30 de set. de 2013 | By: Fabrício

Zâmbia e o seu ambicioso programa espacial

"Vamos à Marte! Com uma astronauta, dois gatos e um missionário."
Assim, diz o recorte de jornal que dá conta do ambicioso programa espacial zambiano, nos anos 60.

Na década de 1960 houve um projeto de converter a República de Zâmbia na máxima potência espacial, à frente dos Estados Unidos e da União Soviética. Para isso foi criado um improvisado centro de treinamento de astronautas, com um ambicioso - segundo o seu diretor Edward Makuka Nkoloso - programa espacial.


Durante a celebração de independência de Zâmbia, um homem abordou o repórter da revista Times que estava cobrindo as comemorações.


O autoproclamado diretor da Agência Espacial Zambiana, Edward Makuka Nkoloso mostra ao jornalista o seu projeto de enviar 12 homens, uma garota de 17 anos e 2 gatos à Marte.


Edward Makuka, professor de ciências de uma escola primária conta ao surpreso repórter estadunidense, com queria enviar um foguete de alumínio com um sistema denominado "Mukwa", baseado em um sistema de catapulta.

Em plena corrida espacial dentro do contexto da Guerra Fria entre os Estados Unidos e da União Soviética o fundador da Z.N.A.S.S.R.P. (Zambia National Academy os Science, Space Research and Philosophy) queria ser o primeiro a chegar não só na Lua, mas sim, ir além e conquistar Marte.

Solicitou apoio econômico ao governo de Zâmbia, no qual, lhe foi negado. recorre então à UNESCO e escreve uma carta que é publicada em um jornal, onde pede 7 milhões de libras zambianas.

Durante o programa espacial os sofridos astronautas se estabeleceram em uma base "secreta" próximo de Lusaka, a capital zambiana, equipados somente com um capacete do exército britânico.


Se revesavam para serem empurrados ribanceira abaixo dentro de tonéis de óleo. Segundo Nkoloso, com esse duríssimo treinamento, se conseguia ter a sensação de falta de gravidade das viagens espaciais. Além disso, durante um tempo Nkoloso acreditou ver com seu telescópio do seu centro espacial, que Marte estava povoada por nativos primitivos. Por isso acrescentou missionários à equipe de astronautas africanos, com a ordem  de não forçar os marcianos a se converterem ao cristianismo.

Apesar do financiamento por parte da UNESCO para seu programa espacial nunca ter chegado, isso não desanimou Nkoloso, que solicitou ainda ao recente governo de seu país (recém independente, já que antes era colônia britânica), a detenção de espiões russos e estadunidenses, por pretenderem roubar os seus "segredos espaciais".

Ao fim, os seus planos fracassaram, já que a jovem astronauta Matha Mwambwa, ficou grávida e foi resgatada por seus pais. O resto da equipe espacial também abandonou o projeto. Anos depois Nkoloso se candidatou para prefeito de Lusaka mas não foi eleito. Ele queria converter a cidade em uma nova Paris ou Nova York .

Apesar de tudo, Edward Makuka Nkoloso nunca abandonou o seu sonho de conquistar o espaço.

Neste arquivo em vídeo, é mostrada a "base secreta'' do programa espacial de Zâmbia e os astronautas sendo submetidos a um rigoroso treinamento: 

27 de set. de 2013 | By: Fabrício

Holocausto

Vítimas do holocausto nazista.

Um dos acontecimentos mais chocantes revelados ao mundo ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi o genocídio cometido pelos nazistas contra judeus, negros, deficientes, ciganos, homossexuais e demais minorias consideradas "inferiores". O extermínio dos judeus, conhecido popularmente como holocausto e chamado de shoah, em hebraico, representou o ápice da intolerância, do preconceito e do racismo.

Antes mesmo da ascensão do Partido Nazista ao poder, já havia grande preconceito contra os judeus.


Mesmo durante a República de Weimar, salas de aula e livrarias estavam repletas de libelos, slogans e símbolos antissemitas. Entre 1918 e 1924, ataques isolados a grupos judeus foram registrados nos relatórios policiais. Em 1920, dois terços dos estudantes presentes na assembleia estudantil da Universidade Técnica de Hannover votaram a favor da exclusão dos estudantes de (origem) judaica da União dos Estudantes Alemães.

Em meio à crise das democracias, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães conquistava adeptos bradando inflamados discursos contra o "perigo" judaico, prometendo estabilidade da vida social alemã e restauração da Alemanha como grande potência mundial. Nessa época, o Grupo de Munique da União Central de Cidadãos Alemães do Credo Judaico se pronunciou contra o movimento, que os culpava de tudo: dos males do capitalismo, da guerra, dos sofrimentos, da revolução etc. Num brado consciente de revolta, a comunidade judaica alemã deixou seus protestos registrados em um pôster: "Recusamo-nos a ser bodes expiatórios para todas as maldades do mundo". No entanto, suas vozes foram abafadas pelos brados dos nazistas uniformizados que, no final dos anos de 1920, desfilavam pelas ruas de Berlim numa verdadeira demonstração de força.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Racismo Nazista: A era nazi e o antissemitismo. In: Jaime Pinsky; Carla Bassanezi Pinsky. (Orgs). Faces do fanatismo. São Paulo: Contexto, 2004. p. 104-5.


Ao assumirem o poder em 1933, os nazistas encontraram uma situação propícia para a disseminação do antissemitismo. Assim, a segregação de judeus e outras minorias se tornou uma política de Estado. Em 1935, as Leis de Nuremberg definiram a "pureza racial" dos alemães utilizando como critério o exame da ascendência genealógica dos indivíduos. Inicialmente os judeus foram segregados em áreas específicas, os guetos, tiveram grande parte de seus bens confiscados e foram obrigados a usar uma identificação, a estrela de Davi, para que fossem facilmente distinguidos dos alemães.

