17 de abr. de 2016 | By: Fabrício

História do Brasil - Série completa

Conciliar informação com entretenimento. Este é o objetivo da série “Histórias do Brasil”, da TV Brasil. Produzida em 2011, com dez episódios de 25 minutos cada, a série narra vários momentos do passado do país, de 1530, nos primórdios da colonização, a 1958, com a construção de Brasília. Realizada através de uma parceria das produtoras Film Works e Conspiração Filmes com a “Revista de História da Biblioteca Nacional”, a obra é dirigida por Arthur Fontes.
Cada episódio ainda apresenta depoimentos de professores e pesquisadores de renome. Evaldo Cabral de Mello, Alberto da Costa e Silva, José Murilo de Carvalho, Eduardo Viveiros de Castro, Mary Del Priore e Lilia Moritz Schwarcz são alguns dos acadêmicos que desvendam os bastidores do Brasil de antigamente.
Episódio 1: Antes do Brasil
Dois alemães desembarcam de um pequeno bote em uma praia paradisíaca. O jovem Franz Hessen está encantando com o cenário. O companheiro de Franz beija o grande crucifixo de prata que traz em um cordão. Cada um pega um arcabuz e os dois se aventuram pela mata. Em pouco tempo de caminhada, Franz Hessen se perde de seu companheiro e acaba sendo capturado por três índios. O alemão é levado para a tribo como prisioneiro.  Apontado pelos índios como francês, Franz Hessen é amarrado a um toco no centro da tribo e é ali deixado. À noite, índios de outra tribo chegam para uma celebração. Para surpresa do alemão, entre os índios recém-chegados há um europeu. É um homem branco, um português, vivendo entre os selvagens! Franz Hessen vê em Manuel Dias, o português, a sua chance de convencer os índios de que não é um aliado dos franceses. Franz implora ao português que interceda a seu favor junto aos índios. Os europeus passam a noite conversando. Franz Hessen oferece mundos e fundos ao português caso este consiga sua liberdade.



Episódio 2: Colonização – 1567 a 1630

O português Fernão Barreto é um senhor de Engenho no Rio de Janeiro em 1580. Para a produção de açúcar conta com 50 peças de escravos, todos “negros da terra”, ou seja, índios. Uma nova safra de cana-de-açúcar está pronta para ser moída e, como é de costume, Barreto espera a chegada do padre que irá benzer o moinho para dar início ao trabalho. O atraso do religioso deixa Barreto apreensivo, pois as tribos do entorno têm promovido constantes ataques ao engenho e o clima na região é tenso. Enquanto aguarda, Barreto conversa com Lopes Magalhães, um mercador de escravos português (da Ilha da Madeira) que veio lhe oferecer algumas peças de negros de Angola. Magalhães tenta convencer Barreto de que os africanos são melhores escravos do que os índios.


Episódio 3: Brasil Holandês – 1630 a 1654

O português João de Azevedo está apreensivo. Acender um cachimbo é uma tarefa difícil para suas mãos trêmulas. Ele está no meio da mata em Pernambuco, às margens de um rio. Atrás dele está uma charrete com trinta caixas de madeira. Três africanos, de braços cruzados, aguardam instruções. Ao lado de Azevedo está Simão Nunes, judeu holandês, agiota. Muito mais calmo, Nunes tenta tranquilizar Azevedo, dizendo que o holandês Balthasar Van Beck chegará a qualquer momento. Azevedo não gosta da espera. Principalmente com as explosões e tiros que ouve ao longe. São as tropas portuguesas da restauração combatendo tropas holandesas. Além do sentimento de culpa por estar mais uma vez traindo seus compatriotas, Azevedo teme por sua vida caso seja flagrado negociando com os inimigos. Irônico, Nunes diz que Azevedo deveria ter pensado nisso quando, já em 1630, preferiu lucrar com a Companhia das Índias Ocidentais a lutar ao lado dos luso-brasileiros.


