26 de mar. de 2013 | By: Fabrício

O Ofício de Historiador

O homem durante sua existência sempre sentiu a necessidade de conhecer suas origens e de onde ele veio. Com o passar do tempo essa necessidade foi se tornando cada vez mais intensa e o pouco conhecimento que tinha de si já não era o bastante para os seres humanos. Acredito que foi dessa necessidade que surgiu a chamada Ciência História que vai investigar o passado a procura da origem das muitas identidades desse homem.

O historiador é como um detetive do passado que tem uma busca incessante por pistas que o aproxime de uma resposta para suas indagações. Para isso o historiador deve ir atrás de fontes históricas. Para o historiador francês Marc Bloch o historiador deve tomar cuidado com as verdades absolutas, pois o mesmo fato pode ser interpretado de várias maneiras, de acordo com o interesse de que narrou tal fato ou até mesmo de quem leu.

O grande problema que um historiador pode enfrentar é a falta de fontes. Afinal, sem as fontes históricas não é possível fazer História. Sem as mesmas ele fica desguarnecido de informações. Às vezes as fontes existem, mas não estão organizadas, catalogadas ou mesmo disponíveis. Foi tentando minimizar este problema que surgiram museus, arquivos, bibliotecas e, mais recentemente, os centros de documentação.

Todo documento, quando é produzido, tem suas finalidades específicas e entre essas não figura a de servir como testemunha histórica, portanto, cabe ao historiador interpretá-lo para assim desvendar o que há por detrás de tal documentação. Logo o documento tem valor histórico quando este serve para satisfazer as perguntas de um objeto de pesquisa.

Para o historiador brasileiro Ciro Flamarion Cardoso, a partir do surgimento da chamada Escola dos Annales, movimento fundado por Marc Bloch e Lucien Febvre, a noção de documento histórico vem se ampliando muito. Prova disso é que hoje além das Histórias em Quadrinhos (HQs) é possível fazer História com base na análise jogos de vídeo game (algo que era inconcebível décadas atrás), ou seja, é possível trabalhar com os mais diversos instrumentos para a produção historiográfica.

TIPOS DE FONTES HISTÓRICAS:

Documentos Escritos: são as fontes históricas mais utilizadas pelos historiadores e trazem informações escritas em certidões, cartas, testamentos, jornais, revistas, letras de músicas, livros, diários...

Relatos Orais: são os registros feitos a partir de entrevistas, que podem ser gravadas ou transcritas, com pessoas que participaram de acontecimentos do passado ou testemunharam.

Fontes Materiais: são os sinais que o homem deixa pelos lugares por onde passa, que podem ser vistos em vários sítios arqueológicos abertos à visitação pública ou em museus especializados.

Fontes Audiovisuais e Musicais: nesta categoria, encontram-se o cinema, a televisão e os registros sonoros em geral.

Fontes Iconográficas: são imagens, pinturas, fotografias, anúncios publicitários entre outros.

Fontes Arquitetônicas: são casas, monumentos e outras construções edificadas no passado.

Em geral, os professores acabam usando os documentos para afirmar a veracidade de determinados fatos ou para dar relevo aos seus argumentos. Isso é resultado, em parte, de um drama comum na aula de História que começa em duas situações: a primeira é quando o estudante pergunta a razão de estudar a disciplina (“uma coisa tão antiga”); a segunda é quando o aluno indaga, por exemplo, sobre os rituais de mumificação no Egito Antigo e acrescenta: “Como o senhor sabe, professor, se não estava lá”? O embaraço das questões leva o docente a reafirmar o papel da fonte como prova de seu relato. Esta utilização é perigosa, porque leva as novas gerações a preservarem a noção de História como algo que trata apenas do que está escrito nos documentos.

Quero concluir dizendo que enquanto professores é fundamental problematizar o documento quanto ao seu papel na época em que foi elaborado. Utilizamos as fontes tanto para mostrar a complexidade do conhecimento histórico e modificar o modo como se representa a História na memória coletiva quanto para aproximar as experiências alheias ao estudante. O risco é reafirmar aquilo que a historiografia já abandonou há um bom tempo, ou seja, a noção de que o documento carrega a verdade da História, enquanto os historiadores seriam apenas sujeitos passivos ao descreverem o passado por meio das fontes. 



REFERÊNCIAS:
  • BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 2001.
  • CARDOSO, Ciro Flamarion e MAUAD, Ana Maria. história e Imagem: Os exemplos da fotografia e do cinema. In: CARDOSO, Ciro flamarion e VAINFAS, Ronaldo (orgs). Domínios da História. Ensaios de teorias e metodologia. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1997.

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