Com o início da guerra, em 1939, os judeus passaram a ser enviados para os campos de concentração e extermínio, onde aqueles que não tinham condições para o trabalho eram executados. Por volta do final de 1942, quando os alemães começaram a ser derrotados, delineou-se mais claramente uma política nazista de extermínio massivo dos judeus, quando milhares deles, de toda a Europa, foram mortos em câmaras de gás. Ao final da guerra, o número de judeus mortos foi estipulado em cerca de seis milhões.

No campo de concentração, os prisioneiros passavam por uma triagem e, depois, eram despidos e tinham os cabelos raspados. Nada de valor poderia ficar com os prisioneiros, até mesmo as próteses e equipamentos mecânicos usados pelos deficientes físicos eram confiscados. Os homens mais fortes eram mandados para campos de trabalho forçado, enquanto crianças, mulheres, idosos e doentes eram executados.

Os prisioneiros também eram submetidos a experiências médicas "científicas", servindo como cobaias humanas. Nessas experiências, eram obrigados a ingerir substâncias tóxicas e soluções contaminadas com bactérias; passavam por transplantes de órgãos; eram expostos a altas e baixas temperaturas com o objetivo de testar sua resistência; além de sofrer esterilizações, amputações e outras atrocidades.

Os campos de trabalho forçado e os campos de extermínio eram interligados por estradas de ferro. Nas proximidades dos campos, eram instaladas indústrias para aproveitar a mão de obra dos prisioneiros, que eram obrigados a trabalhar até a exaustão, sob sol ou frio intenso. Mal alimentados e doentes, tinham que suportar maus-tratos e humilhações, além de testemunhar o fuzilamento de colegas, entre outras atrocidades. As mulheres muitas vezes sofriam violência sexual antes de serem executadas.

No entanto, nem todos os alemães compactuavam com a política do Estado nazista. Embora grande parte da nação alemã aprovasse o governo nazista e a perseguição aos judeus, tendo Hitler como um verdadeiro guia e herói, a maioria desconhecia o que se passava nos campos de concentração e extermínio. Quando o regime caiu e essas práticas foram reveladas ao mundo, o povo alemão sofreu um grande trauma decorrente do sentimento de culpa.

O relato de um sobrevivente

Veja, no texto a seguir, o relato do judeu polonês Solomon Radasky, um sobrevivente do genocídio nazista que pôde reconstruir sua vida, mudando-se para os Estados Unidos em 1950, onde morreu aos 92 anos de idade.


Nasci em Varsóvia, na Polônia. Dos 78 membros de minha família, só eu sobrevivi. Meus pais e meus cinco irmãos foram mortos. minha mãe e minha irmã mais velha morreram no gueto de Varsóvia, em janeiro de 1941, quando disseram aos guardas alemães não possuírem nem peles nem joias, conforme eles haviam solicitado. [...]

Eu trabalhava em uma loja que fazia casacos de lã para o exército alemão. Depois do levante judeu no gueto de Varsóvia, em 19 de abril de 1943, fui enviado ao campo de concentração de Majdanek, perto de Lublin. Ao chegar lá, tivemos de entregar nossas roupas e nos deram camisas e calças listradas e sapatos de madeira. [...]

Quando nos chamavam para o pátio, íamos com nossos sapatos de madeira. Mas, depois que atravessávamos o portão, tínhamos que tirá-los e seguir descalços. Havia pedrinhas no caminho que cortavam nossos pés. Trabalhávamos limpando terrenos. Depois de alguns dias, muitos não aguentavam e caíam na estrada. Se não se levantassem, eram assassinados a tiros ali mesmo. nós tínhamos que carregar os corpos de volta. Se mil tinham saído para trabalhar, mil tinham que voltar.

Solomon Radasky. Fui o único da minha família a sobreviver. Almanaque Abril: II Guerra Mundial: 60 anos. São Paulo: Abril, v. 2, 2005. p. 44. Edição especial: O mundo sob Hitler.

O Revisionismo

Logo após a condenação dos chefes nazistas, surgiram várias versões sobre o holocausto que, se não negavam, pelo menos procuravam reduzir a amplitude do crime cometido contra os judeus. Os autores dessas versões são chamados de revisionistas e, em alguns casos, de negacionistas. Eles costumam ser acusados, principalmente pela comunidade judaica, de serem antissemitas e simpatizantes do neonazismo.

Atualmente, em alguns países, é crime negar ou colocar a realidade histórica do holocausto em dúvida. Na Alemanha, a pena é de cinco anos de prisão, enquanto na Áustria a pena pode chegar a vinte anos. Assim, criou-se um polêmica que está longe de ser resolvida: de uma lado, os revisionistas pedem liberdade de expressão; do outro, agrupam-se os que defendem a criminalização do revisionismo sobre o holocausto como forma de evitar o ressurgimento dos ideais neonazistas.

Na Europa, em países como Alemanha e Áustria, o ressurgimento de admiradores de Hitler, conhecidos como neonazistas, vem assustando a comunidade judaica internacional. 

ASSISTA AO DOCUMENTÁRIO:

Holocausto - A Execução do Mal, 2011.

23 de set. de 2013 | By: Fabrício

O que são Direitos Humanos?

Essa expressão é utilizada para designar uma forma abreviada de mencionar os direitos fundamentais da pessoa humana. Sem esses direitos, ninguém consegue existir, se desenvolver e participar plenamente da vida.

Todos os seres humanos devem ter assegurados, desde seu nascimento, as mínimas condições necessárias para tornarem-se úteis à sociedade, como também devem ter a possibilidade de receber os benefícios que a vida em comunidade pode proporcionar.

A esse conjunto dá-se o nome de ''Direitos Humanos".

Tá difícil? Não conseguiu entender ainda? Não faz mal, acredito que o vídeo a seguir ajudará você compreender melhor o que são Direitos Humanos.

