípulo da primeira carteira. Há alguns anos eu falava de alguns destes princípios e uma senhora redarguiu dizendo que ela fazia tudo isto e muito mais e, mesmo assim, os alunos estavam cada vez piores e com menos resultados. Olhei para esta professora e senti nela o reflexo de meus cansaços também. A única coisa que me ocorreu lembrar é uma alegoria, com a qual encerro este texto: Na nossa cultura há um modelo de professor: Jesus. A maioria absoluta das pessoas no Brasil é cristã, mas a alegoria serve também para os que não são. Tomemos a história de Jesus independente da nossa orientação religiosa. Comparemos: Jesus teve 12 alunos escolhidos por ele! Eu tenho 30, 60, 100, escolhidos por um rigoroso processo de seleção: inscreveu, pagou, entrou. Jesus teve alunos em tempo integral por três anos: eu tenho por duas ou quatro aulas semanais, por um período mais curto. Os alunos de Jesus deixaram tudo para segui-lo, o meu não deixa quase nada e não quer acompanhar nem meu pensamento, quanto mais minhas propostas existenciais. Fiel aos novo ditames do MEC, Jesus deu um curso superior em três anos. Para quem acredita, Ele fazia milagres, coisa que nós certamente não fazemos naquele sentido. A aula, de Jesus, assim, era reforçada por work-shops. A auto estima e a confiança de Jesus era enorme: o cara simplesmente dizia que era o Filho de Deus, que ressuscitava mortos, andava sobre as águas, passava quarenta dias sem comer e não tinha medo de ninguém. Eu não tenho esta convicção. Melhor: as aulas eram ao ar livre, sem coordenação, sem direção, sem colegas e os pais dos alunos não apareciam para reclamar! Bem, após 3 anos de curso intenso com todos estes reforços, chegou a prova final. Na agonia do Horto os três melhores alunos dormiram, quando o Mestre estava chorando sangue. O tesoureiro da turma denunciou o professor à Delegacia de Educação por 30 moedas. O líder da classe, Pedro, negou que tivesse tido aula por três vezes diante da supervisora de ensino: nunca vi este cara antes… Outros nove fugiram sem dar notícia e não compareceram à prova final: o Calvário. O mais novo e bobinho, João, foi até lá, mas não fez nada para impedir que os guardas matassem o professor. Se considerarmos João, com boa vontade, o único aprovado, teremos uma média de êxito de 8.33%, baixa demais para os padrões das Delegacias de Ensino e alvo de demissão sumária por justa causa. O professor morreu e, para quem acredita, voltou para uma recuperação de férias. Reuniu os reprovados e disse: mais uma chance. Um dos alunos , Tomé, pediu para colocar o dedo no diploma do professor para ver se era de verdade. Primeira pergunta do líder da turma, Pedro: “Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?” Ou seja, o melhor aluno não aprendeu nada! Esta pergunta mostra o oposto da aula dada, pois ele achou que o curso tinha sido sobre política e, na verdade, tinha sido sobre Teologia… Objetivos não atingidos: 100% ! Novos milagres, mais 40 dias defeedback, apostilas, recuperação, reforço de férias. Final de curso pirotécnico: subiu ao céu entre nuvens e anjos assistentes-pedagógicos disseram que o mestre tinha ido para a sala dos professores eterna e não mais voltaria. O curso estava encerrado, todas as lições tinham sido dadas para aquela nata de 11 homens. O que eles fizeram? Foram se esconder numa casa, todos apavorados. O mestre mandou um módulo auto-instrucional de reforço, o Espírito Santo, um anabolizante. Só então, com uma força externa, eles começaram a entender, e finalmente tiveram aquela famosa reação bovina: HUMMMM… Bem, eu disse à professora que me questionava: se Jesus teve tantos insucessos apesar de condições tão boas, a senhora quer ser mais do que Ele? Hoje eu diria para qualquer profissional: faça o máximo, mas apenas o máximo, e deixem o resto por conta do resto. A frase parece autista, mas é muito importante. Nós temos um limite: a vontade do aluno, da instituição e da sociedade como um todo. Não transformamos nada sozinhos, mas transformamos. O primeiro passo é a vontade. O segundo começa daqui a pouco, naquela sala difícil, com aquela turma sentada no fundo e naqueles angustiantes dez minutos que você vai levar para conseguir fazer a chamada… Vamos lá?


FONTE: 

www.ime.unicamp.br In. FARIA, Ricardo de Moura. Estudos de História, vol 1.