Soldados franceses enforcados pelos negros revolucionários,
segundo gravura de Marcus Rainsford, de 1805. Os colonizadores foram
os primeiros a sentir os horrores cometidos na ilha de São Domingos.
Inspirada pela Revolução Francesa de 1789 que tinha como ideal o lema: igualdade, liberdade e fraternidade amplamente divulgado pelos teóricos do iluminismo, resultou em um movimento único, uma vez que os negros conseguiram tomar o poder na colônia francesa na América. Tal lema agitou consideravelmente o ambiente colonial no continente americano, uma que vez milhares de pessoas eram por sua condição étnica escravizada.
A capital da colônia francesa de São Domingos, Porto Príncipe, ficou coberta de fumaça durante 15 dias, entre agosto e setembro de 1791, enquanto as plantações da ilha ardiam em chamas. A insurreição de escravos se generalizou pelo norte e se espalhou por todo território, até então considerado a “pérola das Antilhas”, a mais importante possessão francesa, por causa da grande produção de açúcar. Em dois meses de sublevação, o saldo foi de mil brancos mortos, 15 mil escravos desaparecidos, duzentos engenhos de açúcar destruídos (num total de 793), 1,2 mil plantações de café aniquiladas (num total de 3 mil), canais de irrigação inutilizados e gado dizimado. Proprietários fugiram para Cuba e Estados Unidos.
A capital da colônia francesa de São Domingos, Porto Príncipe, ficou coberta de fumaça durante 15 dias, entre agosto e setembro de 1791, enquanto as plantações da ilha ardiam em chamas. A insurreição de escravos se generalizou pelo norte e se espalhou por todo território, até então considerado a “pérola das Antilhas”, a mais importante possessão francesa, por causa da grande produção de açúcar. Em dois meses de sublevação, o saldo foi de mil brancos mortos, 15 mil escravos desaparecidos, duzentos engenhos de açúcar destruídos (num total de 793), 1,2 mil plantações de café aniquiladas (num total de 3 mil), canais de irrigação inutilizados e gado dizimado. Proprietários fugiram para Cuba e Estados Unidos.
“O Haiti é um
farol no Caribe para o qual estão voltadas as atenções de oprimidos e
opressores do mundo inteiro”, afirmou o abade Henri Grégoire (1750-1831), um
dos poucos revolucionários franceses que apoiou abertamente a revolução
haitiana. O símbolo marcante da Revolução do Haiti foi a figura de Toussaint
Louverture (1743-1803), principal comandante das tropas de homens negros que
derrotaram, sucessivamente, franceses, ingleses e espanhóis. Conhecido como “Bonaparte
Negro”, Toussaint fora escravo, obteve alforria e chegou a ter 15 cativos
trabalhando para ele numa plantação. Aderiu aos grupos rebeldes depois do
começo da insurreição e logo galgou os principais postos políticos e militares.
Após derrotar os brancos da ilha, Toussaint dizimou grande parte da população
mestiça, matando, em 1800, 15 mil mulatos em combates. Acabou capturado por
ordem de Napoleão e morreu, em condições desumanas, num cárcere no interior da França.
Toussaint Louverture, líder dos negros insurgentes de São Domingos,
retratado em 1802, por Manuel Lopes. O "Bonaparte Negro" foi o símbolo
marcante da Revolução do Haiti."
Entre os
sucessores imediatos de Toussaint, além de Dessalines, outro ex-escravo se
destacaria: Henri Cristophe (Henrique Cristóvão), que entre 1811 e 1820 governou
a parte norte da ilha, com o título de rei Henrique I. Foi ele quem derrotou
definitivamente os franceses, construiu palácios luxuosos e monumentos que
ainda hoje são os principais existentes no país. Isolado, suicidou-se em seu
palácio, após uma conspiração envolvendo lutas pela posse da terra e poder
político.
O Haiti foi o
segundo país das Américas a tornar-se independente, depois dos Estados Unidos,
que rompeu em 1776 com a tutela britânica. Treze anos depois da Revolução do
Haiti, em janeiro de 1804, um ex-escravo chamado Jean-Jacques Dessalines
proclamou a independência do país e se coroou imperador, com o nome de Jacques
I. Foi ele quem mandou exterminar os últimos 3 mil brancos que restavam na
ilha. Na ocasião, Dessalines afirmou: "Para
escrever a Ata da Independência precisamos da pele de um branco por pergaminho,
seu crânio por escrivaninha, seu sangue como tinta e uma baioneta como pluma."
A independência só seria consolidada em 1825, com o reconhecimento, pela
França, do novo país. O mundo havia assistido a uma das experiências políticas
mais complexas e trágicas da história.
A passagem de
colônia escravista para país independente, no caso haitiano, mesmo com sua
original radicalidade, foi marcada por mudanças, mas também por permanências.
Apesar de ter destruído a escravidão e a dominação colonial europeia, a
revolução não construiu uma sociedade justa. Manteve-se parte considerável da
grande propriedade monocultora e exportadora. O trabalho escravo foi
substituído, em muitos casos, por trabalhos forçados muitas vezes em condições
aviltantes e os antigos proprietários foram sucedidos por novos dirigentes
oriundos da insurreição de escravos. Chefes militares concentraram enfim em
suas mãos a propriedade da terra e o poder político, criando características
ainda presentes na sociedade haitiana mergulhada em profunda miséria. Atualmente o Haiti é o país mais pobre das Américas.
REFERÊNCIA:
JAMES, C. R. Os Jacobinos Negros. Toussaint L'Ouverture e a Revolução de São Domingos. São Paulo: Boitempo Editorial, 2000.
JAMES, C. R. Os Jacobinos Negros. Toussaint L'Ouverture e a Revolução de São Domingos. São Paulo: Boitempo Editorial, 2000.
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