Surgiu da necessidade de divulgar informações e oferecer materiais para amigos e alunos terem acesso a um conteúdo diversificado e mais abrangente sobre História. Além de servir como ferramenta, na qual posso expor minhas opiniões.
"O problema das revoluções é que sem os exaltados não é possível fazê-las e com eles é impossível governar."
Joaquim Nabuco, diplomata brasileiro (1849-1910).
CHARGE DO MÊS
A Operação Condor (Plano Condor) é o nome do conhecido plano de coordenação de operações entre as cúpulas dos governos ditatoriais do Cone Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai), juntamente com a CIA (EUA), ocorrida nas décadas de 1970 e 1980. Esta coordenação se traduziu na perseguição, vigilância, prisão, interrogatórios (com tortura física e psicológica), deportação para países e desaparecimento e morte de pessoas consideradas "subversivas" e contrárias ao pensamento político e ideológico compatível com os governos militares destes países. O Plano Condor se constituiu ainda numa organização internacional clandestina para a prática do terrorismo de Estado, que pôs em prática o desaparecimento e assassinato de dezenas de milhares de opositores dessas ditaduras, a maioria pertencente a movimentos políticos de esquerda.
O Encontro Nacional de Pesquisadores do
Ensino de História – ENPEH configura-se como uma reunião científica que
objetiva tanto estabelecer e solidificar a pesquisa em Ensino da História nas
pós-graduações em Educação e em História no Brasil, como fortalecer e ampliar
nacional e internacionalmente o espaço de interlocução entre os pesquisadores
dessa área.
O X ENPEH elegeu como temática do evento o âmbito de “Políticas e Práticas do Ensino de
História”. O objetivo principal desta edição é manter e fomentar a
pesquisa na articulação com as políticas e práticas do Ensino de História no
Brasil. Destina-se a pesquisadores, professores, alunos de pós-graduação e
estudantes que possuem o tema como seu objeto de pesquisa.
Local: Universidade Federal de Sergipe - São Cristóvão/SE
Nos últimos tempos, é bem provável que em algum
momento você tenha ouvido falar do Anonymous, um grupo ativista que busca estabelecer uma
liberdade online e também no mundo real, através de ações que buscam incentivar
as pessoas a lutarem por interesses coletivos. O grupo tem como uma de suas
marcas uma máscara que transparece certo ar de mistério, e que foi vista por
muitos no filme “V de Vingança” (Produzido e
roteirizado por Andy Wachowski e Lana Wachowski, os irmãos
que criaram MATRIX). É
evidente que o Anonymous se inspira em muitas ideias apresentadas no
longa-metragem, mas o que pouca gente sabe, é que a máscara não foi criada
nesse filme e que há um grande contexto histórico por trás da imagem daquele
rosto.
O filme dos irmãos Wachowski é uma adaptação do
romance homônimo “V FOR VENDETTA”, a graphic novel (romance gráfico) escrita
por Alan Moore e desenhada por David Lloyd, e que foi publicada entre 1982 e
1988 no Reino Unido. A história do romance se passa em um futuro utópico (1997
– agora passado futurista alternativo), no qual um partido com fortes
tendências totalitárias consegue chegar ao poder após uma guerra nuclear, e
inicia um regime fascista sobre todo o Reino Unido; a mídia é controlada,
campos de concentração para minorias sexuais e etnicas são criados, e agentes
especiais são recrutados para fiscalizar o cumprimento de um toque de recolher.
Nesse cenário opressor, surge um homem vestido de preto e usando uma máscara
estilizada de Guy Fawkes, que inicia várias ações anarquistas a fim de
desestabilizar o governo.
Uma das maiores fontes de inspiração dos
autores foi o governo conservador da primeira-ministraMargaret
Thatcher(governou de 1979 a 1990), que ficou conhecida como “Dama de Ferro”, por conta de suas rígidas posições em
relação aos sindicatos dos trabalhadores, por suas opiniões sobre a União
Soviética, e pelas várias privatizações de empresas realizadas nos primeiros
anos de seu governo.
No entanto, fica evidente também a inspiração
em outra figura histórica: Guy Fawkes. Esse é o nome. A máscara usada pelo
personagem V é uma representação estilizada do rosto de Fawkes, e isso é
claramente citado em diversas passagens da Graphic Novel e no filme. Mas quem
foi este homem a final?