Episódio 4: Entradas e Bandeiras

Uma expedição bandeirante avança pela mata fechada. Há poucos brancos, muitos mamelucos e vários índios. Estão todos descalços e caminham em fila indiana, liderados por Jerônimo, um mameluco que domina os segredos da mata. Ele conhece os caminhos, decifra os rastros deixados por animais, sabe quais plantas podem saciar a sede, encontra insetos que matam a fome.
Também fazem parte da expedição Pedro e Gabriel, dois jovens colonos paulistas que participam de uma bandeira pela primeira vez. O objetivo dos jovens é capturar índios para servirem de mão de obra no cultivo de trigo. Para participar da expedição, os jovens foram financiados pelo pai, o velho Antunes, que cedeu a eles 10 escravos – entre eles o guia Jerônimo. Mas, além de escravo, Jerônimo é também filho bastardo de Antunes e irmão de Pedro e Gabriel.
A marcha é interrompida quando Pedro sofre uma picada de cobra. Após alguns momentos de deliberação, o comandante da bandeira decide que Pedro não pode continuar. Ele precisa ser levado de volta para São Paulo. Jerônimo é encarregado de liderar os dois outros escravos que carregarão o jovem paulista em uma rede pelo caminho de volta.
Por três dias os homens seguem pela mata. O estado de saúde de Pedro piora rápido. A água do grupo chega ao fim. Usando seus conhecimentos, Jerônimo consegue localizar um rio. Quando vão se servir de água, os escravos encontram algumas pequenas pedras negras. Um deles não tem dúvida: é ouro preto! Apesar da descoberta, Jerônimo lembra os companheiros que eles ainda precisam levar Pedro de volta para a casa. Mas os dois mamelucos se recusam. Dizem que ficarão para recolher todo o ouro que conseguirem. Jerônimo, então, coloca Pedro nas costas e segue em frente.

Episódio 5: Ouro e Cobiça

O artesão Manuel Correia confecciona pequenas imagens de santos. Já há cerca de vinte imagens prontas nas prateleiras da oficina, mas Manuel ainda precisa terminar outras cinco até o final da semana. É o que o seu patrão Antônio Vidal insiste em lembrá-lo. Manuel se mostra tranquilo e garante que o trabalho estará pronto.
Cinco jovens negras, carregando tabuleiros de quitutes, chegam à oficina falando alto e rindo muito. Entre elas está a linda Inácia, que troca olhares e sorrisos discretos com Manuel. As negras são escravas de ganho de Antônio Vidal. Todo dia precisam entregar para seu senhor uma quantia por ele estipulada. Para complementar a renda, às vezes recorrem à prostituição. Seus clientes são os escravos que trabalham na região das minas.
Uma a uma as negras entregam para seu senhor o ouro em pó que ganharam em um dia de trabalho e Vidal guarda o ouro dentro de uma das imagens de santo confeccionadas por Manuel. As negras seguem falando alto, contando detalhes de seus encontros com os clientes. Vidal termina de guardar o ouro na imagem e a devolve para a prateleira.
Quando percebe que Manuel está de olho em Inácia, Vidal dá uma bronca no artesão e ordena que volte ao trabalho. Vidal, então, manda as negras pararem com a algazarra e as enxota da oficina. Vidal sai e Manuel volta para o trabalho. Na manhã seguinte, Vidal vai à oficina, e não vê sinal das imagens de santo recheadas de ouro. Vidal também não sabe onde está Inácia. E, muito menos, Manuel.

Episódio 6: Lutas Perigosas

Meio da noite. O cirurgião Manoel Toledo encontra um homem misterioso em uma taverna e recebe dele um embrulho. Toledo corre pelas ruelas do Rio de Janeiro carregando o embrulho com todo o cuidado. Ele chega a sua casa e sobe para o segundo andar, onde encontra um amigo encadernando livros. Toledo abre o embrulho e revela uma edição das Fábulas de La Fontaine. Esse é um dos muitos livros cuja circulação é proibida pela Metrópole. Toledo, que participa de uma Sociedade Literária, entende que os livros devem circular livremente. Essa é sua luta. O livro de La Fontaine que acabou de comprar será encadernado no meio de textos liberados. O objetivo de Toledo é esconder a obra proibida das vistas das autoridades e assim levá-la ao maior número possível de leitores. Eles já estão trabalhando há algumas horas quando ouvem batidas na porta. Toledo diz para o companheiro fazer silêncio e desce correndo. Quando abre a porta, se depara com três soldados carregando um homem ferido e inconsciente. O comandante da tropa é um velho conhecido de Toledo e pede ajuda ao cirurgião para tratar do homem. Toledo engole em seco quando percebe que o homem é o mesmo de quem comprou o livro. O comandante da tropa explica que tinham recebido uma denúncia de que um contrabandista de livros agiria naquela noite e, de fato, eles o encontraram. Mas o homem tentou fugir pulando um muro e acabou caindo de cabeça. Agora o comandante precisa que Toledo reanime o contrabandista para que os soldados possam arrancar dele os nomes de seus clientes. Hesitante, o cirurgião se vê diante de um dilema: se salvar a vida do contrabandista de livros e ele recobrar a lucidez, Toledo pode ser desmascarado pelas autoridades.