SAIBA MAIS:

19 de set. de 2013 | By: Fabrício

Guerrilha do Araguaia (1967-1975)

Círculo no mapa mostra região da Guerrilha do Araguaia

A Guerrilha do Araguaia foi um agrupamento de militantes contrários à ditadura militar que acreditavam que a revolução socialista só teria sucesso se acontecesse no interior rural do Brasil.

Os militantes, na maioria membros do PCdoB, escolheram a região no sul do Pará, nas divisas entre o Maranhão e Tocantins. A área, de aproximadamente 7.000 km², foi palco de treinamentos e ações dos militantes, que pegaram em armas e criaram um esquema paramilitar para realizar suas operações. Entre 1972 e 1975, a Guerrilha do Araguaia foi alvo de uma grande ação do exército, que queriam reprimir e acabar com o movimento.

Durante as ações militares, os agentes de repressão da ditadura teriam cometido graves violações aos direitos humanos, como prisões ilegais e execuções de guerrilheiros e moradores locais, condenados como “colaboradores”.

Os militares são acusados de sessões de tortura, como estupros e mutilações, além de desaparecimento forçado de diversos militantes.

Estima-se que pelo menos 70 dos desaparecidos políticos no Brasil tenham sido mortos por militares durante as ações de repressão no Araguaia. Entre os que sobreviveram depois da ação militar, está o deputado federal José Genoino, que foi detido em 1972.


SAIBA MAIS:

Reportagem aponta uso de napalm pelo Exército contra Guerrilha do Araguaia:
http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/05/relatorio-aponta-uso-de-napalm-pelo-exercito-contra-guerrilha-do-araguaia.html

Monografia destaca o papel das mulheres na Guerrilha do Araguaia:
http://www.gedm.ifcs.ufrj.br/upload/textos/20.pdf

Tese aborda a Guerrilha do Araguaia:
http://www.obed.ufpa.br/pdfs/dissertacao_guerrilha_do_araguaia.pdf

Assista ao documentário - Camponeses do Araguaia: a guerrilha vista por dentro.




Assista ao filme - Araguaya: Conspiração do Silêncio
Direção: Ronaldo Duque
Ano: 2004

18 de set. de 2013 | By: Fabrício

Serra Pelada: corrida pelo ouro


O Brasil, desde o período colonial, se destaca pela fartura de minerais em seu subsolo. O país ficou marcado pela grande quantidade de ouro encontrado durante os séculos XVII e XVIII. Após esse período, acreditava-se que o recurso aurífero brasileiro não seria mais encontrado em grandes proporções. Porém, em 1980 surgiu uma nova corrida em busca do ouro em Serra Pelada. 

Serra Pelada, atual município de Curionópolis, é uma região localizada no Estado do Pará. Na década de 1980, essa área foi invadida por milhares de garimpeiros motivados pelo sonho de enriquecer rapidamente através do ouro.

O major do Exército, Sebastião Curió, era o responsável pela organização no garimpo, evitando, na medida do possível, confusões e atritos entre os trabalhadores. Uma das medidas estabelecidas foi a proibição de bebidas alcoólicas no local. 

Rapidamente a área se tornou o maior garimpo a céu aberto do mundo. Aproximadamente 25 mil homens trabalhavam dia e noite e chegavam a tirar uma tonelada de ouro por mês. Conforme dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), somente no ano de 1983 foram extraídas cerca de 14 toneladas de ouro na área de Serra Pelada. Esse fato fez com que muitos pensassem que as jazidas de ouro seriam capazes de enriquecer os garimpeiros. Porém, esse fato não se concretizou, e o que é pior, muitos morreram durante o trabalho. 


O garimpo é uma forma de exploração de minérios valiosos através de meios mecânicos ou manuais, que pode ser realizada a céu aberto ou em minas escavadas nas rochas. Entretanto, o garimpo é considerado uma forma predatória ao meio ambiente. Durante o garimpo na Serra Pelada, o ouro era extraído da pepita utilizando o mercúrio na sua forma líquida, que tem a propriedade de capturar os grãos de ouro formando uma amálgama, uma espécie de liga.

Existe um aparelho artesanal construído para separar o ouro da lama extraída no garimpo. Apelidado de “cobra fuma”, nele existem placas com mercúrio sobre as quais corre água com barro e que servem para reter o ouro presente na lama. O fluxo de água faz com que o ouro entre em contato com o mercúrio sendo imediatamente aprisionado. O processo é, em geral, muito rudimentar e causa grandes perdas de mercúrio que é transportado pelas águas para os rejeitos onde se infiltra.

A parte do amálgama que não foi perdida na garimpagem é, após alguns dias, processada pelo garimpeiro com o intuito de recuperar o ouro e parte do mercúrio metálico, através de uma separação gravimétrica. Este processo torna-se como a maior fonte de contaminação dos garimpeiros, pois o amálgama separado é queimado, geralmente a céu aberto, liberando grandes quantidades de mercúrio para a atmosfera. Durante o processo, quantidades variáveis de mercúrio são perdidas na forma metálica para rios e solos, e rejeitos contaminados são deixados a céu aberto na maioria dos sítios de garimpo. Alguns garimpeiros também faziam o uso do maçarico para vaporizar o mercúrio deixando somente o ouro na sua forma sólida. Neste processo, os vapores de mercúrio, pela inexistência de equipamentos de proteção, máscaras e capelas, eram inalados diretamente pelos garimpeiros. Este contato direto com o mercúrio desencadeou uma série de problemas de saúde na população da Serra Pelada, levando a morte de muitos garimpeiros ou deixando marcas para a vida toda.

