Conciliar informação com entretenimento. Este
é o objetivo da série “Histórias do Brasil”, da TV Brasil. Produzida em 2011,
com dez episódios de 25 minutos cada, a série narra vários momentos do passado
do país, de 1530, nos primórdios da colonização, a 1958, com a construção de
Brasília. Realizada através de uma parceria das produtoras Film Works e
Conspiração Filmes com a “Revista de História da Biblioteca Nacional”, a obra é
dirigida por Arthur Fontes.
Cada episódio ainda apresenta depoimentos de
professores e pesquisadores de renome. Evaldo Cabral de Mello, Alberto da Costa
e Silva, José Murilo de Carvalho, Eduardo Viveiros de Castro, Mary Del Priore e
Lilia Moritz Schwarcz são alguns dos acadêmicos que desvendam os bastidores do
Brasil de antigamente.
Episódio 1: Antes
do Brasil
Dois alemães
desembarcam de um pequeno bote em uma praia paradisíaca. O jovem Franz Hessen
está encantando com o cenário. O companheiro de Franz beija o grande crucifixo
de prata que traz em um cordão. Cada um pega um arcabuz e os dois se aventuram
pela mata. Em pouco tempo de caminhada, Franz Hessen se perde de seu
companheiro e acaba sendo capturado por três índios. O alemão é levado para a
tribo como prisioneiro. Apontado pelos índios como francês, Franz
Hessen é amarrado a um toco no centro da tribo e é ali deixado. À noite, índios
de outra tribo chegam para uma celebração. Para surpresa do alemão, entre os
índios recém-chegados há um europeu. É um homem branco, um português, vivendo
entre os selvagens! Franz Hessen vê em Manuel Dias, o português, a sua chance
de convencer os índios de que não é um aliado dos franceses. Franz implora ao
português que interceda a seu favor junto aos índios. Os europeus passam a
noite conversando. Franz Hessen oferece mundos e fundos ao português caso este
consiga sua liberdade.
Episódio 2: Colonização – 1567 a 1630
O português Fernão Barreto é um senhor de
Engenho no Rio de Janeiro em 1580. Para a produção de açúcar conta com 50 peças
de escravos, todos “negros da terra”, ou seja, índios. Uma nova safra de
cana-de-açúcar está pronta para ser moída e, como é de costume, Barreto espera
a chegada do padre que irá benzer o moinho para dar início ao trabalho. O
atraso do religioso deixa Barreto apreensivo, pois as tribos do entorno têm
promovido constantes ataques ao engenho e o clima na região é tenso. Enquanto
aguarda, Barreto conversa com Lopes Magalhães, um mercador de escravos
português (da Ilha da Madeira) que veio lhe oferecer algumas peças de negros de
Angola. Magalhães tenta convencer Barreto de que os africanos são melhores
escravos do que os índios.
Episódio 3: Brasil Holandês – 1630 a 1654
O português João de Azevedo está
apreensivo. Acender um cachimbo é uma tarefa difícil para suas mãos trêmulas.
Ele está no meio da mata em Pernambuco, às margens de um rio. Atrás dele está
uma charrete com trinta caixas de madeira. Três africanos, de braços cruzados,
aguardam instruções. Ao lado de Azevedo está Simão Nunes, judeu holandês, agiota. Muito mais calmo, Nunes tenta tranquilizar
Azevedo, dizendo que o holandês Balthasar Van Beck chegará
a qualquer momento. Azevedo não gosta da espera. Principalmente com as
explosões e tiros que ouve ao longe. São as tropas portuguesas da restauração
combatendo tropas holandesas. Além do sentimento de culpa por estar mais uma
vez traindo seus compatriotas, Azevedo teme por sua vida caso seja flagrado
negociando com os inimigos. Irônico, Nunes diz que Azevedo deveria ter pensado
nisso quando, já em 1630, preferiu lucrar com a Companhia das Índias Ocidentais a lutar ao lado dos luso-brasileiros.
Episódio 4: Entradas e Bandeiras
Uma expedição bandeirante avança pela mata
fechada. Há poucos brancos, muitos mamelucos e vários índios. Estão todos
descalços e caminham em fila indiana, liderados por Jerônimo, um mameluco que
domina os segredos da mata. Ele conhece os caminhos, decifra os rastros
deixados por animais, sabe quais plantas podem saciar a sede, encontra insetos
que matam a fome.
Também fazem parte da expedição Pedro e
Gabriel, dois jovens colonos paulistas que participam de uma bandeira pela primeira
vez. O objetivo dos jovens é capturar índios para servirem de mão de obra no
cultivo de trigo. Para participar da expedição, os jovens foram financiados
pelo pai, o velho Antunes, que cedeu a eles 10 escravos – entre eles o guia
Jerônimo. Mas, além de escravo, Jerônimo é também filho bastardo de Antunes e
irmão de Pedro e Gabriel.
A marcha é interrompida quando Pedro sofre
uma picada de cobra. Após alguns momentos de deliberação, o comandante da
bandeira decide que Pedro não pode continuar. Ele precisa ser levado de volta
para São Paulo. Jerônimo é encarregado de liderar os dois outros escravos que
carregarão o jovem paulista em uma rede pelo caminho de volta.