Guy Fawkes(também conhecido como Guido) foi um soldado inglês católico que
participou da “Conspiração da Pólvora”(Gunpowder
Plot),que tinha como objetivo explodir o parlamento
britânico durante uma sessão, em 5 de novembro de 1605. A intenção da
conspiração liderada por Robert Catesby era iniciar um levante católico contra
a repressão do rei protestante Jaime I, matando-o junto de outros parlamentares
protestantes, através da explosão que fora planejada. Guy Fawkes, que era um
perito em explosivos, foi colocado para detonar os 36 barris de pólvora
colocados sob o prédio do parlamento, mas por conta de uma informação vazada,
Fawkes acabou sendo descoberto e preso, antes que o plano fosse posto em
prática.
Guy Fawkes (1570-1606)
Guy Fawkes foi preso, torturado e interrogado,
e então condenado à forca, acusado de traição e por tentativa de assassinato
dos parlamentares e do rei. A conspiração da Pólvora havia fracassado.
A captura de Fawkes é celebrada até os dias de
hoje pelo povo inglês, na chamada “Noite das Fogueiras” (Bonfire Night), realizada em todo dia 5 de novembro. Nesse dia
o rei ou a rainha participa de uma sessão especial no parlamento, e o subsolo
do prédio é tradicionalmente revistado. Nas ruas as pessoas fazem bonecos
representando a figura de Fawkes e ao fim da noite o queimam (semelhante à
queima dos bonecos de Judas aqui no Brasil), e depois disso a população costuma
soltar vários fogos de artifício.
Apesar de o soldado ser tido como um “traidor”
aos olhos do povo inglês, Moore e Lloyd não tiveram receio de colocar um
personagem inspirado na figura histórica de Fawkes para protagonizar sua obra.
Mesmo sendo vista com maus olhos por alguns, aquela figura representa a luta do
povo contra o totalitarismo e a opressão de governos e instituições. E
justamente por conta da trama que envolve a retomada do poder pela população, que
o Anonymous decidiu utilizar a máscara estilizada de Fawkes para representar
seus ideais de liberdade, que por ironia, são também tidos (por alguns) como
atos terroristas – assim como ocorreu na ficção.
Da próxima vez que você se deparar com essa máscara misteriosa com bigodes e um sorriso sutilmente sarcástico, lembre-se que por
trás dela não existe apenas a inspiração vinda de um filme de ficção. Por trás
dela há história, há ideias, há conceitos, e, sobretudo, pensamentos sobre
liberdade e justiça.
A ''Passeata dos Cem Mil'', realizada em
26/06/1968, é considerada a manifestação popular mais importante da resistência
contra a ditadura militar. Ela marca o ponto alto do movimento estudantil e o
início de sua derrocada.
"As
manifestações contra os militares ganharam outra dimensão a partir morte do estudante Edson Luís Lima Souto", afirma Paulo
de Tarso, um dos estudantes envolvidos no sequestro do embaixador americano
Charles Burke Elbrick no ano seguinte.Edson foi baleado pela polícia no dia 28 de março de
1968, aos 18 anos, enquanto jantava no restaurante Calabouço, que atendia
estudantes de baixa renda vindos de outros estados. "A partir de então, os
estudantes se mobilizaram de vez", afirma Tarso.
Em junho de 1968, o
movimento estudantil começou a organizar um número cada vez maior de
manifestações públicas. No dia 18, uma passeata, que terminou no Palácio da
Cultura, também no Rio, foi reprimida pela polícia. O resultado foi a prisão do
líder estudantil Jean Marc van der Weid.
No dia seguinte, o movimento se reuniu na UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro) para organizar novos protestos e pedir
a libertação de Jean e de outros alunos presos. "Levamos coquetel molotov,
pedra, bastões", lembra Vladimir Palmeira, um dos principais líderes
daquele movimento. Mas o resultado foi a detenção de 300 estudantes ao final da
assembleia.
Três dias depois, alguns universitários foram recebidos com
violência pela polícia em uma passeata que terminou em frente à embaixada estadunidense.