Episódio 7: O Sangrador e o Doutor

Benedito, um ex-escravo de 50 anos, é levado até um rico palacete em Botafogo. Dona Ana está aflita. Seu marido, João Alencar, está de cama, inconsciente, muito doente. Dona Ana ouviu dizer que se alguém pode curar seu marido esse alguém é Benedito, o maior sangrador da Cidade Nova. Disposta a tentar de tudo depois dos fracassos dos mais caros e respeitados médicos da Capital, Dona Ana pede que Benedito trate de seu marido. Após um rápido exame, Benedito decide começar o tratamento com uma sangria. Em seguida, deita “bixas” - sanguessugas - pelo corpo de Alencar. Dois dias depois, Alencar está de pé. Muito católico, ele credita sua recuperação às orações da mulher. Mas Dona Ana admite que recorreu a um barbeiro sangrador. Alencar, então, pede o endereço do ex-escravo, para que possa agradecer pessoalmente. Alencar encontra a pequena casa na Cidade Nova vazia. Mas escuta um falatório e um batuque. Ele entra. Nos fundos da casa, Alencar se depara com um culto de candomblé. Horrorizado com a cena, ele vai embora, fazendo o sinal da cruz: sua vida foi salva num ritual pagão. E isso ele não pode admitir.



Episódio 8: Vida e morte no Paraguai

No acampamento do Exército Aliado, três amigos se divertem conversando sobre Alfredo, colega deles que se feriu em circunstâncias misteriosas. Cada amigo tem uma versão para o ferimento. Cada versão narra um aspecto da guerra: 
a) o saque feito nos campos de batalha por brasileiros e paraguaios que levavam roupas, armas e suprimentos dos mortos; 
b) momentos amistosos entre os dois lados inimigos em que conversam, bebem e fumam juntos;  
c) romances e negociações entre militares e comerciantes. Comentários de José Murilo de Carvalho, Ricardo Henrique Salles (Unirio) e Lilia Moritz Schwarcz (USP).



