7 de set. de 2014 | By: Fabrício

Banda paulistana faz heavy metal baseado na história do Brasil

“Este álbum é sobre nossa cultura, lendas e capítulos verdadeiros de nossa história. Episódios que não devem ser esquecidos.”

Essa é a mensagem, só que escrita em inglês, na contracapa do primeiro disco da banda paulistana de metal independente Armahda, lançado em dezembro de 2013.

O grupo faz rock inspirado no passado do Brasil. Nas 13 faixas, a voz de Maurício Guimarães, 31, acompanha a guitarra de Renato Domingos, 36, em versos bate-cabeça sobre a rainha Maria 1ª (“Queen Mary Insane”), Guerra Guaranítica (“Echoes from the River”), lendas (“Matinta” e “Uiara”) e mais.


“A gente sempre gostou do tema e quer que as pessoas se interessem”, explica o vocalista e engenheiro ambiental. “Tem banda que já faz músicas sobre o folclore e tal, mas sobre conflitos não tem muita”, completa o publicitário e guitarrista.
A maioria das faixas é cantada em inglês. “Quem curte metal escuta muita coisa gringa, é costume”, diz Renato.

A exceção é “Paiol em Chamas”, que trata, em português, das explosões, em 1958, de armazéns do depósito central de armamento do Exército, localizado no bairro Deodoro, no Rio. “Soou bem e foi bem recebida. Nos próximos trabalhos vamos apostar mais nisso”, promete Maurício, neto de um militar envolvido no episódio.

Há ainda um trecho em idioma pátrio na música que dá nome à banda, e ao disco, e fala sobre a Revolta Armada, em 1893. Representando a fala do marechal Floriano Peixoto, a voz é do santista Sílvio Navas. “O cara que dublou o Mumm-Ra!”, empolga-se o vocalista, referindo-se ao personagem do desenho animado “Thundercats”.

Idealizadores do Armahda, Mauríco e Renato se conheceram no começo dos anos 2000. Desde então, contam, têm a ideia do projeto de metal histórico. “De uns anos para cá, começamos a compor e a colocar em prática”,diz Renato. O resultado foi a gravação do CD, que contou com ajuda de outros músicos.

O grupo já veiculava, em seu canal no YouTube, filmetes com as letras das canções. Cada vídeo é acompanhado de um resumo do contexto histórico do tema da música em questão – eles até debatem com internautas nos comentários.

A pesquisa envolve livros de Laurentino Gomes (“1808″, “1822” e “1889”), teses e documentos no acervo da Biblioteca Nacional. “A gente toma cuidado com a bibliografia, para não falar besteira”, conta Maurício.

Outras preocupações são não politizar muito (“é uma linha tênue, o importante é levantar a discussão”); não serem taxados de “monarquistas”, como já aconteceu; nem virarem ídolos de nacionalistas radicais –”é perigoso, nunca foi nem é a ideia”.

Nos últimos meses, os dois amigos reativaram contatos para completar a banda, que faz sua primeira apresentação oficial às 19h deste domingo (7) no Carioca Club (zona oeste de SP).

Com Ale Dantas, 40, na segunda guitarra, Paulo Chopps, 32, no baixo e João Guilherme Pires, 29, na bateria, o Armahda abre o show do grupo sueco Sabaton, que segue a linha temática histórica – sua música “Smoking Snakes” homenageia soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira).

“Um fã brasileiro do Sabaton mandou nosso som pra eles, que nos indicaram para a produção aqui no Brasil”, relata Renato. “Por uma ironia a gente vai tocar no dia da Independência”, ressalva Maurício. “Estamos aí para cutucar as feridas da República.”

Para o bem de todos e a felicidade geral da nação, diga ao povo que grite. Alto.


Música: Armahda.

A música trata da Revolta da Armada, que foi um movimento de rebelião ocorrido em 1893 liderado por algumas unidades da Marinha Brasileira contra o governo do presidente Floriano Peixoto.


Fonte: UOL.

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