Conflito acirrado entre o
reino da França e da Inglaterra, de 1337 a 1453. Motivada por aspectos
políticos (sucessão do trono francês disputado por Filipe de Valois e Eduardo III,
rei da Inglaterra) e econômicos (disputa pela importante região produtora de
manufaturas, Flandres, atual
Bélgica).
Foi um dos maiores conflitos da Idade Média. "Não foi um confronto ininterrupto, mas uma série de disputas que incluíram várias batalhas", diz a historiadora Yone de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para entender a origem de tanta briga é preciso recuar no tempo. Em 1066, um duque da Normandia (território francês) chamado Guilherme conquistara a Inglaterra, tornando-se seu rei. Tanto Guilherme quanto seus sucessores eram, ao mesmo tempo, donos do trono inglês e também súditos do rei da França, já que tinham herdado terras naquele país. Séculos depois isso criaria muita encrenca.
O pretexto utilizado por Eduardo
III, para ocupar o trono real francês, foi alegar ser o herdeiro legítimo do
reinado da França, já que sua mãe Isabel era irmã do rei Carlos IV,
que havia sido morto no ano de 1328. Por outro lado, os franceses defendiam que
a coroa não poderia ser herdada pela linhagem feminina. Então, Felipe VI,
primo do rei falecido, ocupa o trono.
A pretensão pelo reinado não se
devia apenas à esses casos. O motivo real da disputa residia no fato de que os
reis da Inglaterra, desde Guilherme I, O Conquistador, mantinham sob
seus domínios as grandes regiões da França na qualidade de feudos, e isso
representava uma verdadeira ameaça à Monarquia francesa. Durante esse
período, o restabelecimento da autoridade francesa sobre esses territórios foi
o maior dos objetivos, obtidos com sucesso.
O temor de Eduardo III crescia à medida que a influência da Monarquia francesa se estendia sobre os senhores feudais da França, impedindo que um dos feudos como o Ducado de Guyenne, fosse transferido para as mãos da realeza inglesa.
O temor de Eduardo III crescia à medida que a influência da Monarquia francesa se estendia sobre os senhores feudais da França, impedindo que um dos feudos como o Ducado de Guyenne, fosse transferido para as mãos da realeza inglesa.
Vinte e quatro de maio de 1337 é considerada um marco dentre os conflitos ocorridos durante a guerra. Nessa data, Felipe VI arrebatou Guyenne dos ingleses e, inclusive, ajudou os escoceses em uma batalha travada entre estes e a Inglaterra, pois Eduardo e seu pai pretendiam ocupar o trono da Escócia.
As Batalhas de Crécy e Calais,
1346 e 1347 respectivamente, foram as mais importantes na Guerra dos Cem anos.
Ambas com vitórias inglesas, garantindo a Eduardo III posições importantes no
norte do país, inclusive o Canal da Mancha sob seu controle. Contudo,
a Inglaterra contou com forte apoio financeiro do Duque da Bretanha, e de
grandes mercadores de Flandres, pois voltaram-se contra o monarca francês.
Posteriormente, a guerra foi
comandada por Eduardo IV da Inglaterra, o “Príncipe negro” (por conta
da cor de sua armadura), e por João II, sucessor do trono real francês que
era conhecido como “O bom”. Sucessivas vitórias inglesas caracterizaram este
período, em que muitos nobres locais preservavam seus domínios em detrimento da
lealdade devida ao rei da França. Isso possibilitou o domínio de cerca de um
terço do território francês nas regiões norte e oeste. Na Batalha de Poitiers,
em 1356, o rei João II foi capturado e levado como prisioneiro pela Inglaterra.
Após 8 anos, ele morre, representando o ápice das conquistas inglesas.
Essa situação deixou a França em
um estágio delicado na guerra, sendo obrigada a assinar o Tratado de
Brétigny, em 1360. O “acordo” reconhecia o domínio inglês sobre as regiões
conquistadas e devolvia os territórios conquistados no início do conflito.