Episódio 9: Propaganda e Repressão

Em uma mesa do Bar Amarelinho, na Cinelândia, alguns jornalistas conversam sobre Getúlio Vargas, o Estado Novo, e a censura aos jornais onde trabalham. Um dos jornalistas critica a propaganda do Estado Novo, dizendo que os energúmenos do Departamento de Imprensa e Propaganda deviam pelo menos aprender com os russos a fazer filmes sobre as massas. Segundo ele, “O Encouraçado Potemkin” é um exemplo perfeito de filme ideológico. Entre os jornalistas está o jovem Alves, que quando tenta fazer um comentário é interrompido por seus colegas mais experientes, sempre com histórias, casos ou ideias mais interessantes. Quando os jornalistas ficam mais exaltados, alguém logo aponta para a direção do morro de Santo Antônio e menciona a temida Polícia Especial de Filinto Müller. É a deixa para os ânimos se acalmarem. Um grupo de homens mal encarados chega ao bar e ocupa uma mesa próxima à dos jornalistas. Os homens comentam empolgados o último discurso de Hitler e falam mal dos comunistas. Imediatamente, os jornalistas mudam de assunto. No dia seguinte, no Palácio Tiradentes, Alves é recebido por um alto funcionário do DIP. Alves foi indicado para um cargo no Departamento a pedido de seu pai, importante empresário e simpatizante do Estado Novo, que está cansado de ver seu filho metido com os jornalistas de esquerda. Em seu primeiro dia de trabalho no DIP, Alves participa de uma reunião com os chefes das cinco divisões: Divulgação, Rádio-difusão, Cinema e Teatro, Turismo e Imprensa. Na reunião são discutidas políticas e estratégias de cada divisão. São abordados assuntos como: censura a jornais, filmes e peças de teatro; a mudança do Dia do Trabalhador para Dia do Trabalho, com o objetivo de tirar o foco do trabalhador e de suas reivindicações e fazer do dia uma festa do Estado Novo; a programação da Hora do Brasil; a produção de cartilhas escolares. O chefe da divisão de Cinema e Teatro conta, empolgado, como seus técnicos fizeram uma montagem juntando uma tomada de Getúlio Vargas dando uma tacada de golfe com uma jogada feita por um jogador profissional. Segundo o chefe da divisão, quem vê a montagem tem certeza de que Vargas, péssimo jogador de golfe, é um verdadeiro campeão. Alves acompanha a reunião calado. Até que um cinejornal sobre a festa de Primeiro de Maio no Estádio de São Januário é exibido. Os chefes das divisões não ficam animados com o filme e criticam sua eficiência. Discute, exaustivamente, qual seria o problema. Alves pede a palavra e todos o escutam. Ele diz acreditar que o problema está na maneira como os espectadores foram filmados. Alves comenta que os russos sabem filmar as massas com eficiência. Segundo ele, faltam ao filme do DIP alguns closes de espectadores no estádio, para que o público do filme tenha com quem se identificar. Como exemplo do que está falando, Alves cita O Encouraçado Potemkin. Inicialmente, os funcionários do DIP não gostam das referências comunistas” de Alves, mas logo percebem que ele tem razão. O chefe do Departamento dá os parabéns a Alves e diz que ele terá um belo futuro no DIP. Mas Alves já não tem tanta certeza se realmente virá trabalhar no Departamento de Propaganda e Imprensa. Ainda mais quando, no fim da reunião, o chefe do departamento faz um inflamado discurso contra a democracia. À noite, os jornalistas estão reunidos novamente no Amarelinho, discutindo o Governo Vargas. Alves está entre eles, e acredita que nada mudou em sua vida. Mas isso está longe de ser verdade.



Episódio 10: O sonho de Juscelino

A primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubitschek em Brasília é um prédio simples, sem conforto, feito de madeira. Projetado por Oscar Niemeyer e construído em 10 dias, seu nome é uma referência ao Palácio do Catete, residência do presidente no Rio de Janeiro. Brasília já está praticamente pronta e essa será a última noite em que o presidente dormirá no Catetinho. Sebastião, velho mordomo que acompanha Kubitschek desde o Rio de Janeiro, e Nascimento, jovem mordomo que assumirá o cargo na nova capital, trabalham juntos para deixar tudo arrumado. Mas as diferenças entre os dois mordomos são muitas. Sebastião acha que a capital jamais deveria ter saído do Rio de Janeiro. Nascimento não vê a hora de Brasília estar ocupada e funcionando a pleno vapor. A arquitetura de Brasília também é motivo de discordância entre os dois. Nascimento é um entusiasta do futurismo da nova capital. Sebastião prefere os prédios neoclássicos do Rio de Janeiro. Apesar das diferenças e da insistência do jovem Nascimento em não seguir as orientações do velho Sebastião, os dois têm pressa: o presidente JK vai chegar a qualquer momento.

17 de nov. de 2015 | By: Fabrício

Entenda em 10 minutos como nasceu a crise no Oriente Médio, que chegou à França

O que ocorre exatamente na Síria? De onde vêm mais de quatro milhões de refugiados? Foram essas perguntas que incentivaram o grupo #WhyMaps a fazer um vídeo, no começo de outubro, que explica em pouco mais de 10 minutos e 15 mapas a história da Síria e da região, que têm sido o centro das atenções do mundo neste ano, em grande parte graças ao grupo terrorista Estado Islâmico (Isis).

Apesar de ter sido publicada antes dos atentados de 13 de novembro em Paris, a gravação ganhou destaque nesta semana, quando muitos internautas procuravam resposta para a barbárie que deixou 129 mortos e centenas de feridos na capital da França.

o projeto tem um fundo social. Segundo o #WhyMap, "qualquer benefício financeiro que o vídeo possa gerar será destinado à campanha síria Save The Children" -- que dá apoio a crianças sírias afetadas pela guerra civil no país.

