18 de mai. de 2014 | By: Fabrício

Memórias do Cativeiro

Com direção acadêmica de Hebe Mattos e Martha Abreu, professoras da Universidade Federal Fluminense (UFF), o documentário “Memórias do Cativeiro”, de 2005, foi produzido a partir do livro homônimo, cujas autoras são Hebe Mattos e Ana Lugão Rios. Simples e eficaz no que se propõe a fazer, o filme é formado por depoimentos de descendentes de escravos que fazem parte do acervo do Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da UFF. São relatos de pessoas que conviveram com parentes que sofreram os horrores de um tempo no qual a liberdade inexistia: o tempo da escravidão. Simples e eficaz no que se propõe a fazer, o filme é formado por depoimentos de descendentes de escravos que fazem parte do acervo do Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da UFF. São relatos de pessoas que conviveram com parentes que sofreram os horrores de um tempo no qual a liberdade inexistia: o tempo da escravidão. 

A obra começa com a fala de Manoel Seabra, 85 anos, morador de São José da Serra, Rio de Janeiro. Ele, assim como os outros depoentes, conta a história de seus antepassados africanos, escravizados em terras brasileiras. São narrativas contadas com um misto de indignação e orgulho, com destaque para as informações que estamos acostumados a encontrar somente nos livros: os castigos que os negros sofriam; a função dos mercadores de escravos; a influência dos aspectos físicos nos valor de cada um deles; a revolta que eles promoviam contra a opressão senhorial etc. As lembranças, registradas em entrevistas filmadas ou só em áudio, são combinadas com imagens pertinentes ao tema que cumprem a função de fornecer um reconhecimento maior da época e do contexto tratado. 

Além de discorrerem sobre os difíceis tempos de seus parentes escravos, os descendentes tratam também de um tempo vivido por eles mesmos. Ressaltam que as dificuldades não terminaram com a promulgação da Lei Áurea, em 1888, visto que os negros continuaram vivendo à margem, sendo desprezados pela sociedade, em especial pelos patrões. Segundo eles, a situação só começa a melhorar em 1930, data em que Getúlio Vargas se torna presidente do Brasil. E aqui um ponto digno de nota: Getúlio é venerado de uma forma impressionante pelos que proferem os depoimentos. Na visão deles, foi Vargas quem de fato libertou os que tinham pele negra. 

O documentário chega aos tempos atuais explicitando a importância da preservação das práticas culturais para a afirmação política dos descendentes de escravos. Destaque para o jongo, dança tradicional de origem africana. A mensagem é a de que a luta dos negros contra os sofrimentos passados, de uma forma ou de outra, ainda não terminou. 

“Memórias do Cativeiro”, obra emocionante e mais do que necessária, se configura como um exemplar “projeto de memória”, visto que nos aproxima, nos lembra, nos apresenta, graças a uma rica tradição oral, uma temática de importância imensurável para o Brasil.


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