João II, O bom, foi sucedido por
seu filho, Carlos V. Apesar de enfrentar sucessivas revoltas camponesas e
urbanas conhecidas como “Jacqueries”, o Rei obteve vitórias significativas
sobre os ingleses, retomando grande parte do território perdido entre 1360 e
1368. Isso se deve ao não reconhecimento, por parte dele, dos acordos firmados
anteriormente. A reorganização militar e o fortalecimento da ideia de
centralização política colaboraram para tais vitórias, possibilitando a
submissão da maior parte da nobreza e o aumento da arrecadação tributária.
Todos esses fatores auxiliaram na construção do Estado com elementos oriundos
da burguesia em cargos de confiança.
No decorrer das batalhas,
vitórias significativas foram obtidas tanto por franceses quanto por ingleses.
Os efeitos da guerra são encontrados em uma série de transformações decisivas
para a afirmação do mundo moderno.
A Guerra dos Cem
Anos foi a última guerra feudal e também a primeira moderna. Ela foi dirigida
por membros da aristocracia feudal no início do conflito e terminou como uma
disputa entre Estados que já tinham exércitos nacionais. Por
isso, ela foi um grande marco no desenvolvimento europeu (principalmente na
França) da ideia de nação, que unificou países antes divididos em territórios
controlados por nobres.
JOANA D'ARC
Joana d'Arc: heroína francesa na Guerra dos Cem Anos
Joana D'Arc (1412-1431)
foi heroína francesa da Guerra dos Cem Anos, travada entre a França e a
Inglaterra. Foi beatificada em 1920 e hoje é a Santa Padroeira da França. Joana
acreditou na voz e na ordem que ouvia e lhe encorajava expulsar os ingleses da
França e coroar o legítimo rei Carlos VII. Com dezesseis anos viajou para
Chinon. Chegando ao castelo foi interrogada por bispos e cardeais e ganhou a
confiança de Carlos VII. Recebeu o título de chefe de guerra e liderando a
tropa, durante três dias, com violentas investidas expulsou os ingleses na
cidade de Orléans. Na Batalha de Compiègne perto de Paris, adversários
franceses de Carlos VII conseguiram prender e entregar Joana aos ingleses.
Julgada e condenada foi queimada em praça pública no dia 30 de maio, acusada de
herege e feiticeira, por um tribunal eclesiástico.
Joana D'Arc (1412-1431)
nasceu no vilarejo de Domrémy, França, no dia 6 de janeiro de 1412. Filha de
Jacques d'Arc e Isabelle Romée, teve três irmãos e uma irmã. Ajudava o pai no
trabalho na terra e na criação de carneiros. Não aprendeu a ler nem escrever.
Joana foi criada seguindo os princípios da fé católica e com 12 anos de idade,
afirmava que o arcanjo São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida, apareceram
numa grande luz e a ordenaram procurar o príncipe Carlos VII e libertar a
cidade de Orléans, que estava em poder dos ingleses, e coroar Carlos VII o
soberano da França.
Em 1337 o rei Eduardo III
(1327-1377) da Inglaterra, desembarca na França com mais de 20 mil homens. É o
início da Guerra dos Cem Anos. Não se tratava de uma guerra entre dois povos
constituídos em nações diferentes. Muitos ingleses eram normandos, ou seja,
franceses que chegaram à Inglaterra com Guilherme o conquistador; por outro
lado, muitos franceses eram bretões, ou seja, ingleses que habitavam há muito
tempo o norte da França.
Em 1415, os ingleses
obtiveram, através de um tratado, metade do território francês, passando ao
domínio do rei Henrique V (1414-1422). A outra metade francesa ficaria sob o
domínio de Carlos VI. Com a morte de Carlos VI, foi coroado o filho de Henrique
V para sucedê-lo, para os franceses o rei seria Carlos VII. As visões de Joana
D'Arc lhe ordenava salvar a França e coroar o rei.
