30 de mar. de 2014 | By: Fabrício

11 músicas que simbolizam os 21 anos do regime militar (1964-1985)

A lista a seguir, refere-se à 11 músicas sobre o regime militar brasileiro na tentativa de expor um panorama do período. Publicado na Folha de S. Paulo (28/03/2014) pelo historiador Marco Antonio Villa, que buscou sair do mesmismo (daquelas músicas clássicas que todos já estamos acostumados a ouvir quando se refere a ditadura militar).

“Opinião”, de Zé Ketty. Inaugura a música de protesto ao regime (e ao governador Carlos Lacerda, da Guanabara). E ainda em 1964.


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“Sinal Fechado”. Obra-prima de Paulinho da Viola. Coloca os dilemas da vida urbana, a correria, a pressa, o estresse, as relações partidas. É o Brasil moderno, industrial e urbano, que deixou para trás o mundo rural.



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“Apesar de Você”. A resposta musical de Chico Buarque ao principal redator do AI-5, o ministro da “Justiça” Gama e Silva.



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“Eu Te Amo, Meu Brasil”. É a música símbolo do ufanismo do regime, primária na letra, na música e na interpretação de “Os Incríveis”. Acabou demonizada.



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“País Tropical” de Jorge Ben (na época não era “Ben Jor”), é tão ufanista como ela, mas é mais elaborada e teve a célebre interpretação de Wilson Simonal.



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“Pare de Tomar a Pílula”. Odair José apresenta as contradições de um relacionamento amoroso em um país que, apesar da repressão política, estava realizando uma profunda transformação comportamental. E a música de Odair não era dirigida à classe média, mas ao “povão” dos subúrbios e periferias.



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“Tributo a Martim Luther King”. Foi uma das primeiras músicas (e de sucesso) que colocou o dedo na ferida do preconceito racial no Brasil. A interpretação de Wilson Simonal é belíssima (a música é dele e de Ronaldo Bôscoli).



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“As Curvas da Estrada de Santos” (Roberto Carlos/Erasmo Carlos). O carro como símbolo sexual e produto da modernização econômica do regime e do “milagre econômico.” A enorme expansão da indústria automobilística transformou o carro no objeto de consumo mais desejado e indispensável até para namorar. Em entrevista, Lula recordou duas alegrias quase que simultâneas: o início do namoro com dona Marisa e a compra de um TL (“Entrei no carro, ele pegou na hora. Banco reclinado. Me senti um rei. Depois eu só progredi na vida.” ).



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“Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil. Tortura e censura como sinônimos do auge do regime repressivo durante a vigência do AI-5.



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“Casa no Campo” (Zé Rodrix). Não está nem aí para a grande política. Sai da esfera do coletivo para a do indivíduo. Apresenta idilicamente o mundo rural como contraponto à vida nas metrópoles, símbolos do progresso do regime. Faz parte da revolução comportamental do período, do movimento hippie e com pitadas de contracultura.



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“Que País É Esse?” É um dos clássicos da Legião Urbana. Retrata bem a crise final do regime militar usando a pergunta do indefectível Francelino Pereira, presidente da Arena.

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