Garimpo de Serra Pelada/PA

As condições de trabalho eram precárias, calor intenso, utilização de escadas danificadas, barrancos altamente perigosos, poeira de monóxido de ferro no ar - que era inalada pelos trabalhadores; barracos improvisados, sem estrutura adequada para moradia. Mas apesar de todos esses aspectos negativos, os garimpeiros trabalhavam na esperança de “bamburrar” - expressão relacionada ao fato de enriquecer.

A produção aurífera em Serra Pelada decresceu e, em 1992, houve interrupção das atividades de extração de ouro na região. A grande cratera aberta para a retirada do ouro transformou-se num enorme lago. A Companhia Vale do Rio Doce recebeu uma indenização de 59 milhões do Governo Federal, pois tinha direitos sobre as jazidas de ouro, que foram invadidas pelos milhares de garimpeiros. 



Em 2002, o Congresso Nacional aprovou um decreto que permitiu aos garimpeiros a execução de suas atividades em uma área próxima à Serra Pelada. Em poucos meses, aproximadamente 10.000 garimpeiros foram atraídos para essa região. Vários problemas ocorrem nessa nova área. A disputa de interesses políticos, líderes sindicais, mineradoras e antigos garimpeiros geram vários conflitos. Alguns com final trágico, como o assassinato de Antônio Lemos, que era o presidente do Sindicato dos Garimpeiros da região. 

Hoje, acredita-se que ainda existam pequenas jazidas de ouro em algumas regiões, mas a exploração já é controlada pela companhia de mineração Vale. Atualmente, a região da Serra Pelada se transformou em uma favela com cerca de 1000 habitantes e surgiu uma imensa cratera com 200 metros de profundidade no local do garimpo. O ouro encontrado em Serra Pelada não gerou riqueza para a maioria dos garimpeiros, pelo contrário, apenas trabalho em péssimas condições e desilusão com a possibilidade de sair da miséria.


SAIBA MAIS:
Assista a reportagem especial sobre Serra Pelada:
http://globotv.globo.com/globonews/arquivo-n/v/programa-relembra-a-busca-pelo-ouro-em-serra-pelada-e-mostra-como-voltara-a-funcionar/2549676/

Assista ao documentário: "Serra Pelada: esperança não é sonho", dirigido por Priscilla Brasil. O filme retrata um pouco da realidade atual da região através de relatos dos personagens que estiveram envolvidos com a exploração da década de 1980, assim como as experiências e disputas do passado.  
http://vimeo.com/19842182
17 de set. de 2013 | By: Fabrício

Homo Sapiens 1900 - Eugenia

A utilização de vídeos como recurso didático, nas mais diversas disciplinas, pode ser de grande valia, pois estes podem instigar, motivar, compor cenários desconhecidos e permitir diversos tipos de abordagens. Considerando tal aspecto, e também o de que a Biologia, como ciência que estuda a vida, tem grande responsabilidade no que se diz respeito à ética, proponho neste texto a projeção do documentário “Homo sapiens 1900”. 

Tal produção, do diretor Peter Cohen, da Suécia, estreado em 1998, aborda os ideais eugênicos, a busca pela limpeza racial e a construção de uma raça superior defendidos, principalmente, no início do século vinte, sobre os contextos europeu, norte-americano e soviético. Devemos pontuar aqui que a ciência da eugenia, desenvolvida por Francis Galton, foi criada sob a influência da leitura do livro “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin; acreditando que as capacidades humanas eram basicamente influenciadas pela hereditariedade, e não pela educação. 

Utilizando-se de imagens surpreendentes, muitas destas inéditas, o documentário enfoca este comportamento racista sendo reforçado sob um argumento de que a ciência estava a favor de tais preceitos. Propondo uma seleção mais eficiente e rápida que a seleção natural, a fim de aperfeiçoar a sociedade, medidas como incentivos financeiros a casais favoráveis e, ao mesmo tempo, programas de esterilização e eutanásia, eram consideradas. 

Tais abordagens podem ser trabalhadas com alunos de Ensino Médio pelo professor de Biologia, juntamente com o de História e, quem sabe, o de Geografia. Após a exibição do filme, e contextualizando tal momento histórico, podem ser debatidos questionamentos como os listados abaixo e aqueles que os educadores acharem pertinentes:

- O que Charles Darwin disse em sua principal obra realmente correspondia ao que Cohen interpretou?

- A purificação racial é eticamente aceitável?

- Qual o impacto da utilização de teorias científicas para embasar políticas públicas e influenciar o comportamento da sociedade? 

- Quais os problemas relacionados à diminuição da variabilidade genética nas populações?

Direção: Peter Cohen
Duração: 85 min.
Ano: 1998
País: Suécia

13 de set. de 2013 | By: Fabrício

Conceito de alienação (segundo Karl Marx)


O conceito de alienação é vasto e pode englobar várias maneiras e formas de pensamento. O primeiro filósofo a abordar esse tema foi Karl Marx. Isto está explicito em dois de seus trabalhos que respectivamente são: Manuscritos econômicos filosóficos (1844) e Elementos para a critica econômica política (1857), ambos enfatizam que o sistema capitalista é um sistema extremamente explorador e injusto, principalmente com as classes menos favorecidas economicamente, como a classe do proletariado sente na pele a todo momento essa injustiça.

Na idade média o artesão detinha todo o conhecimento da fabricação do produto, com o surgimento da industrialização o operário era apto e exercer e trabalhar em uma só função, ou seja, em uma parte da fabricação do produto, sendo assim o trabalhador não participando de todo o processo da produção não seria necessário entender o que estaria ajudando a produzir, tinha apenas que cumprir sua parte na linha de montagem.

