Eu
começo com os jovens. Nós os mais velhos estamos desgastados, mas meus jovens
magníficos! Existem melhores que esses em qualquer lugar do mundo? Olhe para
todos esses homens e garotos! Que material! Juntos, nós podemos fazer um novo
mundo!
Adolf Hitler, 1933
No
dia 30 de abril de 1945, quando tropas soviéticas estavam a poucos quarteirões
do bunker onde havia se escondido, Adolf Hitler (1889-1945), chefe (führer)
do regime nazista, cometeu suicídio disparando uma bala na sua têmpora direita.
Imediatamente o mundo pôs-se estupefato, perguntando-se como seria possível um
país de mais de 65 milhões de pessoas haver sustentado um movimento tão
destrutivo quanto o nacional-socialismo. Conforme novas informações chegavam às
agências internacionais de notícias acerca do número de vítimas dos campos de
concentração, a intelectualidade e as elites políticas de diversos países
tornavam-se progressivamente mais obcecadas em explicar aquele que seria o
enigma do século XX: o que levaria um grupo de pessoas, em sua maioria racionais,
a apoiar um líder autocrático, cuja ordem mais vultosa fora a de exterminar
mais de 6 milhões de vidas humanas em câmaras de gás? Muitos, dentre os quais
escritores como Albert Camus e filósofos como Hanna Arendt, se dispuseram a
respondê-lo, apresentando seus argumentos na forma de tratados, estudos,
romances e, obviamente, filmes.
Essa
é a tônica que o filme A Onda nos apresenta. Em uma escola na Alemanha, alunos
têm de escolher entre duas disciplinas eletivas, uma sobre anarquia e a outra
sobre autocracia. O professor Rainer Wenger é colocado para dar aulas sobre
autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Após alguns minutos da primeira
aula, ele decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um governo
fascista dentro da sala de aula. Eles dão o nome de "A Onda" ao
movimento, e escolhem um uniforme e até mesmo uma saudação. Só que o professor
acaba perdendo o controle da situação, e os alunos começam a propagar "A
Onda" pela cidade, tornando o projeto da escola um movimento real. Quando
as coisas começam a ficar sérias e fanáticas demais, Wenger tenta acabar com
"A Onda", mas aí já é tarde demais. Portanto, o filme toca em uma questão para refletirmos: a de que governos autocráticos como o nazismo e o fascismo, talvez estejam mais próximo de nós do que pensamos, e que eles podem ressurgir a qualquer momento.
A esse respeito, podemos regressar a Albert Camus. Em 1947, o autor publicou um de seus maiores romances A Peste, cuja advertência aproxima a obra do filme alemão. Na trama, a pequena cidade de Oran, na Argélia, é tomada por uma epidemia de peste bubônica depois de ser invadida por ratos. A trama apresenta ao leitor uma analogia muito clara entre a invasão nazista da França, e a subsequente disputa entre a Resistência e os colaboracionistas, opondo os que combatem a doença àqueles que lucram com ela. Mesmo sustentando um tom mais bélico do que político, em sua conclusão o narrador da obra menciona a comemoração geral após a notícia de que a epidemia cessara, ecoando aquela feita pela população de Paris quando da Libertação. Em meio à felicidade de seus concidadãos, o protagonista da obra, o médico Rieux, manteve-se em uma posição pessimista, pois sabia que, tal qual o fascismo, “o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e nas roupas, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz”. É o que acontece com os governos autocráticos (fascismo e nazismo). Quando pensamos que trata-se de um sistema político que ficou no passado, acamos surpreendidos quando nos deparamos com notícias de que jovens em nosso mundo contemporâneo, são seguidores de tais regimes e que veneram líderes como Mussolini e Hitler. Logo o que nos deixa encomodados é que sistemas como estes apesar de pensarmos estar adormecido eles podem voltar a qualquer momento, assim como o bacilo da peste do livro de Albert Camus.
A esse respeito, podemos regressar a Albert Camus. Em 1947, o autor publicou um de seus maiores romances A Peste, cuja advertência aproxima a obra do filme alemão. Na trama, a pequena cidade de Oran, na Argélia, é tomada por uma epidemia de peste bubônica depois de ser invadida por ratos. A trama apresenta ao leitor uma analogia muito clara entre a invasão nazista da França, e a subsequente disputa entre a Resistência e os colaboracionistas, opondo os que combatem a doença àqueles que lucram com ela. Mesmo sustentando um tom mais bélico do que político, em sua conclusão o narrador da obra menciona a comemoração geral após a notícia de que a epidemia cessara, ecoando aquela feita pela população de Paris quando da Libertação. Em meio à felicidade de seus concidadãos, o protagonista da obra, o médico Rieux, manteve-se em uma posição pessimista, pois sabia que, tal qual o fascismo, “o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e nas roupas, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz”. É o que acontece com os governos autocráticos (fascismo e nazismo). Quando pensamos que trata-se de um sistema político que ficou no passado, acamos surpreendidos quando nos deparamos com notícias de que jovens em nosso mundo contemporâneo, são seguidores de tais regimes e que veneram líderes como Mussolini e Hitler. Logo o que nos deixa encomodados é que sistemas como estes apesar de pensarmos estar adormecido eles podem voltar a qualquer momento, assim como o bacilo da peste do livro de Albert Camus.
O
filme é baseado no romance "The Wave" de Todd Strasser (sob o
pseudônimo de Morton Rhue), uma história de ficção, mas que foi baseada em
fatos reais. Em abril de 1967, em uma escola de ensino médio em Palo Alto, na
Califórnia, o professor Ron Jones fez o experimento mostrado no longa com os
seus alunos, e o chamou de "Third Wave".
Ótima
opção para se trabalhar o conceito de governos autocráticos e de como eles se
originam.
0 comentários:
Postar um comentário