Em 1935, a França anunciou sua mais nova realização militar: a Linha Maginot, um complexo de fortificações muito sofisticado na fronteira com a Alemanha, destinado a impedir que se repetisse a invasão ao país ocorrida na Primeira Guerra. Os nazistas, no poder já havia dois anos, pensaram na resposta: construir um canhão que destruísse tal barreira.
Em meados dos
anos de 1930, a indústria alemã Krupp (atualmente conhecida como ThyssenKrupp -
é isso mesmo, justamente a empresa que é famosa por fabricar elevadores no
Brasil), detentora de patentes diversas em armas, trens e outros equipamentos
já naquela época, foi selecionada pelo governo alemão e recebeu uma encomenda
literalmente monstruosa. Hoje seria fácil com mísseis teleguiados, mas
na época foi um desafio e tanto! O engenheiro Erich Müller chegou à conclusão
de que seria possível construir um canhão dessa magnitude, porém seria
necessário um transporte adequado e que conseguisse carregar muita carga porque
ele seria monstruosamente grande. A Krupp já tinha fama nos trilhos, então não
foi difícil para eles encaixar a gigantesca arma sobre o vagão de um poderoso
trem.
O resultado foi
a maior arma já usada em combate, o Schwerer Gustav – ou Gustav Pesado.
Ele tinha 46,3 metros de comprimento, 11,6 de altura e pesava 1350 toneladas –
equivalente a 20 tanques superpesados Tiger II, os maiores da guerra. Schwerer
Gustav, é como foi chamado o canhão, em honra do seu criador Gustav Krupp,
diretor da empresa entre 1909 e 1944.
A superarma não
foi completada a tempo da invasão da França, em maio de 1940. Nem foi
necessária: os alemães simplesmente invadiram a Bélgica e a Holanda e deram a
volta na Linha Maginot, até hoje um dos maiores fracassos militares da
História.
Gustav e sua
irmã gêmea, Dora, agiriam no Front Oriental. Gustav foi utilizado no Cerco
de Sebastopol (região da atual Ucrânia), em 1942, destruindo fortificações
costeiras soviéticas. Quarenta e oito tiros foram disparados antes que o cano
acabasse gasto e fosse mandado de volta à Alemanha. Dora foi levada a
Stalingrado. Essa foi a maior de toda História, mas não se sabe ao certo se
chegou a dar um único tiro.
Schwerer Gustav
A artilharia
hiperpesada, porém, era um conceito tão ultrapassado quanto a Linha Maginot.
Aviões podiam fazer o trabalho bem melhor, a menos custo e sem as complicações logísticas
de um supercanhão.
Curiosidades:
Curiosidades:
- Operação Simples: Os projéteis eram trazidos pela ferrovia e içados por dois guindastes elétricos. A tecnologia acabava por aí: os soldados os empurravam até a base do canhão em carrinhos, rolavam-nos com as mãos para a posição e os introduziam no canhão também manualmente, usando uma bucha.
- Comboio: O canhão era desmontado para
ser carregado em ferrovias comuns. Em carros separados iam a culatra, as
duas seções do cano, a cobertura do cano, o munhão e a base, dividida pela
metade, também em duas partes. Os carros de suporte iam direto nos
trilhos. No total, o comboio tinha 25 carros e 1500 metros de comprimento.
- Primitivo: Para o maior canhão da
história, o Gustav era uma máquina relativamente simples. Era fixo na
horizontal e só atirava para a frente. Para mirar, usava-se uma ferrovia
curva – a posição nos trilhos indicava a direção do alvo. Mesmo com balas
tão potentes, não era necessário fixá-lo ao chão para proteger dos recuos.
Era tão pesado que bastavam os freios das rodas, e ele mal se movia para
trás ao atirar.
- Cano: Com 32 metros de comprimento, a arma podia disparar a cada 15 minutos, ainda que, em média, o mais comum fossem 14 disparos por dia. Pelo ângulo, os projéteis atingiam 12 quilômetros de altitude. Era possível atirar 300 vezes antes que a parte interna ficasse gasta e tivesse de ser mandada para a Alemanha para reparos. O ângulo de disparo era ajustado por motores elétricos.
Assista ao vídeo a seguir:
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