Peguemos o exemplo do fabricante de cordas para violões, antes do surgimento do capitalismo e suas grandes fábricas, quem fabricava as cordas consequentemente fabricava também o violão, afinava-o e tocava o instrumento muito bem. Com essa individualização na fabricação do instrumento, o operário fabricava as cordas enquanto outro fabricava o corpo do violão e o outro já fabricava o braço do instrumento, outro trabalhador é pago só para afina-lo e assim por diante. Assim não teria como obrigação todos os operários saberem tocar violão. Outro exemplo mais recente acontece com o operário metalúrgico que coloca portas nos carros produzidos nas grandes montadoras, o mesmo passa todo o período produtivo de sua vida montando automóveis para chegar à conclusão final de que nunca possuirá o bem que ajuda a fabricar. A esse exemplo pode-se encaixar o que Karl Marx chama de “objeto se sobrepondo ao sujeito”, em outras palavras, é a alienação da negação, pois Marx defendia a ideia que o individuo deveria se impor diante do objeto e não o contrário. A partir do momento que o sujeito nega a negação Marx da o nome desse acontecimento de “desalienação”.

A produção depende do consumo e o consumo depende da produção, esse modo é cíclico, quando se é consumido o que é produzido e não se produz mais, o ciclo se fecha. Esse ciclo pode ser definido como ciclo de alienação, porém em uma sociedade capitalista isso é impossível de acontecer, pois o que se é produzido tem que por obrigação ser consumido em um prazo mais rápido possível, para que se produza sempre mais e mais explorando o proletariado, que toma corpo quando, por exemplo, o patrão não paga o salário devido e não cumpre com os direitos trabalhistas. Sem essa exploração a elite não acumula capital e consequentemente não obtém lucros e assim não pode continuar o processo de alienação.

Marx também trabalha a alienação humana através do fetichismo, no qual o indivíduo começa a valorizar mais os bens materiais como automóveis, mansões, etc. e deixa-se de admirar atos bondosos ou a inteligência do sujeito e passa a dar mais valor ao capital que o sujeito tem, sendo o dinheiro o maior desses fetichismos, pois com o dinheiro se é capaz de comprar todos os bens matérias.

A religião também tem grande poder de alienar, pois explica fatos que são cientificamente inexplicáveis. Certa vez Marx citou em seu livro Manuscritos econômicos filosóficos, (p. 45-46): “A religião é o suspiro do oprimido, é o ópio do povo”.

Segundo o filósofo, esse modo de alienação que as classes dominantes exercem sobre as classes dominadas só terá seu fim decretado com a chegada do comunismo entre as classes econômicas.

Assista um trecho do filme Tempos Modernos, de Charlie Chaplin (1936).


Percebeu? Fica evidente no filme que o ritmo de apertar parafusos não é nada espontâneo. Charles Chaplin pode parecer engraçado, mas mostra o retrato do homem moderno, que vive com salário mínimo, com total lucro para o industrial. 

Você pode ver também a alienação do homem quando este não para, a fim de questionar a sociedade em que vive e questionar-se a si próprio. Por quê? Simples: não sobra tempo para isso, pois o trabalho em ritmo acelerado não possibilita que isso ocorra. Isso se chama sociedade industrial.
11 de set. de 2013 | By: Fabrício

Guerra dos Cem Anos (1337-1453)



Conflito acirrado entre o reino da França e da Inglaterra, de 1337 a 1453. Motivada por aspectos políticos (sucessão do trono francês disputado por Filipe de Valois e Eduardo III, rei da Inglaterra) e econômicos (disputa pela importante região produtora de manufaturas, Flandres, atual Bélgica). 

Foi um dos maiores conflitos da Idade Média. "Não foi um confronto ininterrupto, mas uma série de disputas que incluíram várias batalhas", diz a historiadora Yone de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para entender a origem de tanta briga é preciso recuar no tempo. Em 1066, um duque da Normandia (território francês) chamado Guilherme conquistara a Inglaterra, tornando-se seu rei. Tanto Guilherme quanto seus sucessores eram, ao mesmo tempo, donos do trono inglês e também súditos do rei da França, já que tinham herdado terras naquele país. Séculos depois isso criaria muita encrenca.
O pretexto utilizado por Eduardo III, para ocupar o trono real francês, foi alegar ser o herdeiro legítimo do reinado da França, já que sua mãe Isabel era irmã do rei Carlos IV, que havia sido morto no ano de 1328. Por outro lado, os franceses defendiam que a coroa não poderia ser herdada pela linhagem feminina. Então, Felipe VI, primo do rei falecido, ocupa o trono.  

A pretensão pelo reinado não se devia apenas à esses casos. O motivo real da disputa residia no fato de que os reis da Inglaterra, desde Guilherme I, O Conquistador, mantinham sob seus domínios as grandes regiões da França na qualidade de feudos, e isso representava uma verdadeira ameaça à Monarquia francesa. Durante esse período, o restabelecimento da autoridade francesa sobre esses territórios foi o maior dos objetivos, obtidos com sucesso.

O temor de Eduardo III crescia à medida que a influência da Monarquia francesa se estendia sobre os senhores feudais da França, impedindo que um dos feudos como o Ducado de Guyenne, fosse transferido para as mãos da realeza inglesa.

Vinte e quatro de maio de 1337 é considerada um marco dentre os conflitos ocorridos durante a guerra. Nessa data, Felipe VI arrebatou Guyenne dos ingleses e, inclusive, ajudou os escoceses em uma batalha travada entre estes e a Inglaterra, pois Eduardo e seu pai pretendiam ocupar o trono da Escócia.

As Batalhas de Crécy e Calais, 1346 e 1347 respectivamente, foram as mais importantes na Guerra dos Cem anos. Ambas com vitórias inglesas, garantindo a Eduardo III posições importantes no norte do país, inclusive o Canal da Mancha sob seu controle. Contudo, a Inglaterra contou com forte apoio financeiro do Duque da Bretanha, e de grandes mercadores de Flandres, pois voltaram-se contra o monarca francês.