A reação dos estudantes gerou um conflito que terminou com 28 mortos, centenas
de feridos, mil presos e 15 viaturas da polícia incendiadas. Aquele dia ficou
conhecido como "Sexta-Feira Sangrenta".
Diante da
repercussão negativa do episódio, o comando militar acabou permitindo uma
manifestação marcada para o dia 26 de junho. Segundo o general Luís França, 10
mil policiais estariam prontos para entrar em ação caso fosse necessário. Estas
foram as primeiras notícias sobre aquela que ficaria conhecida como Passeata
dos Cem Mil.
Logo pela manhã,
estudantes, artistas, religiosos e intelectuais já tomavam as ruas do centro do
Rio. A passeata começou às 14h com cerca de 50 mil pessoas. Uma hora depois
esse número já havia dobrado.Foi quando Vladimir
tomou o microfone para um discurso em frente à igreja da Candelária. Foram três
horas de passeata que terminou sem conflitos em frente à Assembleia
Legislativa. "A gente sabia que seria grande, mas não esperava aquelas 100
mil pessoas", afirma Palmeira. "Mesmo que o governo não permitisse,
apareceria muita gente porque a população estava muito descontente com a
repressão."
Depois do evento, o
então presidente Costa e Silva marcou uma reunião com líderes da sociedade
civil – entre eles os universitários Franklin Martins e Marcos Medeiros. No
encontro, foi pedida a libertação de estudantes presos, o fim da censura e a
abertura do restaurante Calabouço. Nenhuma reivindicação foi aceita.
O resultado foi a
realização de outra passeata, que na ocasião reuniu 50 mil pessoas. Era o
início da repressão mais violenta contra o movimento estudantil.No mês seguinte, o
governo proibiu oficialmente todo tipo de manifestação em território nacional.
No dia 2 de agosto, Vladimir Palmeira foi preso. Logo em seguida, outros 650
estudantes foram para a cadeia. No dia 4, 300 alunos foram detidos em São
Paulo.
Mas os golpes mais
duros contra o movimento ainda estavam por vir. O projeto de lei que concedia
anistia aos estudantes e operários presos foi rejeitado pelo Congresso no dia
21 de agosto daquele ano.
No dia 12 de outubro
de 1968, mais de 400 estudantes foram detidos durante um congresso clandestino
da UNE (União Nacional dos Estudantes) em Ibiúna, interior de São Paulo. Entre
os líderes estavam Luis Travassos, o ex-ministro José Dirceu e Vladimir
Palmeira, solto dias antes.
O Ato Institucional
nº 5, promulgado no dia 13 de dezembro de 1968, legalizou a repressão, e em
fevereiro do ano seguinte foi baixado um decreto-lei que proibiu
definitivamente toda e qualquer manifestação política dentro das universidades
do país. Os militares tinham finalmente desarticulado o movimento estudantil.
A Redenção de Cam é uma pintura a óleo sobre tela realizada pelo pintor espanhol Modesto Brocos em 1895.
A obra aborda as teorias raciais do fim do século XIX e o fenômeno da busca do "embranquecimento" gradual das gerações de uma mesma família por meio da miscigenação. A obra encontra-se conservada no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
O título é uma referência ao episódio bíblico da maldição lançada por Noé sobre seu filho, Cam, e todos os seus descendentes, conforme relatado no livro do Gênesis. Punindo Cam por zombar de sua nudez e embriaguez, Noé profetizou que o mesmo seria "o último dos escravos de seus irmãos". Os descendentes de Cam seriam os povos de pele escura de algumas regiões da África, além das tribos que habitavam a Palestina antes dos hebreus, serviu por muito como argumento de ideólogos e mercadores para validar, durante o período colonial e ao longo do império, o tráfico de escravos africanos para o Brasil. O pecado de Cam seria, assim, o evento fundador de uma situação imutável e a justa punição divina de todo um povo.
Na obra de Modesto Brocos, em frente a uma pobre habitação, três gerações de uma mesma família são retratadas. A avó, negra, a mãe, mulata, e a criança, fenotipicamente branca. A matriarca, com semblante emocionado, ergue as mãos aos céus, em gesto de agradecimento pela "redenção": o nascimento do neto branco, que será poupado das agruras e das memórias do passado escravocrata.