Primeiro o narrador conta a história do Oriente Médio desde a Mesopotâmia até os dias atuais, para que entendamos a importância da região e como a Síria se tornou esse país tão conturbado, cheio de guerras e conflitos. E se vocês podem fazer um palpite, sim, envolve petróleo.

Assista abaixo ao vídeo em espanhol com legendas em português. E como eles mesmos falam: se quiser entender o presente, se pergunte: e o passado?

12 de out. de 2015 | By: Fabrício

Carolina Maria de Jesus (1914-1977)

Carolina Maria de Jesus em meio aos barracos da favela Canindé, 
nas cercanias do recém-construído estádio, em 1958.

Para uma escritora que viveu rotulada como “mulher, negra e favelada”, mãe solteira sem muita escolaridade, que tinha nos lixões do entorno da favela do Canindé, em São Paulo, onde morava, os meios de sustentar a família e a base de sua produção literária (ela levava para o barraco livros e cadernos que encontrava no lixo), pode-se dizer que Carolina Maria de Jesus (1914-1977) teve uma trajetória excepcional. Sua vida de escritora, apesar das muitas contradições do seu temperamento, fez dela um fenômeno editorial e midiático, algo contrastante com sua atividade de catadora de papel das ruas de São Paulo. Incomodada por ser vista por todos como “mendiga e suja”, dizia que, embora andasse suja, não era mendiga: “Mendigos pedem dinheiro; eu peço livros”.

Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914 em Sacramento -MG, cidade onde viveu sua infância e adolescência. Seus pais, provavelmente, migraram do Desemboque para Sacramento quando houve mudança da economia da extração de ouro para as atividades agropecuárias.

Quanto a sua escolaridade em Sacramento, estudou em um colégio espírita, que tinha um trabalho voltado às crianças pobres da cidade, através da ajuda de pessoas influentes. Carolina estudou pouco mais de dois anos. Toda sua educação formal na leitura e escrita é com base neste pouco tempo de estudos.

Mesmo diante todas as mazelas, perdas e discriminações que sofreu em Sacramento, por ser negra e pobre, Carolina revelou através de sua escritura a importância do testemunho, como meio de denúncia, da desigualdade social e do preconceito racial.

Desde que apareceu para o mundo das letras com seu livro “Quarto de despejo”, no início da década de 1960 (precedido das reveladoras reportagens do jornalista Audálio Dantas), Carolina Maria de Jesus vem sendo alvo de diversos estudos no Brasil e no exterior. Esses estudos giram em torno da sua turbulenta vida de favelada e da sua extensa obra, que engloba autobiografia, memorialismo, poesias, contos, provérbios e romances. Publicou ainda “Casa de alvenaria”, “Journal de Bitita“ (póstumo, 1982, França) e “Meu estranho diário” (também póstumo, 1996, organizado por José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Levine), o que nos dá uma ideia dos muitos inéditos deixados pela escritora, traduzida para dezenas de idiomas, como o romeno, russo, japonês, inglês, sueco e alemão.

No vídeo produzido pela equipe de Pesquisa Fapesp, a historiadora Elena Pajaro Peres fala sobre aspectos da vida e obra da escritora, ressaltando a importância de verificar aspectos que vão além dos livros e do período em que a autora viveu em São Paulo. Veja como seu trabalho continua a instigar pesquisas.


30 de ago. de 2015 | By: Fabrício

Schwerer Gustav - A maior arma já usada em combate

Ilustração Schwerer Gustav

Em 1935, a França anunciou sua mais nova realização militar: a Linha Maginot, um complexo de fortificações muito sofisticado na fronteira com a Alemanha, destinado a impedir que se repetisse a invasão ao país ocorrida na Primeira Guerra. Os nazistas, no poder já havia dois anos, pensaram na resposta: construir um canhão que destruísse tal barreira.

Em meados dos anos de 1930, a indústria alemã Krupp (atualmente conhecida como ThyssenKrupp - é isso mesmo, justamente a empresa que é famosa por fabricar elevadores no Brasil), detentora de patentes diversas em armas, trens e outros equipamentos já naquela época, foi selecionada pelo governo alemão e recebeu uma encomenda literalmente monstruosa. Hoje seria fácil com mísseis teleguiados, mas na época foi um desafio e tanto! O engenheiro Erich Müller chegou à conclusão de que seria possível construir um canhão dessa magnitude, porém seria necessário um transporte adequado e que conseguisse carregar muita carga porque ele seria monstruosamente grande. A Krupp já tinha fama nos trilhos, então não foi difícil para eles encaixar a gigantesca arma sobre o vagão de um poderoso trem.