Posteriormente, a guerra foi comandada por Eduardo IV da Inglaterra, o “Príncipe negro” (por conta da cor de sua armadura), e por João II, sucessor do trono real francês que era conhecido como “O bom”. Sucessivas vitórias inglesas caracterizaram este período, em que muitos nobres locais preservavam seus domínios em detrimento da lealdade devida ao rei da França. Isso possibilitou o domínio de cerca de um terço do território francês nas regiões norte e oeste. Na Batalha de Poitiers, em 1356, o rei João II foi capturado e levado como prisioneiro pela Inglaterra. Após 8 anos, ele morre, representando o ápice das conquistas inglesas.

Essa situação deixou a França em um estágio delicado na guerra, sendo obrigada a assinar o Tratado de Brétigny, em 1360. O “acordo” reconhecia o domínio inglês sobre as regiões conquistadas e devolvia os territórios conquistados no início do conflito.

João II, O bom, foi sucedido por seu filho, Carlos V. Apesar de enfrentar sucessivas revoltas camponesas e urbanas conhecidas como “Jacqueries”, o Rei obteve vitórias significativas sobre os ingleses, retomando grande parte do território perdido entre 1360 e 1368. Isso se deve ao não reconhecimento, por parte dele, dos acordos firmados anteriormente. A reorganização militar e o fortalecimento da ideia de centralização política colaboraram para tais vitórias, possibilitando a submissão da maior parte da nobreza e o aumento da arrecadação tributária. Todos esses fatores auxiliaram na construção do Estado com elementos oriundos da burguesia em cargos de confiança.

No decorrer das batalhas, vitórias significativas foram obtidas tanto por franceses quanto por ingleses. Os efeitos da guerra são encontrados em uma série de transformações decisivas para a afirmação do mundo moderno. 

França e Inglaterra sofreram os efeitos da peste negra, responsável por interromper a guerra. A conquista e o avanço inglês só não tiveram maior êxito, pois, como a maior parte da Europa, foram severamente atingidos pela doença. Algumas das consequências da guerra foram o enfraquecimento da nobreza feudal e o fortalecimento do poder real.
A Guerra dos Cem Anos foi a última guerra feudal e também a primeira moderna. Ela foi dirigida por membros da aristocracia feudal no início do conflito e terminou como uma disputa entre Estados que já tinham exércitos nacionais. Por isso, ela foi um grande marco no desenvolvimento europeu (principalmente na França) da ideia de nação, que unificou países antes divididos em territórios controlados por nobres.

JOANA D'ARC


Joana d'Arc: heroína francesa na Guerra dos Cem Anos

Joana D'Arc (1412-1431) foi heroína francesa da Guerra dos Cem Anos, travada entre a França e a Inglaterra. Foi beatificada em 1920 e hoje é a Santa Padroeira da França. Joana acreditou na voz e na ordem que ouvia e lhe encorajava expulsar os ingleses da França e coroar o legítimo rei Carlos VII. Com dezesseis anos viajou para Chinon. Chegando ao castelo foi interrogada por bispos e cardeais e ganhou a confiança de Carlos VII. Recebeu o título de chefe de guerra e liderando a tropa, durante três dias, com violentas investidas expulsou os ingleses na cidade de Orléans. Na Batalha de Compiègne perto de Paris, adversários franceses de Carlos VII conseguiram prender e entregar Joana aos ingleses. Julgada e condenada foi queimada em praça pública no dia 30 de maio, acusada de herege e feiticeira, por um tribunal eclesiástico.

Joana D'Arc (1412-1431) nasceu no vilarejo de Domrémy, França, no dia 6 de janeiro de 1412. Filha de Jacques d'Arc e Isabelle Romée, teve três irmãos e uma irmã. Ajudava o pai no trabalho na terra e na criação de carneiros. Não aprendeu a ler nem escrever. Joana foi criada seguindo os princípios da fé católica e com 12 anos de idade, afirmava que o arcanjo São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida, apareceram numa grande luz e a ordenaram procurar o príncipe Carlos VII e libertar a cidade de Orléans, que estava em poder dos ingleses, e coroar Carlos VII o soberano da França.

Em 1337 o rei Eduardo III (1327-1377) da Inglaterra, desembarca na França com mais de 20 mil homens. É o início da Guerra dos Cem Anos. Não se tratava de uma guerra entre dois povos constituídos em nações diferentes. Muitos ingleses eram normandos, ou seja, franceses que chegaram à Inglaterra com Guilherme o conquistador; por outro lado, muitos franceses eram bretões, ou seja, ingleses que habitavam há muito tempo o norte da França.

Em 1415, os ingleses obtiveram, através de um tratado, metade do território francês, passando ao domínio do rei Henrique V (1414-1422). A outra metade francesa ficaria sob o domínio de Carlos VI. Com a morte de Carlos VI, foi coroado o filho de Henrique V para sucedê-lo, para os franceses o rei seria Carlos VII. As visões de Joana D'Arc lhe ordenava salvar a França e coroar o rei.

Com dezessete anos, Joana resolve pedir uma escolta para acompanhá-la até o príncipe. Viajou dez dias e dez noites e chegou ao Castelo na cidade de Chinon. Interrogada por bispos e cardeais acaba por convencer a todos. Joana ganha confiança de Carlos VII, que depressa lhe entrega o título de chefe de guerra. Logo parte liderando a tropa e durante três dias, com violentas investidas consegue vencer os inimigos, que batem em retirada. Estava libertada a cidade de Orléans.

Outra cidade importante Reims, também voltou ao poder dos franceses. Carlos VII, agora reconhecido legítimo rei da França foi coroado e consagrado em 17 de julho de 1429, na Catedral de Reims. Diante disso reascenderam as esperanças dos franceses de libertar o país.