Por três dias os homens seguem pela mata. O
estado de saúde de Pedro piora rápido. A água do grupo chega ao fim. Usando
seus conhecimentos, Jerônimo consegue localizar um rio. Quando vão se servir de
água, os escravos encontram algumas pequenas pedras negras. Um deles não tem
dúvida: é ouro preto! Apesar da descoberta, Jerônimo lembra os companheiros que
eles ainda precisam levar Pedro de volta para a casa. Mas os dois mamelucos se
recusam. Dizem que ficarão para recolher todo o ouro que conseguirem. Jerônimo,
então, coloca Pedro nas costas e segue em frente.
Episódio 5: Ouro e Cobiça
O artesão Manuel Correia confecciona pequenas
imagens de santos. Já há cerca de vinte imagens prontas nas prateleiras da
oficina, mas Manuel ainda precisa terminar outras cinco até o final da semana.
É o que o seu patrão Antônio Vidal insiste em lembrá-lo. Manuel se mostra
tranquilo e garante que o trabalho estará pronto.
Cinco jovens negras, carregando tabuleiros de
quitutes, chegam à oficina falando alto e rindo muito. Entre elas está a linda
Inácia, que troca olhares e sorrisos discretos com Manuel. As negras são escravas
de ganho de Antônio Vidal. Todo dia precisam entregar para seu senhor uma
quantia por ele estipulada. Para complementar a renda, às vezes recorrem à
prostituição. Seus clientes são os escravos que trabalham na região das minas.
Uma a uma as negras entregam para seu senhor
o ouro em pó que ganharam em um dia de trabalho e Vidal guarda o ouro dentro de
uma das imagens de santo confeccionadas por Manuel. As negras seguem falando
alto, contando detalhes de seus encontros com os clientes. Vidal termina de
guardar o ouro na imagem e a devolve para a prateleira.
Quando percebe que Manuel está de olho em
Inácia, Vidal dá uma bronca no artesão e ordena que volte ao trabalho. Vidal,
então, manda as negras pararem com a algazarra e as enxota da oficina. Vidal sai
e Manuel volta para o trabalho. Na manhã seguinte, Vidal vai à oficina, e não
vê sinal das imagens de santo recheadas de ouro. Vidal também não sabe onde
está Inácia. E, muito menos, Manuel.
Episódio 6: Lutas Perigosas
Meio da noite. O cirurgião Manoel Toledo encontra um homem misterioso em uma taverna e recebe dele um embrulho. Toledo corre pelas ruelas do Rio de Janeiro carregando o embrulho com todo o cuidado. Ele chega a sua casa e sobe para o segundo andar, onde encontra um amigo encadernando livros. Toledo abre o embrulho e revela uma edição das Fábulas de La Fontaine. Esse é um dos muitos livros cuja circulação é proibida pela Metrópole. Toledo, que participa de uma Sociedade Literária, entende que os livros devem circular livremente. Essa é sua luta. O livro de La Fontaine que acabou de comprar será encadernado no meio de textos liberados. O objetivo de Toledo é esconder a obra proibida das vistas das autoridades e assim levá-la ao maior número possível de leitores. Eles já estão trabalhando há algumas horas quando ouvem batidas na porta. Toledo diz para o companheiro fazer silêncio e desce correndo. Quando abre a porta, se depara com três soldados carregando um homem ferido e inconsciente. O comandante da tropa é um velho conhecido de Toledo e pede ajuda ao cirurgião para tratar do homem. Toledo engole em seco quando percebe que o homem é o mesmo de quem comprou o livro. O comandante da tropa explica que tinham recebido uma denúncia de que um contrabandista de livros agiria naquela noite e, de fato, eles o encontraram. Mas o homem tentou fugir pulando um muro e acabou caindo de cabeça. Agora o comandante precisa que Toledo reanime o contrabandista para que os soldados possam arrancar dele os nomes de seus clientes. Hesitante, o cirurgião se vê diante de um dilema: se salvar a vida do contrabandista de livros e ele recobrar a lucidez, Toledo pode ser desmascarado pelas autoridades.
Episódio 7: O Sangrador e o Doutor
Benedito, um ex-escravo de 50 anos, é
levado até um rico palacete em Botafogo. Dona Ana está aflita. Seu marido, João
Alencar, está de cama, inconsciente, muito doente. Dona Ana ouviu dizer que se
alguém pode curar seu marido esse alguém é Benedito, o maior sangrador da
Cidade Nova. Disposta a tentar de tudo depois dos fracassos dos mais caros e
respeitados médicos da Capital, Dona Ana pede que Benedito trate de
seu marido. Após um rápido exame, Benedito decide começar o tratamento com uma
sangria. Em seguida, deita “bixas” - sanguessugas - pelo corpo de Alencar. Dois
dias depois, Alencar está de pé. Muito católico, ele credita sua recuperação às
orações da mulher. Mas Dona Ana admite que recorreu a um barbeiro sangrador.
Alencar, então, pede o endereço do ex-escravo, para que possa agradecer
pessoalmente. Alencar encontra a pequena casa na Cidade Nova vazia. Mas escuta
um falatório e um batuque. Ele entra. Nos fundos da casa, Alencar se depara com
um culto de candomblé. Horrorizado com a cena, ele vai embora, fazendo o sinal
da cruz: sua vida foi salva num ritual pagão. E isso ele não pode admitir.
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