24 de jun. de 2013 | By: Fabrício

Encontro Nacional de Pesquisadores do Ensino de História (ENPEH)


O Encontro Nacional de Pesquisadores do Ensino de História – ENPEH configura-se como uma reunião científica que objetiva tanto estabelecer e solidificar a pesquisa em Ensino da História nas pós-graduações em Educação e em História no Brasil, como fortalecer e ampliar nacional e internacionalmente o espaço de interlocução entre os pesquisadores dessa área.

O X ENPEH elegeu como temática do evento o âmbito de Políticas e Práticas do Ensino de História”. O objetivo principal desta edição é manter e fomentar a pesquisa na articulação com as políticas e práticas do Ensino de História no Brasil. Destina-se a pesquisadores, professores, alunos de pós-graduação e estudantes que possuem o tema como seu objeto de pesquisa.

Local: Universidade Federal de Sergipe - São Cristóvão/SE

Acesse o site: http://www.xenpeh.com.br/
23 de jun. de 2013 | By: Fabrício

A história por trás da máscara

Nos últimos tempos, é bem provável que em algum momento você tenha ouvido falar do Anonymous, um grupo ativista que busca estabelecer uma liberdade online e também no mundo real, através de ações que buscam incentivar as pessoas a lutarem por interesses coletivos. O grupo tem como uma de suas marcas uma máscara que transparece certo ar de mistério, e que foi vista por muitos no filme “V de Vingança” (Produzido e roteirizado  por Andy Wachowski e Lana Wachowski, os irmãos que criaram MATRIX). É evidente que o Anonymous se inspira em muitas ideias apresentadas no longa-metragem, mas o que pouca gente sabe, é que a máscara não foi criada nesse filme e que há um grande contexto histórico por trás da imagem daquele rosto.

O filme dos irmãos Wachowski é uma adaptação do romance homônimo “V FOR VENDETTA”, a graphic novel (romance gráfico) escrita por Alan Moore e desenhada por David Lloyd, e que foi publicada entre 1982 e 1988 no Reino Unido. A história do romance se passa em um futuro utópico (1997 – agora passado futurista alternativo), no qual um partido com fortes tendências totalitárias consegue chegar ao poder após uma guerra nuclear, e inicia um regime fascista sobre todo o Reino Unido; a mídia é controlada, campos de concentração para minorias sexuais e etnicas são criados, e agentes especiais são recrutados para fiscalizar o cumprimento de um toque de recolher. Nesse cenário opressor, surge um homem vestido de preto e usando uma máscara estilizada de Guy Fawkes, que inicia várias ações anarquistas a fim de desestabilizar o governo.



Uma das maiores fontes de inspiração dos autores foi o governo conservador da primeira-ministra Margaret Thatcher (governou de 1979 a 1990), que ficou conhecida como “Dama de Ferro”, por conta de suas rígidas posições em relação aos sindicatos dos trabalhadores, por suas opiniões sobre a União Soviética, e pelas várias privatizações de empresas realizadas nos primeiros anos de seu governo. 


No entanto, fica evidente também a inspiração em outra figura histórica: Guy Fawkes. Esse é o nome. A máscara usada pelo personagem V é uma representação estilizada do rosto de Fawkes, e isso é claramente citado em diversas passagens da Graphic Novel e no filme. Mas quem foi este homem a final?

Guy Fawkes (também conhecido como Guido) foi um soldado inglês católico que participou da “Conspiração da Pólvora (Gunpowder Plot), que tinha como objetivo explodir o parlamento britânico durante uma sessão, em 5 de novembro de 1605. A intenção da conspiração liderada por Robert Catesby era iniciar um levante católico contra a repressão do rei protestante Jaime I, matando-o junto de outros parlamentares protestantes, através da explosão que fora planejada. Guy Fawkes, que era um perito em explosivos, foi colocado para detonar os 36 barris de pólvora colocados sob o prédio do parlamento, mas por conta de uma informação vazada, Fawkes acabou sendo descoberto e preso, antes que o plano fosse posto em prática.

Guy Fawkes (1570-1606)

Guy Fawkes foi preso, torturado e interrogado, e então condenado à forca, acusado de traição e por tentativa de assassinato dos parlamentares e do rei. A conspiração da Pólvora havia fracassado.

A captura de Fawkes é celebrada até os dias de hoje pelo povo inglês, na chamada “Noite das Fogueiras” (Bonfire Night), realizada em todo dia 5 de novembro. Nesse dia o rei ou a rainha participa de uma sessão especial no parlamento, e o subsolo do prédio é tradicionalmente revistado. Nas ruas as pessoas fazem bonecos representando a figura de Fawkes e ao fim da noite o queimam (semelhante à queima dos bonecos de Judas aqui no Brasil), e depois disso a população costuma soltar vários fogos de artifício.

Apesar de o soldado ser tido como um “traidor” aos olhos do povo inglês, Moore e Lloyd não tiveram receio de colocar um personagem inspirado na figura histórica de Fawkes para protagonizar sua obra. Mesmo sendo vista com maus olhos por alguns, aquela figura representa a luta do povo contra o totalitarismo e a opressão de governos e instituições. E justamente por conta da trama que envolve a retomada do poder pela população, que o Anonymous decidiu utilizar a máscara estilizada de Fawkes para representar seus ideais de liberdade, que por ironia, são também tidos (por alguns) como atos terroristas – assim como ocorreu na ficção.