Na primavera de 1430, Joana retoma a campanha militar e tenta libertar a cidade de Compiègne, dominada pelos borgonheses, aliados dos ingleses. É presa em 23 de maio do mesmo ano e entregue aos ingleses cujo objetivo era que ela fosse julgada pela Santa Inquisição, o mais elevado tribunal da Igreja na França. O tribunal reuniu-se pela primeira vez em fevereiro de 1431, com a presença do Bispo, um partidário do Duque de Borgonha, aliado à Inglaterra. Seu julgamento foi uma verdadeira tortura, acusada de herege e feiticeira, depois de meses de julgamento é queimada viva, no dia 30 de maio de 1431.

Depois de 25 anos a Igreja reabre seu processo e Joana d'Arc é reabilitada de todas as acusações, torna-se a primeira heroína da nação francesa. No dia 16 de maio de 1920, 500 anos depois, o papa Bento XV a proclama santa. Hoje, Joana D'Arc é a Santa Padroeira da França.

Ponto estratégico
Apesar de a guerra ser travada em território francês, havia cidades estratégicas também na Inglaterra. Os navios que faziam a ligação entre a ilha e o continente partiam de Southampton, um dos principais portos ingleses na Idade Média.
Arma poderosa
A besta, arma medieval para lançar setas, foi um dos destaques do arsenal militar usado na guerra. Sob certas condições, o arco se mostrou superior, disparando mais flechas por minuto, com maior alcance e precisão. Mas a besta possuía suas vantagens: exigia menor esforço, era mais fácil de transportar e de ser disparada por um homem a cavalo.
Batalha shakespeariana
Pano de fundo das cenas mais emocionantes da peça Henrique V, de Shakespeare, a batalha de Agincourt, em 1415, foi a última grande vitória inglesa na guerra. Cerca de 9 mil soldados do rei inglês Henrique V conseguiram derrotar 25 mil cavaleiros franceses.

Nova geração
O rei Henrique VI (1421-1471), que estava no trono inglês quando a guerra terminou, nem havia nascido quando a disputa com os franceses teve início. Ele só veio ao mundo mais de 80 anos depois!
Quinteto real
O arranca-rabo durou tanto que no período a Inglaterra teve cinco reis (Eduardo III, Ricardo II, Henrique IV, Henrique V e Henrique VI) e a França também (Felipe VI, João II, Carlos V, Carlos VI e Carlos VII)
Da flecha ao canhão
No início do conflito, os arqueiros foram fundamentais para o predomínio inglês. Já nas décadas finais foram os canhões - usados pela primeira vez na Europa nessa guerra - que ajudaram a França a virar o jogo

SAIBA MAIS:

Para maiores informações acesse: 
http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/o_processo_de_joana_darc.html

Assista ao documentário sobre Joana d'Arc:




Música sobre a Guerra dos Cem Anos:

Banda: Pré-Histórica
Música: Guerra dos Cem Anos
9 de set. de 2013 | By: Fabrício

Qual é a causa do conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte?

A questão irlandesa acabou abrindo espaço para a formação de grupos terroristas, como o IRA.

É uma combinação de fatores étnicos, políticos, econômicos, religiosos e sociais que surgiram ainda na Idade Média. A história começa no século XII, quando o monarca inglês Henrique II tentou anexar a ilha da Irlanda ao seu reinado. Os irlandeses resistiram até o século XVII, mas, a partir daí, milhares de britânicos passaram a se transferir para lá. "O processo foi organizado para atrair colonos da Inglaterra, da Escócia e do País de Gales através de generosas ofertas de terras, com o objetivo de transplantar toda uma sociedade para a Irlanda", diz o antropólogo John Darby, da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos. Os recém-chegados eram, em sua maioria, protestantes - enquanto os irlandeses seguiam a religião católica. Assim, o mesmo território passou a ser ocupado por dois grupos hostis, um acreditando que suas terras haviam sido usurpadas e o outro temendo rebeliões. Entre as várias províncias da ilha, a de nome Ulster, ao norte, concentrou a maior parte dos imigrantes britânicos.
A partir do século XIX, essa região se industrializou e se urbanizou mais rápido, aumentando as diferenças econômicas em relação ao sul do país, ainda dependente da agricultura. Como as tensões continuavam, em 1920 o parlamento inglês criou duas regiões com autogoverno limitado na ilha: a de Ulster, ou Irlanda do Norte, com predomínio de protestantes, e a dos condados restantes, a Irlanda, com maioria católica. Dois anos depois, a soberania da Irlanda aumentou, abrindo caminho para que a parte sul da ilha se tornasse um país totalmente independente da Inglaterra. Mas os católicos que viviam na Irlanda do Norte - hoje 40% da população - continuaram insatisfeitos. E foi lá que se acirraram os conflitos entre grupos armados dos dois lados, como o Exército Republicano Irlandês (o IRA, católico e pró-independência) e os movimentos unionistas (protestantes e pró-Inglaterra).
O mais famoso episódio desse histórico conflito ocorreu em 30 de janeiro de 1972, quando soldados britânicos mataram 14 católicos que faziam parte de uma manifestação na cidade de Derry, na Irlanda do Norte, incidente conhecido como Domingo Sangrento (o Sunday Bloody Sunday cantado pelo U2). Essa violência caiu a partir dos anos 90 - mas, até 2000, a lista de vítimas do conflito apresentava um total de mais de 3 600 mortos.

A seguir, uma sucessão de atentados terroristas praticados pelo IRA indicavam a radicalização do conflito. Protestantes da Força Voluntária do Ulster, grupo paramilitar unionista, responderam com a mesma violência ao radicalismo católico.

Só em 1991, por iniciativa de ingleses e estadunidenses, iniciou-se uma rodada de negociações com a participação dos partidos do Ulster e do governo de Londres. Como o Sinn Fein - braço político do IRA - foi excluído das conversações, o diálogo fracassou.


