13 de set. de 2013 | By: Fabrício

Conceito de alienação (segundo Karl Marx)


O conceito de alienação é vasto e pode englobar várias maneiras e formas de pensamento. O primeiro filósofo a abordar esse tema foi Karl Marx. Isto está explicito em dois de seus trabalhos que respectivamente são: Manuscritos econômicos filosóficos (1844) e Elementos para a critica econômica política (1857), ambos enfatizam que o sistema capitalista é um sistema extremamente explorador e injusto, principalmente com as classes menos favorecidas economicamente, como a classe do proletariado sente na pele a todo momento essa injustiça.

Na idade média o artesão detinha todo o conhecimento da fabricação do produto, com o surgimento da industrialização o operário era apto e exercer e trabalhar em uma só função, ou seja, em uma parte da fabricação do produto, sendo assim o trabalhador não participando de todo o processo da produção não seria necessário entender o que estaria ajudando a produzir, tinha apenas que cumprir sua parte na linha de montagem.

Peguemos o exemplo do fabricante de cordas para violões, antes do surgimento do capitalismo e suas grandes fábricas, quem fabricava as cordas consequentemente fabricava também o violão, afinava-o e tocava o instrumento muito bem. Com essa individualização na fabricação do instrumento, o operário fabricava as cordas enquanto outro fabricava o corpo do violão e o outro já fabricava o braço do instrumento, outro trabalhador é pago só para afina-lo e assim por diante. Assim não teria como obrigação todos os operários saberem tocar violão. Outro exemplo mais recente acontece com o operário metalúrgico que coloca portas nos carros produzidos nas grandes montadoras, o mesmo passa todo o período produtivo de sua vida montando automóveis para chegar à conclusão final de que nunca possuirá o bem que ajuda a fabricar. A esse exemplo pode-se encaixar o que Karl Marx chama de “objeto se sobrepondo ao sujeito”, em outras palavras, é a alienação da negação, pois Marx defendia a ideia que o individuo deveria se impor diante do objeto e não o contrário. A partir do momento que o sujeito nega a negação Marx da o nome desse acontecimento de “desalienação”.

A produção depende do consumo e o consumo depende da produção, esse modo é cíclico, quando se é consumido o que é produzido e não se produz mais, o ciclo se fecha. Esse ciclo pode ser definido como ciclo de alienação, porém em uma sociedade capitalista isso é impossível de acontecer, pois o que se é produzido tem que por obrigação ser consumido em um prazo mais rápido possível, para que se produza sempre mais e mais explorando o proletariado, que toma corpo quando, por exemplo, o patrão não paga o salário devido e não cumpre com os direitos trabalhistas. Sem essa exploração a elite não acumula capital e consequentemente não obtém lucros e assim não pode continuar o processo de alienação.

Marx também trabalha a alienação humana através do fetichismo, no qual o indivíduo começa a valorizar mais os bens materiais como automóveis, mansões, etc. e deixa-se de admirar atos bondosos ou a inteligência do sujeito e passa a dar mais valor ao capital que o sujeito tem, sendo o dinheiro o maior desses fetichismos, pois com o dinheiro se é capaz de comprar todos os bens matérias.

A religião também tem grande poder de alienar, pois explica fatos que são cientificamente inexplicáveis. Certa vez Marx citou em seu livro Manuscritos econômicos filosóficos, (p. 45-46): “A religião é o suspiro do oprimido, é o ópio do povo”.

Segundo o filósofo, esse modo de alienação que as classes dominantes exercem sobre as classes dominadas só terá seu fim decretado com a chegada do comunismo entre as classes econômicas.

Assista um trecho do filme Tempos Modernos, de Charlie Chaplin (1936).


Percebeu? Fica evidente no filme que o ritmo de apertar parafusos não é nada espontâneo. Charles Chaplin pode parecer engraçado, mas mostra o retrato do homem moderno, que vive com salário mínimo, com total lucro para o industrial. 

Você pode ver também a alienação do homem quando este não para, a fim de questionar a sociedade em que vive e questionar-se a si próprio. Por quê? Simples: não sobra tempo para isso, pois o trabalho em ritmo acelerado não possibilita que isso ocorra. Isso se chama sociedade industrial.

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