Da próxima vez que você se deparar com essa máscara misteriosa com bigodes e um sorriso sutilmente sarcástico, lembre-se que por trás dela não existe apenas a inspiração vinda de um filme de ficção. Por trás dela há história, há ideias, há conceitos, e, sobretudo, pensamentos sobre liberdade e justiça.


PARA SABER MAIS: 
Acesse o vídeo:

18 de jun. de 2013 | By: Fabrício

1968 - A ''PASSEATA DOS CEM MIL'' marca o auge da resistência contra a ditadura militar no Brasil


A ''Passeata dos Cem Mil'', realizada em 26/06/1968, é considerada a manifestação popular mais importante da resistência contra a ditadura militar. Ela marca o ponto alto do movimento estudantil e o início de sua derrocada. 

"As manifestações contra os militares ganharam outra dimensão a partir morte do estudante Edson Luís Lima Souto", afirma Paulo de Tarso, um dos estudantes envolvidos no sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick no ano seguinte. Edson foi baleado pela polícia no dia 28 de março de 1968, aos 18 anos, enquanto jantava no restaurante Calabouço, que atendia estudantes de baixa renda vindos de outros estados. "A partir de então, os estudantes se mobilizaram de vez", afirma Tarso. 


Em junho de 1968, o movimento estudantil começou a organizar um número cada vez maior de manifestações públicas. No dia 18, uma passeata, que terminou no Palácio da Cultura, também no Rio, foi reprimida pela polícia. O resultado foi a prisão do líder estudantil Jean Marc van der Weid. 

No dia seguinte, o movimento se reuniu na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para organizar novos protestos e pedir a libertação de Jean e de outros alunos presos. "Levamos coquetel molotov, pedra, bastões", lembra Vladimir Palmeira, um dos principais líderes daquele movimento. Mas o resultado foi a detenção de 300 estudantes ao final da assembleia. 

Três dias depois,  alguns universitários foram recebidos com violência pela polícia em uma passeata que terminou em frente à embaixada estadunidense. A reação dos estudantes gerou um conflito que terminou com 28 mortos, centenas de feridos, mil presos e 15 viaturas da polícia incendiadas. Aquele dia ficou conhecido como "Sexta-Feira Sangrenta". 

Diante da repercussão negativa do episódio, o comando militar acabou permitindo uma manifestação marcada para o dia 26 de junho. Segundo o general Luís França, 10 mil policiais estariam prontos para entrar em ação caso fosse necessário. Estas foram as primeiras notícias sobre aquela que ficaria conhecida como Passeata dos Cem Mil. 

Logo pela manhã, estudantes, artistas, religiosos e intelectuais já tomavam as ruas do centro do Rio. A passeata começou às 14h com cerca de 50 mil pessoas. Uma hora depois esse número já havia dobrado. Foi quando Vladimir tomou o microfone para um discurso em frente à igreja da Candelária. Foram três horas de passeata que terminou sem conflitos em frente à Assembleia Legislativa. "A gente sabia que seria grande, mas não esperava aquelas 100 mil pessoas", afirma Palmeira. "Mesmo que o governo não permitisse, apareceria muita gente porque a população estava muito descontente com a repressão." 

Depois do evento, o então presidente Costa e Silva marcou uma reunião com líderes da sociedade civil – entre eles os universitários Franklin Martins e Marcos Medeiros. No encontro, foi pedida a libertação de estudantes presos, o fim da censura e a abertura do restaurante Calabouço. Nenhuma reivindicação foi aceita. 


O resultado foi a realização de outra passeata, que na ocasião reuniu 50 mil pessoas. Era o início da repressão mais violenta contra o movimento estudantil. No mês seguinte, o governo proibiu oficialmente todo tipo de manifestação em território nacional. No dia 2 de agosto, Vladimir Palmeira foi preso. Logo em seguida, outros 650 estudantes foram para a cadeia. No dia 4, 300 alunos foram detidos em São Paulo. 
Mas os golpes mais duros contra o movimento ainda estavam por vir. O projeto de lei que concedia anistia aos estudantes e operários presos foi rejeitado pelo Congresso no dia 21 de agosto daquele ano. 

No dia 12 de outubro de 1968, mais de 400 estudantes foram detidos durante um congresso clandestino da UNE (União Nacional dos Estudantes) em Ibiúna, interior de São Paulo. Entre os líderes estavam Luis Travassos, o ex-ministro José Dirceu e Vladimir Palmeira, solto dias antes. 

O Ato Institucional nº 5, promulgado no dia 13 de dezembro de 1968, legalizou a repressão, e em fevereiro do ano seguinte foi baixado um decreto-lei que proibiu definitivamente toda e qualquer manifestação política dentro das universidades do país. Os militares tinham finalmente desarticulado o movimento estudantil.



Referência:

  • Revista História da Biblioteca Nacional