O resultado foi a maior arma já usada em combate, o Schwerer Gustav – ou Gustav Pesado. Ele tinha 46,3 metros de comprimento, 11,6 de altura e pesava 1350 toneladas – equivalente a 20 tanques superpesados Tiger II, os maiores da guerra. Schwerer Gustav, é como foi chamado o canhão, em honra do seu criador Gustav Krupp, diretor da empresa entre 1909 e 1944.
A superarma não foi completada a tempo da invasão da França, em maio de 1940. Nem foi necessária: os alemães simplesmente invadiram a Bélgica e a Holanda e deram a volta na Linha Maginot, até hoje um dos maiores fracassos militares da História.

Gustav e sua irmã gêmea, Dora, agiriam no Front Oriental. Gustav foi utilizado no Cerco de Sebastopol (região da atual Ucrânia), em 1942, destruindo fortificações costeiras soviéticas. Quarenta e oito tiros foram disparados antes que o cano acabasse gasto e fosse mandado de volta à Alemanha. Dora foi levada a Stalingrado. Essa foi a maior de toda História, mas não se sabe ao certo se chegou a dar um único tiro.

Schwerer Gustav

A artilharia hiperpesada, porém, era um conceito tão ultrapassado quanto a Linha Maginot. Aviões podiam fazer o trabalho bem melhor, a menos custo e sem as complicações logísticas de um supercanhão.

Curiosidades:

  • Operação Simples: Os projéteis eram trazidos pela ferrovia e içados por dois guindastes elétricos. A tecnologia acabava por aí: os soldados os empurravam até a base do canhão em carrinhos, rolavam-nos com as mãos para a posição e os introduziam no canhão também manualmente, usando uma bucha.
  • Comboio: O canhão era desmontado para ser carregado em ferrovias comuns. Em carros separados iam a culatra, as duas seções do cano, a cobertura do cano, o munhão e a base, dividida pela metade, também em duas partes. Os carros de suporte iam direto nos trilhos. No total, o comboio tinha 25 carros e 1500 metros de comprimento.
  • Primitivo: Para o maior canhão da história, o Gustav era uma máquina relativamente simples. Era fixo na horizontal e só atirava para a frente. Para mirar, usava-se uma ferrovia curva – a posição nos trilhos indicava a direção do alvo. Mesmo com balas tão potentes, não era necessário fixá-lo ao chão para proteger dos recuos. Era tão pesado que bastavam os freios das rodas, e ele mal se movia para trás ao atirar.
  • Cano: Com 32 metros de comprimento, a arma podia disparar a cada 15 minutos, ainda que, em média, o mais comum fossem 14 disparos por dia. Pelo ângulo, os projéteis atingiam 12 quilômetros de altitude. Era possível atirar 300 vezes antes que a parte interna ficasse gasta e tivesse de ser mandada para a Alemanha para reparos. O ângulo de disparo era ajustado por motores elétricos. 

Assista ao vídeo a seguir:







2 de jul. de 2015 | By: Fabrício

Documentário: Em busca da verdade


A produção, que conta com material inédito, apresenta investigações feitas pela Comissão Nacional e pelas Comissões Estaduais da Verdade e mostra como funcionou a estrutura de repressão no país, como a tortura foi institucionalizada dentro de uma política de Estado e de que forma empresas públicas e privadas financiaram o regime militar no Brasil.


   


Direção: Deraldo Goulart e Lorena Maria 
Duração: 58 min 
Entrevistados: Pedro Dallari, Rosa Cardoso, José Carlos Dias, Maria Rita Kehl, Luiz Cláudio Cunha, Glenda Mezarobba, Adriano Diogo, Ivan Seixas, Amelinha Teles, Nadine Borges, Álvaro Caldas, Eny Moreira, Hildegard Angel,Senador João Capiberibe, Senador Randolfe Rodrigues, Ana Rita e Carlos Fico.