Com dezessete anos, Joana
resolve pedir uma escolta para acompanhá-la até o príncipe. Viajou dez dias e
dez noites e chegou ao Castelo na cidade de Chinon. Interrogada por bispos e
cardeais acaba por convencer a todos. Joana ganha confiança de Carlos VII, que
depressa lhe entrega o título de chefe de guerra. Logo parte liderando a tropa
e durante três dias, com violentas investidas consegue vencer os inimigos, que
batem em retirada. Estava libertada a cidade de Orléans.
Outra cidade importante
Reims, também voltou ao poder dos franceses. Carlos VII, agora reconhecido
legítimo rei da França foi coroado e consagrado em 17 de julho de 1429, na
Catedral de Reims. Diante disso reascenderam as esperanças dos franceses de
libertar o país.
Na primavera de 1430,
Joana retoma a campanha militar e tenta libertar a cidade de Compiègne,
dominada pelos borgonheses, aliados dos ingleses. É presa em 23 de maio do
mesmo ano e entregue aos ingleses cujo objetivo era que ela fosse julgada pela
Santa Inquisição, o mais elevado tribunal da Igreja na França. O tribunal
reuniu-se pela primeira vez em fevereiro de 1431, com a presença do Bispo, um
partidário do Duque de Borgonha, aliado à Inglaterra. Seu julgamento foi uma
verdadeira tortura, acusada de herege e feiticeira, depois de meses de
julgamento é queimada viva, no dia 30 de maio de 1431.
Depois de 25 anos a Igreja
reabre seu processo e Joana d'Arc é reabilitada de todas as acusações, torna-se
a primeira heroína da nação francesa. No dia 16 de maio de 1920, 500 anos
depois, o papa Bento XV a proclama santa. Hoje, Joana D'Arc é a Santa Padroeira
da França.
Ponto estratégico
Apesar de a guerra ser travada em território francês, havia
cidades estratégicas também na Inglaterra. Os navios que faziam a ligação entre
a ilha e o continente partiam de Southampton, um dos principais portos ingleses
na Idade Média.
Arma poderosa
A besta, arma medieval para lançar setas, foi um dos destaques do
arsenal militar usado na guerra. Sob certas condições, o arco se mostrou
superior, disparando mais flechas por minuto, com maior alcance e precisão. Mas
a besta possuía suas vantagens: exigia menor esforço, era mais fácil de
transportar e de ser disparada por um homem a cavalo.
Batalha shakespeariana
Pano de fundo das cenas mais emocionantes da peça Henrique V, de
Shakespeare, a batalha de Agincourt, em 1415, foi a última grande vitória
inglesa na guerra. Cerca de 9 mil soldados do rei inglês Henrique V conseguiram
derrotar 25 mil cavaleiros franceses.
Nova geração
O rei Henrique VI (1421-1471), que estava no trono inglês quando a
guerra terminou, nem havia nascido quando a disputa com os franceses teve
início. Ele só veio ao mundo mais de 80 anos depois!
Quinteto real
O arranca-rabo durou tanto que no período a Inglaterra teve cinco
reis (Eduardo III, Ricardo II, Henrique IV, Henrique V e Henrique VI) e a
França também (Felipe VI, João II, Carlos V, Carlos VI e Carlos VII)
Da flecha ao canhão
No início do conflito, os arqueiros foram fundamentais para o
predomínio inglês. Já nas décadas finais foram os canhões - usados pela
primeira vez na Europa nessa guerra - que ajudaram a França a virar o jogo
SAIBA MAIS:
Para maiores informações acesse:
http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/o_processo_de_joana_darc.html
Assista ao documentário sobre Joana d'Arc:
Música sobre a Guerra dos Cem Anos:
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http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/o_processo_de_joana_darc.html
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Música sobre a Guerra dos Cem Anos:
Banda: Pré-Histórica
Música: Guerra dos Cem Anos
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