Finalmente, em 1998, Tony Blair (premiê inglês), Gerry Adams (Sinn Fein) e David Trimble (unionista), com a participação do ex-presidente estadunidense Bill Clinton, assinaram o Acordo do Ulster, que concedia mais autonomia ao país.

Mesmo com as tentativas de aproximação e o próprio enfraquecimento dos movimentos radicais, a questão irlandesa ainda sobrevive na ação isolada de pequenos grupos que se utilizam do discurso de violência e autonomia que se desenvolveu ao longo do tempo. Apesar de uma ou outra manifestação, várias indicativas hoje, contribuem para que a questão irlandesa atinja o seu fim.

PARA SABER MAIS:
Assista ao filme Domingo Sangrento, de 2002. 
Diretor: Paul Greengrass.



Sinopse: O dia é 30 de janeiro de 1972. Na cidade de Derry, na Irlanda do Norte, os cidadãos saem em passeata pelos direitos humanos. Sem motivo aparente, soldados britânicos atiram e matam 13 pessoas desarmadas e, a princípio, sem qualquer conexão com o IRA, o grupo que luta pela libertação da Irlanda do Norte. Esse episódio é conhecido como Domingo Sangrento e marca o começo do conflito que transformou-se em guerra civil, com muitos atos de violência e terrorismo. O filme acompanha, em estilo seco e realista, a vida de quatro homens envolvidos em ambos os lados do conflito.

Para assistir acesse o link: http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-domingo-sangrento-dublado-online.html

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Ouça a música Sunday Bloody Sundayda banda U2.


1 de set. de 2013 | By: Fabrício

Obsolescência Programada

"O mundo é grande o suficiente para atender às necessidades de todos, mas sempre demasiado pequeno, para a ganância de alguns."
Mahatma Gandhi


Você talvez nunca tenha ouvido este termo, mas a Obsolescência Programada provavelmente já faz parte do seu cotidiano, sem que ao menos você se dê conta disso.

A Obsolescência Programada é aquilo que faz algumas pessoas trocarem de iPhone todo ano; que te dá aquela sensação de ter acabado de comprar um computador que já ficou “obsoleto” apenas alguns meses depois da compra – isso quando já não está obsoleto no momento da compra. Obsolescência Programada significa que os produtos possuem uma vida útil curta, bem definida, relacionada a diversos aspectos, para que a sua venda seja mais frequente e facilmente renovável. Apesar de dominar atualmente o mercado de tecnologia, a Obsolescência Programada surgiu muito antes, em outro mercado, onde até hoje é um dos maiores fatores que definem o ritmo de vendas e de produção, o automobilístico.


Quem nunca reparou que os produtos de antigamente duravam mais. Muitos pensam que por causa da competitividade do capitalismo hoje se usam peças com menor qualidade para fabricar um produto tal como uma geladeira, uma máquina de lavar roupa ou uma televisão, pois se antigamente duravam facilmente uns 20 ou 30 anos, hoje geralmente duram menos de 10. Outros pensam que desde o momento que começaram a ser fabricados na China é que os produtos são de menor qualidade etc. Pode até ser que um desses fatores influenciam na qualidade de um produto, mas a maior causa é a Obsolescência Programada.

Hoje com toda tecnologia que dispomos somos capazes de criar produtos com duração ilimitada talvez até certo ponto quase infinita, mas a Obsolescência Programada freia a invenção e o avanço tecnológico, pois sem ela o consumo seria muito menor e no sistema que vivemos seria inviável às empresas.

De que adiantaria fabricar uma geladeira que dure para sempre? Ninguém mais compraria geladeira. O problema é que com a Obsolescência Programada muitos não se preocupam em evoluir seus produtos, ao invés de dar o desejo às pessoas de renovar pela novidade somos obrigados a renovar por causa de uma falha mecânica ou eletrônica programada.

Diz-se que no começo do século XX, na década de 1920, Alfred Sloan definiu essa prática como uma forma de atrair mais consumidores para os carros da General Motors, empresa da qual ele era presidente. Mudando sempre os modelos dos carros e seus acessórios em “atualizações estéticas”, que para a engenharia são muito mais simples e baratas de se implementar frequentemente, ele criava um desejo cíclico pelo último modelo lançado, tornando os modelos anteriores fora de moda, atrasados e, em certo ponto de vista, “obsoletos”. Por outro lado, o status de ser dono do último lançamento é uma forma daqueles mais ricos se destacarem dos demais, o que sempre aconteceu com todo bem de consumo focado nos consumidores de luxo.

Nas décadas seguintes, entra em cena a Descartalização, que consiste em optar por uma produção industrial que utiliza peças, materiais e componentes mais baratos e até descartáveis, em alguns casos, para forçar (independente dos fatores desejo e status) a renovação frequente de bens que teriam agora uma vida útil bem mais curta em relação ao que era produzido antes. Resumindo, produtos que duram menos, para vender mais. Com certeza você já ouviu alguém mais velho dizendo que “isso antigamente era feito para durar, hoje é tudo descartável!”, o que de fato reflete uma realidade do mercado.

Uma coisa é certa, se um produto quebrar logo após sua garantia não reclame com os chineses que o fabricaram (eles só estão seguindo as regras imposta pela marca a não ser que ele quebre antes do final da garantia ai sim foi um produto mal fabricado). Não reclame também pela falta de sorte. Isso nada tem a ver com sorte, pois a culpa é da Obsolescência Programada. O produto sai da empresa com uma data prevista para quebrar ou com futuras novidades já previstas e criadas para torná-lo obsoleto e contra isso nada podemos fazer. Ao menos deveria existir uma regulação e um controle contra o abuso desse tipo de estratégia industrial.


Assista a seguir um documentário que traz maiores informações sobre Obsolescência Programada:

Título: A História Secreta da Obsolescência Programada
Diretor: Cosima Donnoritzer
Idioma: Espanhol
Legendado: PT/BR
Duração: 52 minutos
Ano: 2011