Todo dia é a mesma coisa. Acordamos bem cedo, tomamos um café, nos
aprontamos e vamos para nossos trabalhos. Cada um tem uma função, cada qual
tenta se encaixar como pode neste mundo maluco. No curta El Empleo (O Emprego), a história
não é muito diferente, exceto que os empregos são um bocado incomuns.
El Empleo é um
curta produzido em 2008, dirigido por Santiago Grasso e escrito por Patricio Gabriel Plaza. A animação ganhou nada menos que 102 prêmios. Este curta
argentino vai deixar você intrigado, afinal, ele vem para debater diversas
questões sobre a sociedade, as tecnologias, a qualidade de vida e dos
trabalhos, das relações que temos uns com os outros e diversos outros assuntos
com os quais não nos preocupamos.
Santiago
Grasso (autor da animação) é desenhista, ilustrador e animador, formado pela
Faculdade de Bellas Artes da Universidade Nacional de La Plata. Possui diversos
curtas, dos quais se destaca "El Empleo", um curta de animação
argentina de 2008, premiado em diversos festivais. A animação mostra a rotina
melancólica, ligada a um mundo desconexo, de um homem, que percorre seu caminho
usual até o trabalho, na qual usar as pessoas como objetos faz parte do
cotidiano.
Nesta
animação, que retrata um mundo bizarro, onde tudo é substituído por pessoas,
vemos que os personagens parecem lidar com grande naturalidade toda aquela
estranheza do cotidiano. No início, e
durante o curta, o que vemos é uma animação surreal, onde todos os objetos de
um mundo real – desde a mobília da casa, o semáforo do trânsito até ao
mecanismo que movimenta o elevador de um prédio – são substituídos por pessoas.
Porém, é no final do curta que entendemos toda a melancolia daquele homem, que
percorre seu caminho até o trabalho para ter o mesmo fim que o dos outros
personagens: de ser um objeto. No seu caso, de ser um tapete na entrada de um
escritório de um burguês.
Coisificados,
massificados e precificados conforme seu desempenho corporativo, a
realidade dos trabalhadores em inúmeras empresas ao redor do
mundo reflete condições de trabalho rígidas, desumanizadas e
desrespeitosas, que levam vários indivíduos a adoecer e
a ter problemas psicológicos que não são nada menos que a
somatização da vida massacrante do homem contemporâneo encarcerado nas modernas
senzalas de um sistema econômico que está tornando a humanidade cada vez mais materialista.
O final perturbador
dessa animação mostra seu impacto e sua genialidade para transmitir uma crítica
à sociedade contemporânea e ao sistema capitalista.
A partir destas críticas, podemos fazer um diálogo com uma categoria marxista: a “coisificação” do homem; a transformação do homem em simples objeto. Karl Marx aponta a reificação do homem como um dos males mais nocivo originado do capitalismo.
A partir destas críticas, podemos fazer um diálogo com uma categoria marxista: a “coisificação” do homem; a transformação do homem em simples objeto. Karl Marx aponta a reificação do homem como um dos males mais nocivo originado do capitalismo.
Por fim, a
crítica à sociedade contemporânea sintetiza a forma que as relações sociais
estão deterioradas. É evidente o processo de desumanização das pessoas como
algo natural, no qual o valor das pessoas é medido pelo que elas têm ou pelo que
produzem e não pelo que são.
Bom, assistam e tirem suas próprias conclusões.
Referências:
Bom, assistam e tirem suas próprias conclusões.
Referências:
- EL EMPLEO. Santiago Grasso. Argentina: Opusbou, 2008.
- MARX, Karl. O Capital. Coleção Os economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
0 comentários:
Postar um comentário