O documentário Pro Dia Nascer Feliz fala sobre as diferentes situações que
adolescentes de 14 a 17 anos, ricos e pobres, enfrentam dentro da escola: a
precariedade, o preconceito, a violência e a esperança. Foram ouvidos alunos de
escolas da periferia de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco e também de dois
renomados colégios particulares, um de São Paulo e outro do Rio de Janeiro.
O filme trata da
relação do adolescente com a escola, focando também a desigualdade social e a
banalização da violência. De fato, o filme mostra o cotidiano escolar de uma
região extremamente pobre em Pernambuco, outra precarizada no Rio de Janeiro,
umas em situação de barbárie em São Paulo, uma em estado razoável em
Itaquaquecetuba (SP) e uma escola de elite de São Paulo. Há uma nítida opção
pelo aluno, mostrando jovens pressionados em busca de resultados, outros
abandonados física e afetivamente pelos pais, submetidos a um conflito de
gerações com os professores, abandonados por uma escola que muitas vezes nem
aula tem. Mostra que há angústias comuns entre os jovens de todas as classes,
mas um abismo social que os separa.
Outro ponto relevante que o documentário aborda é o fato de mostrar o professor tal qual ele é: na escola dos pobres, um trabalhador precarizado tão vitimado quanto os alunos e impotente diante do caos em que se vê imerso. Na escola dos ricos, um elemento de classe média desfrutando do status e respeito que as condições lhe oferecem. Aliás, uma forma interessante de se pensar o filme está na comparação da figura dos professores das diferentes escolas. De um lado, professoras descabeladas, com olheiras, cansaço visível e uma situação que leva muitos aos calmantes e antidepressivos: xingamentos, ofensas, descaso e a convivência em escolas e bairros que são uma tortura estética. Do outro, a suavidade de uma professora falando de O Cortiço, de Aloísio Azevedo, do alto de seu salário de R$ 6 mil mensais, sem expressão de cansaço, muito bem vestida e diante de uma plateia silenciosa de "futuros vencedores", num ambiente aprazível, limpo e arborizado; da cadeira ou sofá pode-se sentir o frescor que o ambiente transmite.
O resultado: a educação pública na UTI. Surge então uma pergunta: de quem é a culpa? Afinal, o inciso I, do artigo 3º da Lei 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases (LDB) expõe a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” como um dos princípios do ensino. Mas quando voltamos os olhos para Brasil, um artigo como esse parece piada.
O documentário não possui a finalidade de apontar caminhos e possíveis soluções para uma mudança no Brasil, mas sim mostrar a realidade nua e crua enfrentadas, no qual o mesmo pede a reflexão do telespectador sob as condições oferecidas, de instituições e trabalho escolar no Brasil.
Serve para refletirmos o quão desigual caminha nosso país educacionalmente falando e enquanto nossa educação pública não mergulhar de vez em um profundo caos – para assim haver uma reivindicação coletiva em busca de melhorias através de nossos legisladores –, não consigo enxergar perspectiva de melhora, ao menos a curto prazo.
DIREÇÃO: João Jardim.
Outro ponto relevante que o documentário aborda é o fato de mostrar o professor tal qual ele é: na escola dos pobres, um trabalhador precarizado tão vitimado quanto os alunos e impotente diante do caos em que se vê imerso. Na escola dos ricos, um elemento de classe média desfrutando do status e respeito que as condições lhe oferecem. Aliás, uma forma interessante de se pensar o filme está na comparação da figura dos professores das diferentes escolas. De um lado, professoras descabeladas, com olheiras, cansaço visível e uma situação que leva muitos aos calmantes e antidepressivos: xingamentos, ofensas, descaso e a convivência em escolas e bairros que são uma tortura estética. Do outro, a suavidade de uma professora falando de O Cortiço, de Aloísio Azevedo, do alto de seu salário de R$ 6 mil mensais, sem expressão de cansaço, muito bem vestida e diante de uma plateia silenciosa de "futuros vencedores", num ambiente aprazível, limpo e arborizado; da cadeira ou sofá pode-se sentir o frescor que o ambiente transmite.
O resultado: a educação pública na UTI. Surge então uma pergunta: de quem é a culpa? Afinal, o inciso I, do artigo 3º da Lei 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases (LDB) expõe a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” como um dos princípios do ensino. Mas quando voltamos os olhos para Brasil, um artigo como esse parece piada.
O documentário não possui a finalidade de apontar caminhos e possíveis soluções para uma mudança no Brasil, mas sim mostrar a realidade nua e crua enfrentadas, no qual o mesmo pede a reflexão do telespectador sob as condições oferecidas, de instituições e trabalho escolar no Brasil.
Serve para refletirmos o quão desigual caminha nosso país educacionalmente falando e enquanto nossa educação pública não mergulhar de vez em um profundo caos – para assim haver uma reivindicação coletiva em busca de melhorias através de nossos legisladores –, não consigo enxergar perspectiva de melhora, ao menos a curto prazo.
DIREÇÃO: João Jardim.
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