A ''Passeata dos Cem Mil'', realizada em
26/06/1968, é considerada a manifestação popular mais importante da resistência
contra a ditadura militar. Ela marca o ponto alto do movimento estudantil e o
início de sua derrocada.
"As manifestações contra os militares ganharam outra dimensão a partir morte do estudante Edson Luís Lima Souto", afirma Paulo de Tarso, um dos estudantes envolvidos no sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick no ano seguinte. Edson foi baleado pela polícia no dia 28 de março de 1968, aos 18 anos, enquanto jantava no restaurante Calabouço, que atendia estudantes de baixa renda vindos de outros estados. "A partir de então, os estudantes se mobilizaram de vez", afirma Tarso.
Em junho de 1968, o
movimento estudantil começou a organizar um número cada vez maior de
manifestações públicas. No dia 18, uma passeata, que terminou no Palácio da
Cultura, também no Rio, foi reprimida pela polícia. O resultado foi a prisão do
líder estudantil Jean Marc van der Weid.
No dia seguinte, o movimento se reuniu na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para organizar novos protestos e pedir a libertação de Jean e de outros alunos presos. "Levamos coquetel molotov, pedra, bastões", lembra Vladimir Palmeira, um dos principais líderes daquele movimento. Mas o resultado foi a detenção de 300 estudantes ao final da assembleia.
Três dias depois, alguns universitários foram recebidos com violência pela polícia em uma passeata que terminou em frente à embaixada estadunidense. A reação dos estudantes gerou um conflito que terminou com 28 mortos, centenas de feridos, mil presos e 15 viaturas da polícia incendiadas. Aquele dia ficou conhecido como "Sexta-Feira Sangrenta".
No dia seguinte, o movimento se reuniu na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para organizar novos protestos e pedir a libertação de Jean e de outros alunos presos. "Levamos coquetel molotov, pedra, bastões", lembra Vladimir Palmeira, um dos principais líderes daquele movimento. Mas o resultado foi a detenção de 300 estudantes ao final da assembleia.
Três dias depois, alguns universitários foram recebidos com violência pela polícia em uma passeata que terminou em frente à embaixada estadunidense. A reação dos estudantes gerou um conflito que terminou com 28 mortos, centenas de feridos, mil presos e 15 viaturas da polícia incendiadas. Aquele dia ficou conhecido como "Sexta-Feira Sangrenta".
Diante da
repercussão negativa do episódio, o comando militar acabou permitindo uma
manifestação marcada para o dia 26 de junho. Segundo o general Luís França, 10
mil policiais estariam prontos para entrar em ação caso fosse necessário. Estas
foram as primeiras notícias sobre aquela que ficaria conhecida como Passeata
dos Cem Mil.
Logo pela manhã,
estudantes, artistas, religiosos e intelectuais já tomavam as ruas do centro do
Rio. A passeata começou às 14h com cerca de 50 mil pessoas. Uma hora depois
esse número já havia dobrado. Foi quando Vladimir
tomou o microfone para um discurso em frente à igreja da Candelária. Foram três
horas de passeata que terminou sem conflitos em frente à Assembleia
Legislativa. "A gente sabia que seria grande, mas não esperava aquelas 100
mil pessoas", afirma Palmeira. "Mesmo que o governo não permitisse,
apareceria muita gente porque a população estava muito descontente com a
repressão."
Depois do evento, o
então presidente Costa e Silva marcou uma reunião com líderes da sociedade
civil – entre eles os universitários Franklin Martins e Marcos Medeiros. No
encontro, foi pedida a libertação de estudantes presos, o fim da censura e a
abertura do restaurante Calabouço. Nenhuma reivindicação foi aceita.
O resultado foi a
realização de outra passeata, que na ocasião reuniu 50 mil pessoas. Era o
início da repressão mais violenta contra o movimento estudantil. No mês seguinte, o
governo proibiu oficialmente todo tipo de manifestação em território nacional.
No dia 2 de agosto, Vladimir Palmeira foi preso. Logo em seguida, outros 650
estudantes foram para a cadeia. No dia 4, 300 alunos foram detidos em São
Paulo.
Mas os golpes mais
duros contra o movimento ainda estavam por vir. O projeto de lei que concedia
anistia aos estudantes e operários presos foi rejeitado pelo Congresso no dia
21 de agosto daquele ano.
No dia 12 de outubro
de 1968, mais de 400 estudantes foram detidos durante um congresso clandestino
da UNE (União Nacional dos Estudantes) em Ibiúna, interior de São Paulo. Entre
os líderes estavam Luis Travassos, o ex-ministro José Dirceu e Vladimir
Palmeira, solto dias antes.
O Ato Institucional
nº 5, promulgado no dia 13 de dezembro de 1968, legalizou a repressão, e em
fevereiro do ano seguinte foi baixado um decreto-lei que proibiu
definitivamente toda e qualquer manifestação política dentro das universidades
do país. Os militares tinham finalmente desarticulado o movimento estudantil.
Referência:
- Revista História da Biblioteca Nacional
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